segunda-feira, 30 de julho de 2012

A supresa (SIM!) chamada Atlético Mineiro

 por Lucas Ribeiro

Em junho, depois da saída de Ronaldinho Gaúcho do Flamengo e de seu acerto com o Atlético-MG, acreditava que o Galo, somado ao fraco técnico Cuca, não teria muito futuro no Campeonato Brasileiro e que faria, a exemplo dos elevados gastos e da boa estrutura apresentados dos anos anteriores, uma campanha novamente pífia, campanha esta que se resumiria a lutar contra o rebaixamento. 

Contudo, quase dois meses depois, admito, tenho que dar o braço a torcer. A liderança isolada tem me deixado boquiaberto. R49, seu novo número na camisa, por enquanto, tem sido (SIM!) uma surpresa. Vem jogando o fino auxiliado por jovens talentos, como Danilinho e Bernard. O clima em BH parece tão positivo que até mesmo o problemático Jô do Internacional deu lugar a um interessante ponto de referência atleticano nas áreas adversárias. 

Vamos, então, analisar o time comandado pelo também surpreendente Cuca, que, depois de quase dez anos sem desenvolver um trabalho de grande destaque, e justamente aquele único que lançou seu nome como uma promessa dentro do futebol brasileiro, o Goiás de 2003, com Fabão, Josué, Danilo, Grafite e Dimba, tenta dar a volta por cima. Vejamos:


O treinador lança a campo um time baseado no 4-2-3-1. O segredo do time é a velocidade, impressa pelos extremamente ofensivos laterais Marcos Rocha e Júnior César e pelos meias Danilinho e Bernard. As inversões entre estes dois, com o primeiro jogando pelo setor direito e o segundo, pelo esquerdo, se tornaram comuns. Acompanhe, primeiro em um dos gols na vitória de 2 a 0 sobre o Santos e depois no empate do último domingo, por 0 a 0, contra o Fluminense.


Ronaldinho, o homem da bola parada, também se utiliza dos altos Réver (1,94m) e, principalmente, Jô (1,89m), o centroavante da equipe. Acompanhe novamente, agora numa jogada ensaiada, no empate contra o Flu, no qual, apesar do 0 a 0 no marcador, o pentacampeão oferece perigo à defesa adversária com seus temíveis cruzamentos. 


Com poucas possibilidades de encontrar Jô, acompanhado por dois marcadores, Ronaldinho procura o baixinho Danilinho (1,67m), desmarcado na direita...

Este, por sua vez, aqui "engolido" pela placa de publicidade, ao puxar a marcação em direção à bola, cabeceia para Jô, que está no centro da pequena área...


Assim, Jô, menos pressionado pelos defensores, efetua a cabeçada, que, apesar de mal-sucedida, assusta o goleiro Diego Cavalieri. 

Devemos destacar o bom volume de jogadas ofensivas do Galo. Um time que aposta na velocidade de jovens jogadores e principalmente na experiência e na técnica de um Ronaldinho Gaúcho, que, se interessado, é brilhante, para devolver um título nacional ao clube depois de 41 anos na fila. 



DESTAQUES


PONTO FORTE: O já citado bom volume de jogo ofensivo atleticano. A velocidade de Danilinho e Bernard  se complementa com a técnica de Gaúcho e com o posicionamento de Jô, o que faz do Atlético um time letal com a bola nos pés. 

PONTO FRACO: apesar de um cão-de-guarda da categoria de um Pierre protegendo a defesa, o Galo sofre justamente das extremadas investidas dos seus laterais e de Danilinho e Bernard, fator que, num contra-ataque, pode decidir um jogo em favor do adversário.



domingo, 29 de julho de 2012

São Paulo 4 x 1 Flamengo - Análise

por Lucas Ribeiro

Depois da trágica noite de quarta, o São Paulo recebeu, no Morumbi, o Flamengo visando a encostar no pelotão de cima do campeonato. Como trunfo, o tricolor teria a volta do goleiro e ídolo Rogério Ceni, que, no difícil momento emocional do time, teria mais a contribuir psicológica do que tecnicamente. Os rubro-negros, por sua vez, eram comandados pela segunda vez por seu novo treinador, Dorival Júnior, contratado depois da saída de Joel Santana. Os times foram assim escalados por seus treinadores: 


Com Ceni em campo, de fato, a apatia foi embora. Depois de berrar com a defesa antes dos vinte minutos de jogo, o time ficou mais ligado em campo. O Flamengo, apesar de ter realizado algumas jogadas de ataque, não ameaçou o tricolor com perigo. O primeiro gol paulista, por sua vez, demorou mas saiu: aos 41, Maicon bateu com força de fora da área e surpreendeu o bom goleiro Paulo Victor. 

O rubro-negro, já abalado depois de três derrotas consecutivas, sentiu o baque. Aos 46, antes do final da etapa inicial, Luís Fabiano, também retornando à equipe após duas rodadas fora, se aproveitando de falha defensiva, fez 2 a 0. O futebol vivo que o São Paulo (como há muito não) jogava fez a torcida inflamar. No intervalo, Dorival substituiu o promissor mas apagado Adryan e apostou no também jovem Thomas.

Contudo, a troca não surtiu efeito. Isolado na frente, Vágner Love não representava perigo à retaguarda são-paulina. O tricolor, assim, se aproveitava da inércia flamenguista. Aos 14, novamente com Fabuloso, os anfitriões ampliavam a vantagem e praticamente acabavam com as esperanças dos cariocas. Nem o gol marcado pelo lateral Ramón, aos 21, foi capaz de acordar os visitantes. 

