segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012

por Lucas Ribeiro

2012, como há muito se sabe, brindou o mundo do futebol, ao menos sul-americano na questão de importância, com as inéditas vitórias corintianas no Mundial de Clubes e, principalmente, na Libertadores, sonho de consumo antigo do alvinegro do Parque São Jorge e velho pesadelo dos seus torcedores em conversas de bar, quando eram provocados por santistas, palmeirenses e são-paulinos. 2012, dessa maneira, coroou uma administração mais centrada e consciente iniciada há mais ou menos quatro anos na agremiação mais popular do maior Estado do país.

A queda à Série B, em 2007, e os diversos escândalos que culminaram na queda dos outrora ídolos da Fiel Alberto Dualib, então presidente, e Kia Joorabchian, o responsável pela MSI, empresa que assinou um malfadado contrato de parceria com o Corinthians, forçaram um repensamento à política do clube. Andrés Sanches assumiu e, não entrando nas questões que lhe valem consecutivas críticas, aos poucos o reergueu. 

A contratação de Ronaldo, em 2009, foi a cereja do bolo. Os títulos estadual e da Copa do Brasil naquela mesma temporada reafirmaram o alvinegro entre os grandes. Nem a temporada sem títulos em 2010 e a queda diante do Tolima na Pré-Libertadores de 2011 fizeram a diretoria pensar como muitos dos seus pares brasileiros: a manutenção de Tite, que, se não é um gênio tático, é ao menos um excelente gerenciador de atletas, foi fundamental para que o Corinthians chegasse à tão sonhada Libertadores e ao Mundial, neste ano. 

O São Paulo, do qual já dissertei bastante em um dos meus últimos artigos, venceu o título que internacionalmente lhe faltava. Não era o mais desejado, é claro, pois jogar e ganhar a Libertadores é mais do que uma obsessão no Morumbi, mas após quatro anos com elencos desinteressados e treinadores de qualidade duvidosa Ney Franco conseguiu montar uma equipe que resistiu até a mais dura das catimbas dos matreiros argentinos do Tigre. 

O Santos, por sua vez, iniciou a temporada como talvez o brasileiro mais cotado a títulos internacionais. Neymar, Ganso, Arouca, Muricy e a então posse da Libertadores pareciam garantir uma considerável folga do Peixe em relação aos rivais. Entretanto, a derrota nas semifinais diante do Corinthians resumiriam o clube a uma temporada instável, com seu jogador mais caro (Neymar) mais servindo à seleção brasileira. Apesar do Campeonato Paulista, competição que não tem mais o mesmo brilho de anos atrás, e da Recopa, faltou algo para os santistas em 2012, que sofrem para montar um elenco mais digno para 2013. 

O Palmeiras viveu talvez a temporada mais paradoxal de sua história. O importante título da Copa do Brasil tirou o clube de uma fila que já perdurava havia 12 anos em relação a conquistas nacionais, e animou até os mais pessimistas dos palmeirenses, que, se não se encantavam em campo com uma equipe tecnicamente encantadora, viam um time recheado de ídolos, casos de Marcos Assunção, Valdívia e Barcos, jogando com dedicação. 

Contudo, como também já tive a oportunidade de escrever, o alviverde relaxou demasiadamente após a vitória e, quando a ficha foi cair, o rebaixamento era uma realidade já quase concretizada. Até houve reação em algumas rodadas, quando demonstrou que, com vontade, poderia se superar, mas ao enfrentar rivais como o Fluminense, o atual campeão brasileiro, a embarcação verde-e-branca naufragou de vez. 

O cenário dos paulistas foi, portanto, extremamente positivo, erguido principalmente por Corinthians e São Paulo, que obtiveram destacáveis vitórias internacionais. O único destaque negativo foi, de fato, o Palmeiras, com a sua torcida esperando que uma nova queda à Série B possa fazer o clube reagir de vez e, a exemplo de 2012 dos arquirrivais corintianos, ter um ano só seu de vitórias. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Vão-se os bens, chegam os vinténs.

por Luiz Carlos Silva


Embora os clubes brasileiros estejam de férias, as movimentações no mercado do futebol não param. O momento é de especulações. O Manchester City busca com ímpeto a contratação do volante Paulinho do Corinthians, jogador desde muito cobiçado no velho continente. Por enquanto as negociações se aproximam  dos 37 milhões de reais. Um ótimo valor para o clube que já possui a maior receita para o ano de 2013 no Brasil.  Ainda falando de Corinthians, após a conquista da Copa do Mundo de Clubes da FIFA, o clube virou um vitrine internacional muito atraente. O goleiro Cássio, melhor jogador da competição, tem ouvido comentários de que sua vítima, o Chelsea, estaria interessado no seu futebol e que gostaria de ter sua meta defendida pelo veranense. O atacante Paolo Guerreiro também vem sentido os efeitos positivos da conquista do mundial. Ele também anda sendo sondado por times europeus, que agora terão de por a mão um pouco mais fundo nos bolsos para ter um dos campeões em seus planteis. A vinda de Pato para o time do Parque São Jorge parece estar próxima, embora os dirigentes do clube considerarem que a negociação ainda está só na "paquera". Se tiver casamento, o "dote" a ser pago é de 40 milhões de reais e o Corinthians está disposto a começar o noivado.

Lá na Vila Belmiro, o Santos que estava quietinho, agora parece estar muito próximo de acertar com o Cruzeiro a contratação de Montillo. O técnico Muricy Ramalho agradece, pois com Montillo ele pode articular melhor o seu time, tirando um pouco o peso da responsabilidade de cima de Neymar. No Parque Antártica a renovação do mais que necessário Marcos Assunção demora mais do que deveria. Um jogador de sua importância deveria ser o primeiro a ter sua situação resolvida. Ao invés disso, a diretoria palestrina prefere a sondagem ao argentino Riquelme, que embora seja um nome tecnicamente interessante, talvez não seja a melhor opção para um elenco em reestruturação e com a necessidade de um grupo unido e coeso.

Saindo na frente, o São Paulo deixa as especulações um pouco de lado e fecha a contratação do zagueiro Lúcio, que estava na Juventus da Itália. A contratação vem muito à calhar para o time de Ney Franco, que sofreu durante quase todo o ano com a irregularidade de sua defesa. Os vinténs arrecadados com a venda de Lucas ao PSG da França já estão rendendo.

Um dos times brasileiros de grande porte, o Vasco, vem sofrendo um péssimo processo de "descontratação" de jogadores. A debandada foi grande: Juninho Pernambucano foi para os Estados Unidos, para inclusive ganhar menos do que aqui no Brasil - deve ter pensado que era melhor ganhar menos do que não ganhar. O goleiro Fernando Prass foi para o verdão e há serio risco de Dedé também deixar o time da colina, além da situação de Felipe que parece ser insustentável.

As contratações realizadas pelos times brasileiros são um reflexo da qualidade de suas administrações, disso ninguém duvida. Boas gestões geralmente realizam ou contratações de baixo custo com alto retorno dentro de campo ou contratações de alto custo com bom retorno dentro de campo e uma guinada no marketing. Situações como a do Vasco são preocupantes para o futebol brasileiro como um todo, por que planteis de baixo nível desvalorizam nossos principais campeonatos.              

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Ê, Brahma!

por Lucas Ribeiro

A Brahma, uma das principais patrocinadoras dos eventos FIFA que ocorrerão no Brasil a partir do vindouro 2013, aliada à imagem positiva e popular de Ronaldo, produziu uma série de reclames que reforçam o caráter "festivo" do povo brasileiro e afirmam que o tupiniquim é, em sua essência, otimista. Quem não se enquadra neste padrão, segundo tal, é um pessimista. Aquele que contesta e se queixa de toda a desorganização que será proporcionada pela maior circulação de pessoas, questão que, através de infraestrutura, deveria ser saneada pelo Estado, é, portanto, considerado um "pessimista". 

De que adianta tentarmos, no papo de bar, desvincular nossa imagem de país desestruturado e do "jeitinho" se nem na publicidade, em campanhas que muito provavelmente são transmitidas mundialmente, há uma tentativa concreta de, ao menos discurso, separar o brasileiro de tal carga pejorativa? E o fato de a cervejaria ser uma empresa brasileira faz com que o fato tome uma relevância ainda maior, já que a questão deixa de ser aquela, por exemplo, do Zé Carioca, onde é o estrangeiro que forma sua imagem do Brasil, e passa a ser a do próprio nativo se fiando sob tais qualidades. 

Há anos, desde os longínquos tempos da Segunda Guerra, através do já citado personagem de Walt Disney e de Carmem Miranda, somos a terra da "Visão do Paraíso", apenas para parafrasear o título de uma obra do sociólogo Sérgio Buarque de Holanda. O calor, as praias e, o pior, turismo sexual representam quase que um tripé à vinda de estrangeiros para cá. Para muitos outros, mais ignorantes a respeito do que se passa em solo verde-amarelo, há índios, macacos e toda uma vida pré-urbana em locais onde existem cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que estão na lista de maiores do mundo. 

E, gradativamente, por mais que a corrupção e a "malandragem" permaneçam ainda vivas na política, tornou-se imperativo o combate a este exotismo. Somos, sim, afinal, um país estabelecido, que, além de características comuns ao mundo desenvolvido, possui leis, logo regras, e não um bando de selvagens que os endinherados, a bel prazer, podem usar quando lhes convêm. 

Ou seja, senhora Brahma, seja mais responsável em suas campanhas publicitárias. E, Ronaldo, alguém que adquiriu o respeito, primeiro, dos brasileiros e, depois, mais especificamente, dos corintianos, a primeira ou segunda maior torcida do país, favor também se associar a ideias mais inteligentes. Obrigado. 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O caminho, infelizmente, não é só financeiro

por Lucas Ribeiro

O Corinthians é campeão mundial. Sim. Ao contrário da eterna brincadeira que impunham os rivais aos torcedores alvinegros, de que o clube não tinha tradição internacional e, diferentemente de Santos e São Paulo, nunca levantara o troféu talvez mais cobiçado pelas agremiações ao menos brasileiras, o mais (ou segundo mais, segundo algumas pesquisas) popular clube do país chegou lá, sem querer entrar novamente no mérito da conquista de 2000. 

Contudo, o que mais há de comum entre três dos quatro principais times paulistas que já tiveram a possibilidade de chegar a tal triunfo? A pouca visibilidade que nosso futebol, o praticado aqui, continua gozando no exterior. Não pense que o cenário será diferente porque os corintianos neste 2012 fizeram sua festa. Talvez o único que conseguiu fazer principalmente os europeus prestarem atenção no ludopédio jogado em solo tupiniquim foi o Santos de 1962 e 1963, que, com Pelé e cia., alcançou uma fama praticamente inatingível no mundo futebolístico, contando, ainda, como mérito ser de uma época onde a TV quase inexistia. 

Atualmente, nem com a popularíssima internet conseguimos trazer os holofotes para cá. À exceção da seleção canarinha, festejada em todo planeta, nosso esporte bretão é marginalizado mundialmente. Se até a Libertadores, a principal competição continental sul-americana, é deixada de escanteio, quem dirá o Campeonato Brasileiro? 

Não quero desmerecer o título corintiano por ser são-paulino, pelo contrário, título este que em 2005 foi por mim também comemorado à altura. Mas, antes de nos preocuparmos apenas com ele, de nos planejarmos para disputar um jogo contra o campeão europeu e, de acordo com a FIFA ou as circunstâncias vigentes à época, como os Intercontinentais, nos sagramos, com todo direito, vencedor do mundo, devemos tentar também nos transformar no quesito marketing. 

A presença de Neymar e os contratos milionários recentemente assinados pelo próprio Corinthians, que sonha, inclusive, em tirar Pato do Milan desembolsando a bagatela de R$42 milhões, são saídas muito interessantes. É fato que, muito beneficiadas pela crise europeia, as diretorias brasileiras conseguiram fortalecer o espetáculo aqui jogado. Afinal, conseguimos repatriar nomes como Luís Fabiano, Deco, Ronaldinho Gaúcho, Fred e Wesley, trazer Seedorf e especular Beckham, que, apesar de estarem em fim de carreira, são nomes de bastante impacto internacional. 

Esse é um passo fundamental. É uma ação que leva tempo, mas que, se empreendida de maneira estável e a longo prazo, pode resultar em algo positivo. O principal rochedo de resistência, entretanto, vai além da questão financeira: a arrogância europeia. Tratar as disputas intercontinentais e mundiais, apenas para diferenciar as Copas Toyota e FIFA no sentido da nomenclatura, menos seriamente que a sua Champions League é uma prova cabal.

Ou seja, em teoria não que temos que provar aos europeus nosso valor, mas essa mudança vai além do ponto financeiro. Aos que defendem, como eu, uma profissionalização progressiva na gestão do futebol, com algumas ressalvas, não basta seguirmos esse caminho, já que os europeus dificilmente vão aceitar dividir o trono com outro continente. Resumindo, mesmo que eles não queiram entender, o Mundial é, sim, uma maneira de atestar que nós, sul-americanos, também temos, principalmente se houver consonância com todos os pontos apresentados por mim no texto, nosso valor. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

O mundo é alvinegro

por Lucas Ribeiro

Depois de passar com dificuldades pelos egípcios do Al-Ahly e de assistir a tranquila vitória do Chelsea sobre os mexicanos do Monterrey, o Corinthians, que já vivia à sombra dos ingleses no quesito favoritismo à conquista do Mundial, se tornou ainda menos cotado ao título. A final, para muitos, seria apenas mais uma formalidade para que os Blues levantassem-no, tentando salvar um fracassante início de temporada, que incluiu, principalmente, a eliminação ainda na primeira fase da Champions League.

Contudo, quem compareceu ao Estádio Internacional de Yokohama ou assistiu ao jogo apenas para confirmar um fato já mentalmente consumado, viu outra coisa. Os londrinos só foram de fato superiores mais ou menos nos 15 primeiros minutos do confronto. Depois, a bola passou a ser privilégio corintiano. Não que tenha sido, ao menos na etapa inicial, um domínio massivo, mas os brasileiros conseguiam controlar melhor o ritmo do meio-campo. Hazard e o fraquíssimo Moses, que por opção de Rafa Benítez substituiu Oscar, foram superados pelo futebol de Ralf e, principalmente, Paulinho.

Nos derradeiros 45 minutos, o Timão ainda cresceria. Entre os 10 e os 30 minutos fundamentalmente. O time montou uma verdadeira blitz na área britânica e viveu de perigosas tentativas de Guerrero e do seu guerreiro camisa 8, pra mim, o nome do Mundial 2012. Assim como no primeiro jogo, o gol seria anotado pelo peruano, num tento com total gosto alvinegro: depois da tentativa de Danilo e de um bate-e-rebate na área, a bola sobrou redonda na cabeça do ex-centroavante do Hamburgo, que finalizou às redes.

Depois disso, com pouco mais de 15 minutos para conseguir ao menos um empate, o Chelsea entrou na correria. Benítez, enfim, apostou em Oscar, que pouco funcional foi à equipe. Torres, mais algumas vezes, quando não foi parado pela sua incapacidade, foi impedido de ir ao gol por Cássio, que, apesar das poucas estocadas adversárias, foi importantíssimo em no mínimo dois lances e, como Paulinho, escreveu seu nome em definitivo na história corintiana.

Tite, aí sim, retrancou seu Corinthians. A expulsão de Cahill, outro que teve uma atuação bem insegura, conspirou mais ainda a favor dos brasileiros. El Niño, por sua vez, quando decidiu marcar, marcou em posição irregular e, com o jogo já próximo dos 49 minutos, somados aí os quatro de acréscimo dados pelo árbitro, os europeus não conseguiram mais criar, impedidos pelo rochedo defensivo sul-americano, rochedo este fundamental ao título da Libertadores.

Ao final do jogo, a festa brasileira foi enorme. O mundo, pela primeira vez, é alvinegro. Depois dos fracassos nacionais em 2010, quando o Inter nem sequer conseguiu passar do campeão africano, Mazembe, nas semifinais, e em 2011, quando o Santos sofreu uma goleada de 4 a 0 do Barça, o Corinthians dá ao Brasil a primeira conquista desde 2006, quando o mesmo Colorado que caiu antes da decisão venceu o campeão do ano passado.

Tite, apesar de considerá-lo um técnico mediano, se coloca, por seu turno, como um vencedor. Depois do Tolima e de todo o trauma causado por aquela eliminação, deu a volta por cima e conseguiu montar um time que, naquele mesmo 2011, levantaria um Brasileirão, a tão cobiçada Libertadores e, agora, o Mundial, estes dois últimos neste 2012, se tornando desde Telê Santana, com o São Paulo de 1991-92, o primeiro a realizar tal façanha.

Por fim, parabéns ao Corinthians, responsável por, em 2012, superar seus traumas em relação a conquistas internacionais, se inserindo, definitivamente, no rol dos times mundialmente vencedores. 


DESTAQUES

BOLA CHEIA

Cássio (Corinthians) - merece chances mais concretas na seleção. É mais goleiro, por exemplo, que o botafoguense Jefferson. Foi um monstro, assim como na Libertadores.

Paulinho (Corinthians) - cada vez mais dono do Corinthians. Foi o nome do Mundial.


BOLA MURCHA

Torres (Chelsea) - parou em Cássio e, pior, em si próprio.

Moses (Chelsea) - Como um jogador tão fraco pode ter colocado Oscar no banco? Só para Rafa Benítez...


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A volta do São Paulo às conquistas

por Lucas Ribeiro

Ontem, o São Paulo, depois de quatro anos, voltou a levantar uma taça. E, ainda por cima, internacional. Sua 41ª conquista em quase 77 anos de história. Ou seja, quase uma a cada dois de existência, fator que o coloca em boa vantagem em relação aos rivais. Mas falemos de toda a trajetória que levou o time a ela, quando os contestados Lucas, Juvenal Juvêncio, Paulo Miranda, entre outros, deram a volta por cima. O tricolor começou a desenhar a possibilidade de erguer mais um troféu quando demitiu o desgastado Émerson Leão e contratou Ney Franco.

Tudo bem, devo admitir que, como admirador do futebol e, principalmente, são-paulino, contestei a escolha de tal nome. Ao contrário do que toda a imprensa esportiva afirmava, de que ele era o nome certo pra tocar o São Paulo, clube tradicionalmente formador de jovens, já que fora extremamente bem-sucedido dirigindo a Seleção Sub-20, quando conquistou um Sul-Americano e uma Copa do Mundo, considerava seu currículo em clubes muito pobre. Teve, teoricamente, sucesso em dois momentos: quando conquistou acesso com o Coritiba à Série A, em 2009, e, de maneira mais destacável, quando chegou às semifinais da Copa do Brasil de 2006, no comando do nanico Ipatinga. No Flamengo, apesar do título daquela competição na qual havia chegado às semi com os mineiros, sendo contratado pelo rubro-negro logo em seguida, e no Botafogo teve passagens de pouca expressão. Além do mais, para mim, vencer campeonatos de base, ainda mais treinando uma geração pronta, que contava com nomes como Neymar, Oscar, Fernando e cia., era mais que obrigação.

Franco, contudo, devolveu à equipe uma cara. Diferentemente do seu antecessor, que apostava em polichinelos nos treinos, o substituto não abria mão de preparação tática. Não à toa, ao contrário das formações lançadas pelo demissionário, que geralmente logo se desordenavam em campo em jogos decisivos, como foi o caso das semifinais tanto do Paulistão, contra o Santos, e da Copa do Brasil, diante do Coritiba, o atual campeão mundial Sub-20 fez o time crescer em momentos decisivos, assim como Lucas, a estrela da companhia, que fez partidas verdadeiramente memoráveis na Copa Sul-Americana, não fugindo, inclusive, da violência dos adversários.

Devo admitir também que, apesar de muitos deslizes, neste final de ano a administração Juvenal Juvêncio teve acertos capitais. Aprendendo que o futebol brasileiro mudou e conseguiu criar mecanismos contra as brechas promovidas pela Lei Pelé, JJ, finalmente, percebeu que gastar era o melhor caminho para se montar times fortes, e não mais esperar o término de contrato de atletas acabar para levá-los ao Morumbi. A chegada de Ganso, que custou quase R$24 milhões, foi a prova. Com isso, vendo que "tirar o escorpião do bolso" para reforçar o elenco é necessário, dá-se também, inconscientemente, mais respaldo ao treinador, que se sente mais seguro caso seja preciso pedir nomes à diretoria.

Para 2013, dessa maneira, o São Paulo abriu frentes fundamentais para voltar à rota das grandes conquistas: um título que confirmou o potencial da equipe, uma diretoria que, aos poucos, parece se adequar à nova realidade do futebol brasileiro e, principalmente, o retorno às disputas de uma Libertadores, eterna paixão dos tricolores. E, por falar em Libertadores, quem saiba ela, num Morumbi lotado, não veja clássicos decisivos do time contra os arquirrivais Palmeiras e Corinthians? Para quem há uns seis meses via um cenário mais nebuloso, está de muito bom tamanho...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Corinthians 1x0 Al-Ahly - Análise

por Lucas Ribeiro

O Corinthians, hoje, ganhou e avançou à final do Mundial de Clubes. Contra o campeão africano? Sim. Vitória previsível? Sim. Fácil? Dessa vez, não. Entrando no seu 4-2-3-1 clássico, com Cássio; Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos; Ralf e Paulinho; Sheik, Douglas e Danilo; Guerreiro, Tite sofreu ao se encolher demais contra os egípcios, que, apesar da pouca técnica, não se mostraram bobos (assim como a seleção daquele país, que costuma engrossar em alguns jogos contra os selecionados de primeiro escalão). 

No começo, o Al-Ahly teve a paciência de esperar os brasileiros. Retraídos, faziam o Corinthians tentar buscar os espaços. O nervosismo, pelo menos até os primeiros 20 minutos de jogo, impediu o alvinegro de encaixar um jogo mais consistente. A partir daí, o favorito à vaga na final melhorou: com Guerrero buscando os espaços, ao sair da área, e as infiltrações de Paulinho, o time conseguiu gradativo crescimento nos dez minutos seguintes, momento em que o gol sairia, depois de um cruzamento executado por Douglas e uma cabeçada, meio atrapalhada, do peruano. 

Depois da concretização da vantagem, contudo, o Corinthians passou a encolher. Surpreendentemente, o final do primeiro tempo não teve um domínio expressivo dos paulistas (apesar dos 66% de posse de bola), que se beneficiavam, entretanto, da falta de qualidade do seu adversário. Mesmo assim, o gol se traduziu numa diferença fundamental para o intervalo e, consequentemente, à volta do intervalo.

No segundo tempo, Tite, lançando mão da sua já tradicional mentalidade que resultou no título sul-americano, forçou o Corinthians ainda mais à defesa. O time se compactaria ainda mais e daria possibilidades para que os egípcios arriscassem. A partir dos 20 minutos, o Al-Ahly, por sua vez, instalaria uma blitz na metade corintiana do gramado. Novamente, a condição técnica faria a diferença: apesar da vontade, as trocas de passes, muitas vezes afobadas, e as poucas penetrações na área brasileira auxiliariam a manutenção do resultado.

Sofrimento, porém, ingrediente que os corintianos adoram, não faltou. E, assim, portanto, com um mísero 1 a 0, o time chega à sua primeira (esse não é o momento para discutir tal questão) final de Mundial de Clubes, ficando à espera do vencedor do confronto entre o favorito Chelsea, da Inglaterra, e Monterrey, do México. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Os eleitos

por Lucas Ribeiro

Nesta segunda-feira a tradicional revista esportiva francesa France Football divulgou os candidatos ao prêmio de maior jogador do mundo no ano. "Candidatos", contudo, faz apenas referência aos 23 melhores votados à Bola de Ouro, sendo o número um, na escolha realizada entre treinadores e jornalistas, já, ao menos nos bastidores, conhecido. Os nomes são: Messi (Barcelona), na luta pelo tricampeonato, Cristiano Ronaldo (Real Madri), Xavi (Barcelona), Iniesta (Barcelona), Neymar (Santos), Agüero (Manchester City), Balotelli (Manchester City), Benzema (Real Madri), Buffon (Juventus), Busquets (Barcelona), Casillas (Real Madri), Drogba (Shanghai-CHI), Falcão García (Atlético de Madri), Ibrahimovic (PSG), Neuer (Bayern), Ozil (Real Madri), Piqué (Barcelona), Pirlo (Juventus), Rooney (Manchester United), Yayá Touré (Manchester City), Van Persie (Manchester United) e Xabi Alonso (Real Madri). 

Vamos, enfim, falar dos possíveis vencedores (Messi, Cristiano Ronaldo, Xavi e Iniesta) e do único brasileiro que, coincidentemente e ao contrário de alguns anos anteriores, também atua em solo tupiniquim, Neymar. Vale, como complemento, o pouco entusiasmo do autor para com este tipo de premiação, já que, por ser um esporte coletivo, ele crê que seria de melhor valia a FIFA criar, portanto, uma votação para que fossem eleitos os onze, de acordo com o ditado, "do goleiro ao ponta-esquerda", melhores do ano. Dessa maneira, apesar da presença de alguns defensores na lista, como Piqué, Casillas e Buffon, estes dois últimos goleiros, há, com a exceção de 2006, quando Cannavaro levou o troféu para casa, sempre a preferência em se escolher, com poucas vezes se enxergando a eficiência, atletas goleadores ou que tenham uma condição plástica, como o drible, mais aguçada. Outro fator é o caráter praticamente europeu da disputa; apesar da entrada de Neymar na lista, são geralmente ignorados destaques de competições praticadas no hemisfério Sul do planeta (em 2003, por exemplo, não que fosse ganhar o troféu, mas o craque Alex, pelo que fez naquela temporada pelo Cruzeiro, mereceria uma lembrança).  

Comecemos então por Messi. O argentino teve enorme destaque na temporada passada, quando anotou 50 gols em 37 partidas da liga espanhola e outros 14 em 11 jogos pela Liga dos Campeões, médias absurdamente altas que lhe renderam a Chuteira de Ouro como maior goleador da temporada europeia. Com a saída de Guardiola e a assunção por seu auxiliar, Tito Vilanova, do cargo, o argentino, ao contrário dos anos anteriores, deixou de receber a bola na altura de onde joga o camisa 10, e partir com dribles fulminantes pra cima da marcação, e passou a jogar quase como um camisa 9, saindo pouco da área, como pudemos acompanhar no clássico de 07 de outubro contra o Real Madri, quando Leo marcou dois gols oportunistas. É, assim, além dos gols e da habilidade, o jogador mais festejado do planeta e amplo favorito ao tetracampeonato, que seria inédito. 

Já Cristiano Ronaldo é o principal antagonista do sul-americano à conquista da Bola. Quase um competidor pessoal de Messi, o português é outro que, assim como seu "rival" faz no Barça, vem deixando seu nome cada vez mais marcado na história do Real Madri. Seus 46 gols no Campeonato Espanhol e 10 na Champions League são a prova do sucesso do jogador na capital espanhola. Apesar da conquista da principal competição da Espanha e da Supercopa nacional, diante do Barça, Ronaldo, mesmo assim, a muitos, está um patamar abaixo do argentino, condição que deve lhe assegurar apenas o segundo lugar da disputa. 

Xavi, contudo, é, o dos favoritos, o que mais me agrada em vê-lo jogar. Que me perdoem os fãs de Messi e Cristiano Ronaldo, mas não há nada mais prazeroso que assistir a um jogador que toma conta do meio-campo como faz esta cria de La Masía. Jogador extremamente tático e de visão de jogo excepcional, que, quando não atua, afeta, inclusive, o desempenho de Messi, o camisa 8 blaugrana é, além de dono da meia-cancha de seu clube, também o principal cérebro da seleção espanhola bicampeã europeia, em 2008 e 2012, e campeã mundial, em 2010. 

Iniesta é outro que, pela disposição tática, tenho muito gosto de acompanhar em campo. Aos mais antigos, é válida a comparação com Falcão na Copa de 1982, um jogador que, tanto na seleção quanto no Barcelona, cai pela esquerda, apoiando o ataque, mas que também sabe recompôr o meio-campo com muita qualidade. Tem muitos méritos, mas, dentro do que exige a FIFA, pouquíssimas condições para a conquista da Bola, quase nada acima dos outros 19 competidores abaixo dele. 

E, como não podia faltar, falemos agora de Neymar, o único brasileiro na lista. O craque teve excelente desempenho com a camisa santista neste ano de 2012 (apesar do tetra da Libertadores ter se convertido num fracasso e do título do pouco festejado Campeonato Paulista, com a Fera em campo o Peixe teve um aproveitamento de 70% dos pontos disputados). O vice nas Olimpíadas, por sua vez, maior decepção da temporada, pode se tornar uma mancha na carreira do jogador, principalmente se a Copa de 2014 não ficar no Brasil. Mas, para este ano, coloco Neymar como mais um no meio de 23; condição zero a este ainda jovem de 20 anos, que, muito em breve, pode conquistar um dos seus sonhos de infância. 

domingo, 28 de outubro de 2012

Chelsea 2x3 Manchester United - Análise

por Lucas Ribeiro

Em Stanford Bridge, Chelsea e Manchester United fizeram uma grande partida e, pra quem torce pra alguma das duas equipes, também um teste para cardíacos. Uma partida que, se começou em alta voltagem, terminou da mesma maneira, questões que iremos abordar ao longo do texto. Antes, porém, falemos da disposição tática de ambas as equipes. Os anfitriões, comandados por Roberto Di Matteo, entraram em seu já padrão 4-2-3-1; já os visitantes, dirigidos por sir. Alex Ferguson, foram a campo em um 4-1-4-1, como podemos ver abaixo. 


O embate, seguindo o que foi dito, logo já saiu do zero a zero. Aos quatro minutos de jogo, David Luiz acabou colocando contra o próprio patrimônio e abriu o marcador em favor dos rivais. Bem mais disposto em campo, aos 12 o United ampliaria sua vantagem com o holandês Robin van Persie, que vem gozando de boa fase neste início de Red Devils. Dessa maneira, Ferguson, compactando sua equipe, defendia com bastante eficiência a meta do goleiro De Gea. Os anfitriões, com poucas opções de penetração contra um esquema tático propício à defesa, contaram também com investidas do técnico zagueiro David Luiz, que auxiliou os jogadores de frente quando necessário. Veja abaixo como se dispunham os vermelhos após o 2 a 0. 


É possível perceber, em ambas as imagens, uma primeira e uma segunda linha de quatro homens, mediada por Carrick, esquema este que, por compactá-las, privilegia o setor defensivo.


Após boas finalizações com Fernando Torres e Cahill, finalizações estas terminadas na mão do goleiro espanhol, o principal destaque da partida, o Chelsea conseguiria, aos 44, fazer seu primeiro tento ainda na etapa inicial. Depois de falta cometida por Wayne Rooney, taticamente muito bem disposto, outro espanhol, só que do lado azul, Mata, executaria bela cobrança, sem chances de defesa a seu compatriota, e, da maneira mais tradicional possível em jogos difíceis (através do tiro livre), daria chances para que sua equipe continuasse respirando na volta do intervalo.

E, mais do que apenas respirar, o Chelsea voltaria bem melhor ao segundo tempo. Dependente do técnico Oscar e do motorzinho Mata, aos oito minutos surgiria o empate: após passe do ex-jogador do Internacional, Ramires finalizaria e anotaria o talvez gol mais brasileiro da rodada no exterior. Assim, a partida começaria a se desenhar de maneira complicada ao time do treinador escocês, ao menos pelos dez minutos seguintes. Aos 18, o juiz colocaria pra fora o lateral Ivanovic. Dois minutos depois, o bom Cleverley, por opção tática, cederia seu lugar ao talismã mexicano Chicharito. 

E aos 30, fazendo jus ao que fez na quarta-feira, pela Champions League, salvando o United de uma vergonhosa derrota diante do Braga, o camisa 14, em gol duvidoso, colocaria os visitantes novamente à frente. Antes, porém, falando em polêmica, o árbitro deixaria o Chelsea com nove jogadores em campo, ao expulsar, numa atitude que o autor julgou exagerada, Fernando Torres, por simulação. Depois de ambos os acontecimentos, a partida ganhou ares dramáticos, com direito, inclusive, à discussão entre ambas as comissões técnicas. 

A alteração de Ferguson, além de ter apostado num centroavante, tornou o antigo 4-1-4-1, esquema propício à defesa, desnecessário a alguém que enfrentava uma equipe com 10 homens. A partir desse raciocínio, o treinador colocaria seu time em um 4-4-2, sob um ataque que conjugava dois excelentes finalizadores, van Persie e Chicharito. Não esperava o treinador, porém, que, com a saída de Torres, o destino ainda lhe beneficiaria. 

Nos últimos minutos de jogo, Di Matteo ainda apostaria em dois atacantes, pouco se preocupando com a sua inferioridade numérica, colocando Sturridge e Bertrand, sendo o primeiro de área e o segundo, de velocidade. Contudo, era visível a superioridade visitante, que, com onze atletas, controlava com mais facilidade as ações de jogo. A nova dupla de ataque dos blues, seguindo o raciocínio, acabou não finalizando nenhuma vez contra a meta do adversário. 

Dessa forma, concluindo, acabaria o jogo em Londres. O Chelsea, após um fulminante início de temporada, sofre sua primeira derrota na Premier League e dá condições para que o Manchester United, de princípio claudicante na Champions League, dê partida a uma melhor temporada.


NOTAS


Chelsea: Cech (5,5); Ivanovic (6), Cahill (5,5), David Luiz (6,5) e Cole (6); Mikel (5,5), Ramires (6,5), Hazard (6), Oscar (6,5) e Mata (6,5); Torres (5). Reservas: Sturridge (s/n), Bertrand (4) e Azpilicueta (4,5). Técnico: Di Matteo (6)

United: De Gea (8,5); Rafael (6,5), Ferdinand (5,5), Evans (6) e Evra (5,5); Carrick (6,5), Valencia (7), Rooney (7), Cleverley (6,5) e Young (6); van Persie (7). Reservas: Chicharito (8) e Giggs (s/n). Técnico: Ferguson (7,5)


DESTAQUES


BOLA CHEIA

De Gea (United): se chegou sob a expectativa de ser o novo Van der Sar, e, pela pouca idade, sentiu o baque, pode ser que, agora, adquirindo experiência, se torne o confiável camisa 1 de Ferguson. Salvou o United em lances capitais.

BOLA MURCHA

Mark Clattenburg (árbitro): foi, para mim, negativamente fundamental em lances capitais. Primeiro, ao expulsar Torres de maneira precipitada e, segundo, ao ignorar a posição irregular de Chicharito no terceiro gol do United. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Palmeiras, a segunda queda (?)

por Lucas Ribeiro

Campeão da Copa do Brasil, o Palmeiras viveu uma lua-de-mel durante o mês de julho. Felipão, o também técnico do então último título relevante do clube, a Copa Libertadores de 1999, foi alçado à condição de Deus. Jogadores fracos porém aguerridos, como Luan, Betinho, João Vítor e Maurício Ramos, se tinham problemas com o torcedor, passaram por uma espécie de perdão. Mas, enquanto isso, gozando de dias de glória, o Brasileirão continuava rolando. 

Enquanto muitos torcedores faziam questão de demonstrar, depois de um bom tempo, seu orgulho verde, o time, sem uma preocupação efetiva dos aficcionados, caía, literalmente, pelas tabelas. As derrotas iam se acumulando e, mesmo assim, a vaga confirmada na Libertadores através da segunda mais importante competição do país serviu para desviar o foco dos palmeirenses. Quando acordaram, porém, se viram a alguns pontos de distância da primeira equipe que então se salvava da degola. 

O relaxamento, assim, foi um fator agregado à mentalidade do clube neste ano. Duvido que sem o título da Copa o Palmeiras lutaria contra o rebaixamento. A empolgação seria menor e, apesar de provavelmente ter que presenciar pesadas manifestações da torcida se a derrota se concretizasse na final, os jogadores dariam a vida no Campeonato Brasileiro desde o primeiro minuto em que o Verdão se visse eliminado da competição. Não seria pleiteador ao título, mas, dentro de suas limitações, arrancaria uma posição mediana na classificação.

Devemos, contudo, pontuar a conhecida falta de organização alviverde, que depois da Era Parmalat nunca conseguiu dar regularidade à equipe, já vivente, desde 2000, ano em que o contrato com a multinacional se encerrou, dos dois extremos da tabela, responsável por levar o clube a demitir o mesmo intocável Felipão de dois meses anteriores e a contratar, em anos anteriores, "craques" como Adriano Chuva, Ricardinho, Osmar, Fabinho Capixaba, entre outros. 

O começo de 2012, diga-se de passagem, ainda foi de exceção à regra. Depois de doze anos, foi realizada a contratação mais certeira com recursos próprios: o atacante Barcos, que rapidamente se adequou ao clube e hoje é ídolo incontestável, conseguindo, inclusive, colecionar convocações à seleção argentina de Messi e cia. 

O não-comparecimento do presidente Arnaldo Tirone na reunião do Paulistão de 2013 só demonstra o despreparo administrativo dos homens que comandam o clube. O desconhecimento de um evento como este por parte de quem assessora estes senhores só prova que o clima de festa contaminou alguns muito mais que o esperado. 

Pode ser que, neste final de campeonato, o Palmeiras consiga, graças a uma arrancada, escapar da Série B em 2013 (comemoração maldita dos 10 anos de sua primeira passagem, em 2003), mas tal desespero serve como lição ao clube, de nunca mais relaxar depois de títulos, mesmo que eles venham depois de anos, e de muita expectativa. E, se cair, que sejam absorvidas duas lições: além da primeira, que, a exemplo de Corinthians e Grêmio, outros dois grandes que visitam a divisão de acesso brasileira, o alviverde paulista aprenda a escolher diretoria mais competente, condição que passa longe, aliás, muito longe, do Palestra Itália. 

São Paulo 0x0 LDU Loja - Análise

Jogo feio. Esta é a melhor definição para o "espetáculo" ocorrido nesta quarta-feira, no Estádio do Morumbi, entre São Paulo e os equatorianos da LDU Loja. O 0 a 0 classificou os brasileiros, que, apesar da superioridade técnica, não conseguiram demonstrar um futebol mais incisivo frente a um adversário fechado e que, se passasse, teria superado as suas expectativas na competição. 

A equipe de Ney Franco, num 4-2-3-1 e desfalcada de Luís Fabiano, seu artilheiro na temporada, foi a campo com Rogério Ceni; Paulo Miranda, Tolói, Rhodolfo e Cortez; Wellington e Denílson; Lucas, Jádson e Osvaldo; Ademílson. Os equatorianos, por sua vez, treinados por Paúl Veléz, foi escalado em um 4-4-2, com a seguinte disposição: Palacios; Gómez, Vera, Cumbicus, Hurtado; Larrea, Mosquera, Uchuari, Feraud; Alcívar e Fábio Renato.

O jogo começou como prometia. O São Paulo, com Osvaldo e Lucas, tentando abrir espaços e os equatorianos, acreditando no contra-ataque, fechadinhos, aproximando cada vez mais suas duas linhas de quatro homens, uma defensiva e outra de meio-campo, à meta do goleiro Palacios. Dessa maneira, o tricolor criou as melhores chances. com os dois jogadores são-paulinos mais infernais ficando por algumas vezes com boas condições de abrir o placar na quente noite paulistana. Podemos a partir dessas fotos perceber como jogavam os equatorianos:


A linha de quatro defensores sempre permanece, mas ora com dois volantes...


...ora com três, o que dificultou muito a vida do São Paulo.

A partir daí, percebendo que o jogo seria mais difícil do que imaginava, a LDU abriu sua "caixa de ferramentas" e, na base da violência, tentou impedir os anfitriões de jogar. O lance mais polêmico da primeira etapa, e possivelmente do jogo, foi um pênalti ocorrido em Paulo Miranda por Vera, com este, ao se esquecer totalmente da bola, indo de encontro ao corpo do ex-zagueiro e agora lateral são-paulino. As reclamações de Rogério Ceni no intervalo, porém, não bastaram para que o árbitro paraguaio Julio Quintana apresentasse mais qualidade na mediação do confronto.

Na segunda etapa, além de mais erros grosseiros de aribitragem, o São Paulo seguiu ameaçando pelas pontas, com Osvaldo e Lucas se traduzindo sempre em perigo eminente ao adversário. A LDU, apesar da fragilidade, ainda conseguiu se aproveitar da tranquilidade defensiva paulista em duas oportunidades, quando esbarrou num Rogério Ceni atento. 

Desse modo, sem maiores destaques, é que, com um empate sem gols, o São Paulo obteve sua vaga nas quartas-de-final da Copa Sul-Americana e fica no aguardo da decisão entre Emelec e Universidad de Chile para continuar em busca de um título ainda inédito na sala de troféus do Morumbi. 


DESTAQUES


BOLA CHEIA

Osvaldo e Lucas (São Paulo): foram os únicos a tentar jogadas mais ousadas pelo lado tricolor, contra um adversário fragilíssimo.

Torcida do São Paulo: pagou o ingresso, foi ao Morumbi, mas viu um time que rendeu abaixo do que se esperava. Portanto, apesar de ter visto a classificação, merece aplausos.


BOLA MURCHA

Vera (LDU Loja): zagueirão botinudo. Só era capaz de frear a equipe tricolor através de pontapés. Uma expulsão seria muito mais que cabível no jogo de ontem à noite.

Julio Quintana (árbitro): o paraguaio fez uma arbitragem horrorosa. Deixou de apitar, no mínimo, dois pênaltis. 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Borussia Dortmund 2x1 Real Madrid - Análise

por Lucas Ribeiro

Hoje, em Westfallenstadion, Borussia Dortmund e Real Madrid fizeram um jogo digno de dois favoritos ao título da Liga dos Campeões desta temporada. Os alemães, treinados por Jürgen Klopp, entraram em campo num 4-2-3-1, com Weidnenfeller; Piszscek, Subotic, Hummels e Schmelzer; Kehl, Bender, Götze, Grosskreutz e Reus; Lewandrowski. Já os merengues, comandados por Mourinho, também num 4-2-3-1, foram escalados com Casillas; Ramos, Varane, Pepe e Essien; Alonso, Khedira, Di María, Özil e Cristiano Ronaldo; Benzema. 

O jogo já começou em alta temperatura; o time de Dortmund, tentando impedir o nascimento das jogadas ofensivas madrilenhas, forçava a sua saída de bola. O quarteto ofensivo, sob responsabilidade de Götze, Grosskreutz, Reus e Lewandowski, apertava os defensores blancos, que sem sua valiosa válvula de escape pela esquerda, Marcelo, sentiam dificuldades em armar seus homens de ataque. Dessa maneira, com Reus e Lewandowski, o clube que viu 99,8% de lotação de seu estádio na temporada passada teve as primeiras chances de inaugurar o marcador. 

Aos poucos, contudo, o Real equilibraria as ações de jogo, apoiado basicamente na dedicação de Di María, um incansável no meio-campo, e, claro, na habilidade de Cristiano Ronaldo, que, pela esquerda, abria os espaços. A saída de Khedira, contundido, para a entrada do mais técnico Modric deu mais dinâmica à meia-cancha espanhola. Apesar de a partida ter ganhado contrastes menos dominantes por parte de um dos adversários, e de a posse de bola atingir 61% do domínio visitante, o primeiro tento não demoraria a acontecer: aos 36 minutos, após falha de Pepe, ocasionada graças à disposição já citada dos dianteiros do Borussia, Lewandowski carregou a bola e, sem chances para Casillas, bateu contra a meta do goleiro.

Logo em seguida, entretanto, mais precisamente aos 38, se aproveitando da qualidade do passe de Di María, Cristiano, passando nas costas do ofensivo lateral polonês Piszscek, marcaria, depois de encobrir Weidenenfeller, um golaço, com a assinatura da Fera. O primeiro tempo, dessa maneira, terminou da mesma maneira que esteve em seus meados: ninguém demonstrando uma decisiva vantagem. 

Ao segundo tempo, se aproveitando da alta movimentação de suas três jóias do meio-campo, o Borussia voltaria melhor. O fator casa e a virada do Ajax sobre o Manchester City, equipe esta que, se vencesse, entraria na sua cola por uma vaga às oitavas, parece terem dado ânimo aos alemães, que viam em campo um cada vez menos efetivo Cristiano Ronaldo pegar a bola. O último gol da partida sairia aos 18 minutos, depois de cruzamento de Götze pela direita que, após desvio de Casillas, sobrou para o lateral Schmelzer, responsável por bater forte e desempatar o confronto. 

A partir daí, definhado fisicamente e sem a criatividade da Fera, o Real Madrid apresentou poucas chances concretas para virar, ou ao menos empatar, a partida. Nem a entrada de Higuaín, em lugar do fraco Benzema, fez com que a equipe reagisse. Depois de duas perigosas finalizações de Di María, o principal destaque positivo dos merengues no jogo, os madrilenhos arrefeceram e, até os 45, não ameaçaram com efetividade a meta de Weidnenfeller. 

Dessa maneira, o Borussia assume, com 7 pontos, a liderança do grupo, seguido pelo próprio Real, que, com a derrota, contabiliza os mesmos 5 pontos. Ajax, com 3, e City, com 1, completam a chave. Assim, o grupo da morte, por menos previsível que seja, parece já tirar os ingleses da disputa por uma vaga na segunda fase. 


NOTAS 

Borussia: Weidnenfeller (6); Piszscek (6,5), Subotic (6), Hummels (6) e Schmelzer (6,5); Kehl (6), Bender (6), Götze (7,5), Grosskreutz (7,5) e Reus (7,5); Lewandowski (7). Reservas: Gundogan (6,5), Perisic (s/n). Técnico: Jürgen Klopp (8)

Real: Casillas (5); Ramos (5,5), Varane (6), Pepe (4,5) e Essien (6,5); Alonso (6), Khedira (s/n), Di María (7), Özil (6,5) e Cristiano Ronaldo (6,5); Benzema (4). Reservas: Modric (6) e Higuain (s/n). Técnico: José Mourinho (5,5)


DESTAQUES


BOLA CHEIA

Jürgen Klopp (Borussia Dortmund): um dos técnicos mais talentosos do futebol atual. Conseguiu abafar a defesa espanhola por quase todo o confronto, condição crucial para que a vitória se concretizasse.

Grosskreutz, Götze e Reus (Borussia): trio de garotos que, assim como Klopp, demonstram suas surpreendentes potencialidades dia após dia. 

BOLA MURCHA

Cristiano Ronaldo (Real Madrid): não que tenha feito má partida, inclusive foi o autor do gol madrilenho, mas sumiu no segundo tempo, fator que comprometeu um melhor desempenho merengue no decorrer da partida.

Benzema (Real Madrid): mediano, não é, para mim, camisa 9 de um clube que gasta aos tubos em cada nova temporada. 

domingo, 7 de outubro de 2012

Barcelona 2 x 2 Real Madrid - Análise

por Lucas Ribeiro

Neste domingo brasileiro de eleições municipais, o mundo do futebol abrigou mais um esperadíssimo Barcelona x Real Madrid, o clássico mais festejado da atualidade. Ambas as equipes entraram o Camp Nou em um 4-2-3-1, com os anfitriões, desfalcados de sua zaga titular, Puyol e Puqué contundidos, escalados com Valdés; Dani Alves, Mascherano, Adriano e Alba; Busquets e Fabregas; Pedro, Xavi e Iniesta; Messi. Já os visitantes, completos, foram de Casillas; Arbeloa, Pepe, Ramos e Marcelo; Alonso e Khedira; Di María, Ozil e Ronaldo; Benzema.

O jogo, apesar de ser na Catalunha, começou merengue. Até a metade da primeira etapa, comandados por Ronaldo, os castelhanos foram superiores, mesmo que essa superioridade não fosse massacrante. Se aproveitando da então ineficiência da meia-cancha blaugrana, que não conseguia encaixar boa dinâmica na troca de passes, e da sua desfalcada defesa, o Real chegou ao primeiro gol aos 22 minutos de jogo, através do português, que, livre, bateu no cantinho de Valdés. A comemoração, como sempre, foi a do já padrão típico do jogador, exaltadora de toda sua "humildade".

A contusão de Dani Alves, aos 26, substituído pelo garoto Montoya, fator que poderia se converter em um problema ainda maior a Vilanova, foi, contudo, superada; quatro minutos mais tarde, mais precisamente aos 30, o então sumido Messi deu o ar de sua graça: além de sua inteligência nos dribles e da agilidade, o craque argentino ainda demonstra estrela, ao bem se posicionar e, depois de falha defensiva madridista, finalizar contra a meta de Casillas, empatando o confronto.

A partir de então o Barça cresceu. Ainda longe de jogar o que está acostumado, porém, os anfitriões aumentaram seu volume de tempo com a bola nos pés, em detrimento dos rivais. No segundo tempo, enfim, a substuição de Fabregas por Sánchez, o clube proprietário do Camp Nou se aproximou do ideal, ideal este que se converteria, aos 14, num golaço de falta, para variar!, de Messi, responsável por tirar, na cobrança, todas as condições de defesa do goleiro adversário.

Entretanto, o triunfo, que parecia consolidar mais três pontos aos catalães, não asssegurou o resultado. Logo aos 20, depois de passe açucaradíssimo de Ozil, Ronaldo, aqui, com a permissão do leitor, cabe outro para variar!, empatou o confronto. Dessa maneira, os 25 minutos restantes do jogo foram dignos da mais pura emoção; enquanto Mourinho apostava em Kaká, um dedicado Kaká na marcação, diga-se de passagem, e Higuaín, Vilanova matinha sua mesma formação ofensiva.

Ainda houve tempo para que Pedro, aos 46, desse perigo a Casillas, depois de passar pela marcação e bater forte no canto esquerdo. E assim terminou mais um Barça x Real, um jogo que o mundo do futebol vem conseguindo transformar como sinônimo de "bom gosto".




DESTAQUES



BOLA CHEIA

Messi (Barcelona): além de craque, tem estrela.

Cristiano Ronaldo (Real Madrid): mais uma vez tentou vencer o Barça em seus domínios e mais uma vez fracassou. Mesmo assim, fez dois gols importantes, o sétimo e o oitavo, respectivamente, nos últimos três jogos merengues.

BOLA MURCHA

Arbeloa (Real Madrid): se limitou à unica coisa que sabe fazer bem: dar pancadas. Não à toa recebeu merecidíssimo cartão amarelo.

Benzema (Real Madrid): perdeu um gol claríssimo, depois de jogadaça de Di María. Se tivesse convertido, talvez o final da história teria sido outro.



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Uma Rodada pra Líder Esquecer.

por Luiz Carlos Silva


A 25ª rodada do brasileirão era uma rodada cheia de oportunidades. Talvez para os times do Z4 as coisas não se alterassem muito, mas para os 4 primeiros colocados, a movimentação tinha tudo para ser intensa. Mas não foi. No sábado, dia 15, a rodada se iniciou com um jogo que para muitos era uma barbada: o líder Fluminense recebia em casa o lanterna Atlético-GO. O time das laranjeiras poderia se distanciar do Galo, que mesmo com um jogo a mais, não teria mais aquela vantagem. Mas o imponderável do futebol ataca quando menos se espera. O Dragão de Goiás aprontou das suas. Desde o começo do jogo o time goiano foi mais perigoso que o Fluminense, que parecia ele estar próximo da degola. Estava apático, nervoso. Tudo bem que o artilheiro Fred não estava jogando, mas isso não pode ser desculpa para um time que quer ser campeão. O Atlético-GO que não tem nada a ver com isso, foi pra cima e em uma cobrança de falta ensaiada, com um tirambaço de Diego Giaretta, abriu o placar. E o Fluminense nada de reagir. No fim do 1º tempo, o Dragão aumenta a vantagem com uma cabeçada de Reniê lá de trás da marca do pênalti, que encobriu bonito Diego Cavallieri. No segundo tempo o Flu veio mais encorpado, se lançou mais ao ataque, mas lá embaixo da meta goiana estava o goleiro Márcio, que em dias normais já é um bom goleiro, e que nesse jogo estava inspiradíssimo. Fechou o gol do Dragão. Só não conseguiu evitar o rebote do lateral Marcos no pé de Michael, que não errou. Final de jogo Fluminense 1x2 Atlético-GO. Poderia ser a perda da liderança do Fluminense. Mas só poderia.

Atlético-MG e Grêmio com certeza se alvoroçaram com a chance se passar o líder ou ao menos se aproximar dele, respectivamente. Não era aquela barbada que foi o jogo entre Fluminense e Atlético-GO, mas qualquer um apostaria no Galo contra o Timbu. O time de Pernambuco mostrou quem manda em casa e segurou o ímpeto do Galo, composto por R49 Bernard e Cia. No comecinho do segundo tempo, Souza, aquele Souza do Palmeiras, chuta no meio da barreira, que, vejam só, abre e dificulta a vida do goleirão Victor: era o 1x0 do Náutico. E ficou por isso mesmo, Náutico saiu com a vitória e o Galo perdeu a chance de passar o Fluminense.

Depois de ver os tropeços dos rivais, o Grêmio poderia ter aproveitado para entrar de vez na disputa pelo título. Poderia. O jogo contra o Flamengo poderia ou ligar o sinal de alerta do rubro-negro para o Z4 ou levar o Grêmio pra bem perto dos líderes. Nem lá nem cá. Num jogo morno, morno, o time dos sul saiu na frente aos 17 do 1º tempo com um belo gol de Marcelo Moreno, que após passe açucarado de Elano, encobre Felipe. O gol mostra a organização e o bom time que o Grêmio tem. Mas, no fim da contas o que vale mesmo é bola na rede. O Grêmio poderia ter ampliado, mas não o fez. O Jogo era cada vez mais morno e o Flamengo, graças ao jovem Adryan pode empatar a partida com uma cobrança de falta que parecia ter sido feita com a mãos. Chute preciso e 1x1 no placar. Resumindo: os dois times ficaram na mesma.

Lá no Melão em Varginha, sem trocadilhos infames, Cruzeiro e Vasco se enfrentavam em busca de um objetivo comum: o G4. A partida no Estádio Dilzon Melo foi agitadíssima, com várias chances de gol, polêmicas, discussões com a arbitragem, essa que inclusive tem roubado a cena das pelejas nacionais. Mas enfim, o jogo foi aberto e o Vasco com tanta vontade de se manter no G4 fez dois gols: um para o Cruzeiro e um a favor mesmo. Everton é lançado na linha de fundo e cruza pra área, onde Renato Silva tentando cortar faz contra, logo aos 3 minutos de jogo, um belo gol diga-se de passagem. O jogo continuava lá e cá com oportunidades para os dois lados. Até que aos 40 da etapa inicial, após bola mal cortada por Fábio, Nilton aproveita e solta a perna estufando a rede da Raposa: 1x1 em Varginha. O Cruzeiro após sofrer o gol foi mais ao ataque e fez até uma pressão no Vasco que não cedeu. Ninguém mais cedeu até o fim do jogo e o embate terminou em 1x1.

Numa rodada cheia de apostas fáceis, de favoritismos, nada saiu como planejado. Os times do G4 não conseguiram nada mais do que permanecer onde estavam, viram as zebras passeando e provaram mais uma vez por que esse esporte é tão cativante: o imponderável surge de tempos em tempos para apenas mostrar que o futebol não se decide senão dentro das 4 linhas e dos 90 minutos.    
         

Palmeiras 0x2 Corinthians - Análise

por Luiz Carlos Silva


O clássico paulista realizado neste domingo, dia 16, por si só já mereceria todas as atenções. Embora pareça clichê, o embate entre o Timão e o Verdão tem sim uma notoriedade maior e dessa vez o confronto tinha ainda mais atrativos. O Corinthians estava na dele, jogando um clássico contra o seu principal rival e querendo uma vitória para dar mais moral pro Mundial. Já o Palmeiras, não tinha só o clássico pela frente. A fuga da zona de rebaixamento era - e ainda é -  o principal objetivo do time da academia e dar uma passo importante justo em cima do rival poderia dar folego pro resto do campeonato. Mas as coisas não andam fáceis pro Palmeiras. Vamos a escalação dos times:  



Os dois times estavam postados em um 4-4-2, o Palmeiras com Barcos e a volta de Marcos Assunção e o Corinthians mesmo sem Emerson tinha Romarinho, e este último parece ter ima estranha ligação com o rival.  O inicio do jogo foi truncado, nervoso, muita coisa estava em jogo. O Corinthians começou o jogo realizando uma "blitz", característica marcante dos inícios de partida do Timão. Aos 21 minutos a pressão virou gol, com aquele que tem sido chamado de "carrasco do palmeiras", gol de Romarinho e Corinthians 1x0. Veja o lance:


O lance nasceu da pressão do Corinthians, mas só foi efetivado por falhas da defesa palestrina. A comemoração de Romarinho como pôde ser observado incendiou os ânimos e fez com que Luan perdesse a cabeça. O atacante disse que, por força do hábito, foi para aquele lado da torcida achando que ali estariam corintianos. Não creio que tenha sido isso de fato, mas o desequilíbrio de Luan exemplifica a situação pela qual o time do Parque Antártica passa. Posteriormente Luan ainda seria expulso, exagero do arbitro que estava perdidinho. No entanto, com um gol atrás e com um jogador a menos, o Palmeiras melhorou. Foi mais ao ataque, levou mais perigo do que o Corinthians, aparentemente apresentava gana. Os números do jogo mostravam isso. O Palmeiras apresentou ao fim da partida 21 finalizações contra 7 do Corinthians, menos passes errados - 27 contra 39 -  e o goleiro Bruno teve menos defesas difíceis para realizar do que Cássio - 1 contra 3. A volta ao segundo tempo não foi tão esperançosa assim para os palmeirenses. O Corinthians retomou o bom ritmo de jogo e obteve o controle da partida. logo aos 8 minutos Paulinho de cabeça fecha a conta do jogo, faz o 2x0 e afunda de vez não o time do Palmeiras em si, mas o astral dos jogadores. E isso sim preocupa. Veja o lance do gol de Paulinho:

  

O Corinthians permanece na 9ª colocação do campeonato e segue em preparação para o Mundial. O Palmeiras continua na penúltima colocação com 20 pontos, os mesmo 20 do último colocado Atlético-GO. A situação do Palmeiras preocupa não só pela grandeza da equipe, pela desvalorização do futebol com um time desse porte na segunda divisão - não nos esqueçamos que o Palmeiras foi o único time brasileiro a ceder jogadores para todas as Copas do Mundo em que o Brasil foi campeão - mas principalmente pela reação e fisionomia dos jogadores. No jogo contra o Vasco, por exemplo, o abatimento após cada gol sofrido era extremamente perceptível. O Palmeiras tem 13 rodadas para sair do Z4 e mostrar a força da Academia de Futebol. 

Imagem do Jogo     

Quando um time com a grandeza do Palmeiras está em crise o papel da torcida é apoiá-lo e ajudá-lo a sair do conturbado momento e mesmo que esse momento se prolongue, a torcida ainda deve estar ao lado do clube. E a torcida do Palmeiras honra as cores do Palestra sempre com um caloroso apoio. No entanto, nesses momentos de intensa crise, surgem grupos de pessoas fantasiados de torcedores que na verdade só estão preocupados em atrapalhar a equipe e afundá-la ainda mais na crise. Desses vândalos, o Palmeiras tem de manter distância e valorizar aquela torcida "que canta e vibra". Veja a seguir as lamentáveis imagens:

    



terça-feira, 4 de setembro de 2012

A preocupação Alviverde.

por Luiz Carlos Silva


Após 10 anos sem um titulo nacional e sofrendo uma imensa pressão da torcida, da imprensa e de dentro do próprio clube, o Palmeiras, desacreditado, conquistou o título da Copa do Brasil de forma invicta, passando inclusive por times com maior qualidade técnica, o que engrandece ainda mais a conquista do Verdão. Em meio a alegria e a euforia, um outro sentimento saltava à expressão do rosto de cada jogador do Palmeiras: o sentimento de alivio. Alivio esse que traria tranquilidade, diminuiria a pressão e facilitaria o caminho do time do Parque Antártica. Alivio que traria esperança e renovaria as forças de um time que depois de muito tempo está novamente na mais importante competição da América. No entanto, existem coisas no Palmeiras que fogem da nossa percepção.

Em plena 21ª rodada do Brasileirão, o Palmeiras se encontra na 18ª posição com 17 pontos, 5 pontos atrás do primeiro time fora da zona da degola. Isso significa que mesmo que o Palmeiras ganhe seu próximo jogo e o Coritiba, 16º colocado, perca sua partida, o Alviverde da capital ainda não sairá do "Z4". A primeira vista, parece que o Palmeiras padece de uma crise permanente, que ora está ativa, ora está inativa, mas que nunca some. A equipe é limitada e isso não é segredo pra ninguém, mas a garra demonstrada na conquista da Copa do Brasil não pode ter sido esquecida. O rebaixamento a essa altura já é motivo de preocupação e agora é o objetivo a ser alcançado. Dos 6 times próximos a zona da degola - Bahia, Coritiba, Sport, Palmeiras, Atlético-GO e Figueirense - o Palmeiras é o time de maior tradição no futebol nacional. E referente ao rebaixamento, isso pesa ainda mais. A medida em que o Verdão não conseguir sair da parte de baixo da tabela, a ansiedade e o medo do rebaixamento vão aumentando e o fantasma da 2ª divisão pode se materializar.

O Palmeiras nesse momento parece não ter apoio de nenhum lado. Vira e mexe aparece uma noticia que revela alguma mazela do clube, sempre de origem interna. Já foi até aberta uma "temporada de caça" ao espião palmeirense. Além disso, a diretoria também de maneira periódica entra em atrito, ora entre os próprios dirigentes, ora com algum jogador, ora com Felipe Scolari. A torcida, que lotou os estádios durante a campanha vitoriosa do Palmeiras em seu recente título, já não está mais tão presente assim. No último jogo contra o Grêmio, apenas 12.000 palmeirenses. Conquistando a vaga na Libertadores após 6 anos, o Verdão pode amargar também a volta a segundona.

Em 2013 o Palmeiras completa 99 anos, estará a 1 ano do centenário e se estiver na série B, podemos considerar que uma verdadeira tragédia estará instalada. Essa tragédia não será apenas palestrina, afetará o futebol brasileiro, afinal, ter uma de suas principais agremiações na 2ª divisão desqualifica indubitavelmente o  Campeonato Brasileiro, principal competição nacional desse pais do esporte bretão.

domingo, 2 de setembro de 2012

Bahia 1x0 São Paulo - Análise

por Lucas Ribeiro

Bahia e São Paulo entraram em campo hoje, no estádio Pituaçu, em Salvador, embalados. Se os paulistas cada vez mais se aproximam do G-4, principalmente depois de quebrarem um tabu de sete anos contra o Corinthians no Pacaembu e de golearem no meio de semana o Botafogo de Seedorf, os baianos ganharam na quarta do badalado Santos, de Paulo Henrique Ganso e Neymar, fora de casa, resultado que coroou a estreia do treinador Jorginho, que conseguiu o título da Série B em 2011 com a Portuguesa e que substituía o demitido Caio Júnior. 

O ex-jogador de Palmeiras e Atlético-MG mandou o tricolor da Boa Terra a campo num 4-2-3-1, sob a seguinte escalação: Lomba; Neto, Titi, Danny Morais e Jussandro; Fahel, Diones, Helder, Zé Roberto e Gabriel; Souza. Já Ney Franco, aposentando o 3-5-2 e sem Luis Fabiano, suspenso pelo terceiro cartão amarelo na partida contra o Fogão, armou o tricolor tricampeão mundial dessa maneira: Rogério Ceni; Douglas, Tolói, Rhodolfo e Cortez; Assunção, Denílson, Maicon e Jádson; Lucas e Cícero. 

Os primeiros 10 minutos de jogo foram do mandante. Bastante ligado e apostando na habilidade de Zé Roberto e do garoto Gabriel, o Bahia ameaçou o São Paulo com perigo. A principal jogada nesse intervalo de tempo foi a cabeçada de Souza, que, depois de falha de Cortez, passou por cima do gol de Rogério. Depois, porém, o São Paulo equilibrou as ações, mas num jogo que, tirando bons lampejos de Lucas, permaneceu morno até os 45. 

Na segunda etapa, os paulistas voltaram mais ligado. O camisa 7 são-paulino, entretanto, bem marcado por Danny Morais não conseguia dar muita efetividade às jogadas de ataque da equipe. Assim, Ney Franco, aos 15, apostou em Osvaldo, que seria responsável por, junto com o futuro atacante do PSG, dar mais dinâmica ofensiva. Logo depois da sua entrada, o ex-atacante do Ceará passou por dois marcadores e o tricolor paulista só não abriu o placar porque, vendo a antecipação do goleiro Lomba, Jádson hesitou em buscar a bola. 

Aos 25, contudo, o Bahia jogaria um balde de água fria nas pretensões do seu adversário. Gabriel, sem ser incomodado pelos zagueiros, ficou cara-a-cara com Rogério e alterou o marcador em favor dos anfitriões. A partir daí, se compactando com as entradas dos experientes Fabinho e Mancini, os baianos observaram um São Paulo, como quase sempre quando se encontra na condição de buscar o resultado, tentando empatar o jogo a qualquer custo. Entretanto, a principal chance paulista aconteceu já nos acréscimos, aos 48, quando, depois de falta cobrada por Ceni, Cícero cabeceou nas mãos de Lomba, com a bandeirinha Janette Arcanjo tendo marcado a posição irregular do camisa 16. 

Com o 1 a 0, os nordestinos vão se afastando do incômodo Z-4; agora com 23 pontos, enxergam o primeiro time da zona de rebaixamento, o Sport Recife, com 19. Já o time do Sudeste, com a derrota, contrariando seus objetivos em Salvador, também vê a diferença dos seus pontos, 34, subirem para quatro, 38, em relação ao primeiro clube por enquanto classificado à Libertadores-13, o Vasco. Com intenções contrárias no campeonato, respectivamente seus próximos adversários são o líder Atlético-MG, em Minas, e Internacional, no Morumbi. 


DESTAQUES


BOLA CHEIA

Danny Morais (Bahia) - minimizou bem os espaços de Lucas, a peça fundamental são-paulina no jogo. 

Gabriel (Bahia) - junto com Zé Roberto, fez uma bela partida. Mas, ao contrário do companheiro, marcou um gol fundamental para que o time se afastasse da zona de rebaixamento.


BOLA MURCHA

Jádson (São Paulo) - infelizmente, sempre deixa a desejar. Não demonstra a vibração de um jogador que está num time que vislumbra títulos importantes.

não presença de Luís Fabiano - o Fabuloso, querendo ou não, faz falta ao São Paulo. Apesar de quebrar um bom galho, Cícero peca por não ser um centroavante de ofício. 


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A culpa dos merengues

por Lucas Ribeiro

A vitória do Real sobre o Barça na final da Supercopa da Espanha deixa uma pergunta no ar: será que Mourinho, o festajadíssimo técnico dos merengues e dono de duas Champions League e inúmeros títulos no futebol português, inglês e italiano, finalmente superará os arquirrivais no quesito favoritismo? Desde que desembarcou em Madri, mais precisamente em julho de 2010, como campeão europeu de clubes com a Internazionale, para treinar um elenco com Cristiano Ronaldo, Kaká e dos então recém-contratados Di Maria, Ozil, Xabi Alonso e Khedira, todos destaques da Copa do Mundo da África do Sul, havia uma expectativa de que o Special One, dentro de pouquíssimo tempo, superasse a badalação dos blaugranas, quem ele havia sido capaz de eliminar numa eletrizante semifinal de UCL enquanto treinava os milaneses.

Ledo engano. Nesses últimos dois anos, o Barça só continuou expandindo sua soberania no quesito qualidade de bola no mundo futebolístico. Nem a eliminação frente ao Chelsea pela Champions na última temporada colocou a coroa dos barcelonistas sob ameaça, que, por sua vez e ainda por cima, desde a chegada de Mourinho à Espanha, já levantaram os seus vigésimo primeiro troféu nacional, quarto europeu e segundo mundial (numa goleada, quem não se lembra?, por 4 a 0 sobre o Santos). Os blancos, enquanto isso, a despeito de suas estrelas milionárias, que, outrora, eram chamadas de galacticos, viram sua eterna perseguição aos catalães obter resultado apenas na última temporada de La Liga, quando, depois de três anos, voltaram a conquistar o país.

Talvez a principal diferença entre ambos os times, e consequentemente entre os resultados adquiridos, resida nos seus craques majoritários: Messi e o já citado Cristiano Ronaldo. Enquanto o primeiro parece jogar bola por um mero prazer, o segundo, que é indiscutivelmente um jogador de altíssimo nível, tenta a qualquer custo roubar os holofotes daquele que, merecidamente, está mais em foco que ele. Só que, se calado, o brilhante argentino já ajudou a enfeitar a sala de troféus do maior time de Barcelona quase de uma maneira jamais vista antes, o português só vê uma mísera conquista nacional no acervo de taças madrilenho. 

Assim, será que o problema só resida mesmo dentro de campo? Será que Mourinho, dentro de seus vastos conhecimentos técnico e tático, é mesmo uma das anomalias do valiosíssimo elenco ter dado com os burros n'água nos últimos grandes campeonatos? Acho que não; a reflexão, de fato, deve assumir uma posição de observar o seu camisa 7, que, apesar de gozar de todos os prestígios em Madri, se preocupa, numa disputa pessoal, em superar o camisa 10 adversário. Só que em campo, onde tudo vale, Ronaldo vem tomando uma goleada...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Quando a arbitragem apita tudo...

por Lucas Ribeiro

Neymar joga muito. Ponto final. Não há o que discutir sobre isto. E também não vem ao caso comparações com Maradona, Pelé, Cristiano Ronaldo e, principalmente, Messi. Mas, na mesma proporção de seu elevadíssimo futebol, que, com 20 anos da idade, já levantou três estaduais, uma Copa do Brasil e uma Libertadores, a Fera é um cai-cai de carteirinha. Quem não entende muito de futebol pode perceber seu vasto repertório de simulacros acompanhando os jogos da seleção brasileira. Anulado pela defesa mexicana no amistoso realizado entre ambos os escretes em junho, o santista perdeu a linha com os adversários.

Aqui no Brasil, entretanto, fomos acostumados a assistir a um estilo de jogo onde qualquer impacto, por menor que seja, é confundido com a mais violenta das faltas. Não sejamos inocentes em afirmar que o Santos, de Neymar, só ganhou o que ganhou por causa das estrepolias e das vistas-grossas realizadas pela arbitragem nos últimos três anos. Mas é claro que tal condição, quando várias vezes repetida e aceita pela arbitragem, faz com que o adversário evite até uma simples disputa corpo-a-corpo, fundamental num esporte de contato. 

Enquanto isso, os fãs da Premier League se esbaldam com um jogo totalmente contrário ao disputado em solo brasileiro. Na Grã-Bretanha o advertido é sempre o autor da cambalhota, que, tentando ludibriar a arbitragem, emperra a dinâmica do futebol. Quem acompanhou Newcastle e Tottenham, na estreia da temporada 2012-13, partida que aqui foi comentada, sabe do que estou falando. Um espetáculo livre de verdadeiros repertórios circenses. 

E a condescendência a este tipo de jogada afeta toda a qualidade da arbitragem. Afinal, os juízes, seguros em determinadas decisões, se afastam de lances capitais, prejudicando a imparcialidade necessária a um mediador futebolístico. Não é à toa que nossos árbitros conseguem errar ao não assinalarem três impedimentos consecutivos ou os comentaristas destes ao transformarem qualquer entrada mais viril porém leal de Libertadores em "guerra"...

domingo, 26 de agosto de 2012

Corinthians 1x2 São Paulo - Análise

por Lucas Ribeiro

Depois da polêmica derrota fora de casa contra o Santos, por 3 a 2, o Corinthians receberia, no Pacaembu, o São Paulo, para mais um clássico, agora o último do primeiro turno desse Brasileirão. Os mandantes, desfalcados pelo contundido Guerrero, substituído por Émerson, entraram no seu já padrão 4-2-3-1. O seu rival, que não podia contar com o suspenso lateral Cortez, por sua vez, foi armado no 4-4-2, com os improvisados Paulo Miranda na lateral-direita e Douglas na esquerda. Veja abaixo a disposição tática de ambas as equipes. 

O jogo começou predominantemente alvinegro. Os erros defensivos do tricolor, que cheiravam mais a uma instabilidade psicológica, logo culminariam no gol corintiano: depois de falha de Paulo Assunção na saída de bola, Émerson chutou pra cima e tirou todas as possibilidades de defesa do goleiro Rogério Ceni. Os anfitriões, assim, cresceram na partida. O São Paulo até tentava concluir, mas esbarrava num quase sempre mal posicionado Luís Fabiano, que esteve impedido em vários momentos. 

A partir dos 23 minutos, contudo, os visitantes começariam a equilibrar as ações com o primeiro gol de Fabuloso no clássico, que recebeu bola redonda depois de excelente jogada de Lucas, que voltou muito bem dos Jogos Olímpicos, e bateu sem chances para Cássio. A segunda metade da primeira etapa, assim, viu ambos os times apresentarem perigos, sem um domínio exclusivo de algum dos adversários. 

No segundo tempo, entretanto, o São Paulo cresceu e, com mais consistência, se lançou ao ataque. Jogando seu primeiro majestoso desde 2004, jogo do qual o tricolor também saiu vencedor, o camisa 9 da seleção brasileira na Copa de 2010 estava inspirado; agora, depois de excelente passe de Jádson, o craque são-paulino se aproveitou da condição legal lhe proporcionada por Chicão, driblou o goleiro corintiano e, mesmo sem ângulo, balançou as redes novamente nesta tarde de domingo.

A saída de Maicon para a entrada de Cícero manteve o tricolor mandando no jogo, a despeito da atuação na casa do adversário. Tite, tencionando dar mais volume a sua equipe, lançou a campo o estreante Guilherme, o peruano Ramírez e o "talismã" argentino Martínez, que havia deixado sua marca diante dos santistas. Mesmo assim, o setor defensivo são-paulino, com as boas atuações de Paulo Miranda, Tolói, Denílson e a melhora de Paulo Assunção, fez uma inspiradíssima etapa derradeira. 

Mesmo assim, antes do apito final, o Corinthians manteve uma blitz na meta do rival e, com Romarinho e Danilo, chegou a oferecer perigo a Rogério Ceni. Contudo, depois de sete anos, o São Paulo volta a vencer um majestoso organizado no Pacaembu. Se a última vitória até então havia sido um 5 a 1 executada pelo elenco que futuramente seria campeão da Libertadores e do mundo, a torcida são-paulina agora aguarda uma estabilidade da equipe, visando a uma vaga à principal competição sul-americana. O próximo adversário do time de Ney Franco é agora o Botafogo, no Morumbi, na estreia do returno da competição.

Já o Corinthians, por sua vez, sofre a segunda derrota consecutiva em clássicos e retoma sua preparação para o Mundial contra o forte Fluminense, no Engenhão. Se na inauguração do Brasileirão-12 ambas as equipes realizaram um jogo medíocre já que estavam na disputa da Libertadores, o início do segundo turno promete um jogo eletrizante, com o tricolor carioca perseguindo, a cada vitória, o líder Atlético-MG.


DESTAQUES


BOLA CHEIA

Luís Fabiano (São Paulo) - decidiu um clássico que deve ser fundamental para elevar o ânimo são-paulino. 

Lucas (São Paulo) - voltou muito bem depois da medalha de prata em Londres. A ele, depois de realizar linda jogada, LF deve responsabilizar uns 70% do primeiro gol tricolor na partida.


BOLA MURCHA

Chicão (Corinthians) - mal posicionado durante o segundo gol do São Paulo, deixou o atacante cara-a-cara com o goleirão Cássio. Fez péssima segunda etapa.

Paulo Assunção (São Paulo) - se recuperou no decorrer da partida, mas sua falha, geradora do gol corintiano, poderia ter transformado a vitória são-paulina numa dramática derrota.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

E eis o segundo turno...

por Lucas Ribeiro

Falta uma rodada para o fim do primeiro turno, mas todos nós já sabemos seu campeão: o Atlético Mineiro, que mesmo com um jogo a menos que o segundo colocado, Fluminense, tem, 42, três pontos a mais que este, 39. Contudo, apesar de estar brilhando num campeonato cada vez mais equilibrado (desde 2007, afinal, quando o São Paulo ganhou a competição com algumas rodadas de antecedência, o Brasileirão tem sido decidido nas suas últimas rodadas), questão já abordada no presente blog, não ponho minha mão no fogo pelo Galo: devo ser sempre cético, como manda o bom senso, com relação a uma equipe dirigida por Cuca, que tem Ronaldinho Gaúcho como estrela e que não ganha tal competição há precisos 41 anos. 

O Flu, por sua vez, ainda é, para o autor, o time mais encorpado, e logo com as melhores condições de brigar pelo título do certame até o fim. O time das Laranjeiras tem um elenco de primeira (Diego Cavalieri, Carlinhos, Deco, Jean, Rafael Sóbis, Thiago Neves e Fred), boa reposição (Wágner, Wellington Nem, Diguinho e o jovem Samuel, só para citar alguns exemplos) e um treinador competitivo (Abel Braga). Aposto, como em 2010, que o troféu deverá enfeitar a sala de conquistas tricolor por doze meses. 

Gostaria também de destacar o Grêmio, que deverá correr por fora. Os gaúchos têm presenciado, depois de bons anos, o bom trabalho executado pelo (novamente) competente Wanderley Luxemburgo, que armou sua nova equipe num organizado 4-4-2, e que tem dependido das boas fases dos experientes Gilberto Silva, que voltou à zaga, função que o ex-jogador do Arsenal não executava desde antes do pentacampeonato mundial, em 2002, Elano, Zé Roberto, Kléber Gladiador e, principalmente, Marcelo Moreno, convertido na principal referência ofensiva gremista. Destaque aos importantes pontos arrancados fora de casa contra Botafogo, por 1 a 0, na estreia de Seedorf, e São Paulo, 2 a 1, conseguida no último minuto, equipes estas que à altura podiam se tornar rivais diretos na luta pelo topo da tabela. 

O Vasco, atual terceiro colocado, creio que perderá forças ao longo do segundo turno. As perdas de Fágner e Diego Souza, negociados respectivamente com a Alemanha e a Arábia Saudita, farão diferença ao time de Cristóvão Borges, agora, depois das baixas, ainda mais dependente dos instáveis Carlos Alberto e Alecsandro e do fraco Éder Luiz. Nem o cracaço Dedé e a boa fase de Juninho Pernambucano serão suficientes para sustentar os cruz-maltinos na disputa pelo título. Poderá ao menos abocanhar uma vaga para a Libertadores-13. 

Dentre diversas perguntas (será que o argentino Cañete é bom jogador e será útil ao mediano São Paulo? E Seedorf, fará história no Fogão?), contudo, a maior a ser respondida é: Liédson e, claro, Adriano farão a diferença para o Flamengo, ou é agora, com a chegada da dupla, que o rubro-negro verá a Série B cada vez mais no seu encalço? Os ex-corintianos chegam com pouco crédito, pelos problemas dentro e fora de campo, mas são ídolos de um passado recente do clube. 

Liédson, em 2002, projetou nacionalmente sua carreira ao ser o goleador de um dos piores elencos da história flamenguista e de, com isso, ter sido vital para a permanência do clube na Série A do ano seguinte. Adriano, em 2009, com o apoio da torcida, foi fundamental para o Mengão levantar seu sexto campeonato nacional. O primeiro desembarca na Gávea questionado exclusivamente pelo seu desempenho físico, que o impediu de ter participação ativa na conquista corintiana da Libertadores; o segundo, entretanto, deverá ser monitorado também fora das quatro linhas, já que em São Paulo, além do peso elevado, gerou problemas disciplinares. 

Apesar do bom primeiro passo dado com a contratação de Dorival Júnior para a função de técnico, acho que a nação rubro-negra, somando-se a pouca qualidade do elenco aos constantes problemas de bastidores causados por Patrícia Amorim e seus contratados, isso sem falar na minha pouca esperança em ver o Imperador "regenerado", não deverá ver no seu horizonte um outro 2009, mas algo mais perto de 2002. Contudo, não vou acertar todas essas previsões e, como já várias vezes ocorreu, devo também queimar minha língua. Por isso, quem viver, verá!