O jogo era tão dominado por uma só equipe que, aos 30, presenciou-se um fato inusitado: apesar de substituído por Cícero, Rodrigo Caio continuou em campo, e o São Paulo, por poucos instantes, ficou com 12 atletas no gramado. O árbitro Jaílson Macedo Freitas, assim que esteve ciente do fato, pediu para que o atleta se retirasse e o advertiu com cartão amarelo. Aos 47, Jádson ainda faria o quarto gol do São Paulo.

Depois de tarde inspirada, os paulistas, apesar de irem atuar fora de casa, têm grandes possibilidades de conseguir duas vitórias consecutivas, pois encaram o Sport Recife. O Mengão, por sua vez, demonstra que vai dar trabalho (e muito) a Dorival. A parada, na quarta-feira, será dura: o líder Atlético Mineiro, encabeçado por sua ex-estrela Ronaldinho Gaúcho. 


DESTAQUES


BOLA CHEIA

Rogério Ceni (São Paulo): Seu retorno foi psicologicamente essencial à equipe. Pouco trabalhou durante a partida, mas só por estar dentro de campo, liderando, foi extremamente útil para a concretização da vitória.

Luís Fabiano (São Paulo): Como centroavante, sobra no futebol brasileiro. Com os dois gols, além de útil para que o time conquistasse três pontos, ultrapassou o lendário Leônidas da Silva no ranking de artilheiros tricolores.


BOLA MURCHA

equipe do Flamengo: Se Dorival não exigir reforços, irá penar muito. O rubro-negro tem a necessidade de pelo menos um zagueiro, um volante e um atacante veloz, responsável por fazer boa dupla ofensiva com o goleador Vágner Love. Hoje, com exceção de Paulo Victor, o time demonstrou pouco poder de fogo.

Adryan (Flamengo): É um jovem com muito potencial (por isso não quero queimá-lo), mas teve uma atuação apagadíssima nesta tarde. Foi extremamente incapaz de fazer a bola chegar aos pés de Love.




sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Rei de ferro e os venenos da coroa


por André Gobi

Edson Arantes do Nascimento. Nascido no interior de Minas Gerais, mais precisamente na cidade de Três Corações, ganhou o mundo através de suas jogadas mágicas, impressionante habilidade, técnica e o “dom” para jogar futebol. Brilhou com a camisa do Santos Futebol Clube e da Seleção Brasileira (também teve passagem por outros clubes no final de carreira, como o Cosmos da Major League Soccer, nos Estados Unidos). Por isso, recebeu a alcunha de Rei do Futebol, título que para alguns é merecido e para outros chega a ser patético (assim com as outras coroas distribuídas no Brasil às suas “celebridades”).

Não pretendo e não há o que se discutir sobre Pelé, o jogador. Foi o melhor de seu tempo, isso é indiscutível. Encantou plateias no mundo todo, deu show, ganhou títulos e colheu os louros da fama. Justo e totalmente aceitável.

Mas, é sim discutível quando se clama aos quatro cantos em alto e bom som que Pelé foi o melhor jogador de todos os tempos. Isso é algo que não pode ser mensurado, e eis o por que. O futebol jogado por Pelé não é o mesmo jogado por seus “concorrentes” a melhor futebolista de todos os tempos. O esporte bretão em questão apresentou muitas evoluções técnicas e táticas, além de ter se tornado um esporte e negócio (falo de cifras) muito mais concorrido e disputado dentro e fora dos gramados. Do mesmo jeito que o jogo era um quando Leônidas da Silva (considerado o melhor até a explosão de Pelé) desfilava pelos gramados, já era outro quando Pelé esteve em seu ápice. E isso também se aplica ao tempo em que jogou Maradona e agora a nova estrela, o astro argentino Messi, e até Neymar.

Acontece que Pelé, conhecido por muitas vezes falar bobagem quando abre a boca (Romário certa vez disse que “Pelé calado era um poeta”), parece ter levado à sério demais essa história de realeza, e como um bom rei absolutista não quer abrir mão do trono. Sempre que algum novo jogador desponta no cenário mundial como nova sensação, Pelé faz questão de desmerecê-lo, voltando ao passado e exaltando seus fatos quando perguntado sobre determinado atleta. Fatos esses que, convenhamos, muitas vezes parecem ser mais “causos” contados para se engrandecer. Recentemente, em entrevista a uma rádio belga, quando perguntado qual jogador poderia algum dia superá-lo, Pelé respondeu que isso nunca aconteceria, porque, segundo ele, seus pais haviam jogado a forma fora logo depois de o terem concebido. O entrevistador apenas respondeu de maneira irônica e inconformada: “E o rei dá mais uma amostra de sua real humildade”.

Pelé se mostra visivelmente incomodado quando alguém pede sua opinião sobre algum jogador que de alguma forma ameace seu “reinado”. Faz questão de desmerecê-lo, como no recente caso do astro Lionel Messi. Ressalta que, para ser comparado consigo, o argentino teria que ganhar três Copas do Mundo e marcar mais gols que ele. Para alguns mais patriotas, fãs ou saudosistas, os argumentos do “rei” fazem sentido. Porém, para quem acompanha a evolução do esporte, sabe que isso não passa de um argumento de defesa pífio usado por Edson.

Um de seus mais novos escudos é o ídolo santista, Neymar. Jogador de qualidade inquestionável, extremamente habilidoso e técnico, o jovem ainda é uma jóia a ser lapidada, tem muito a evoluir e creio que ainda alçará vôos mais altos. É o maior jogador do Brasil e também a maior esperança de vitórias do selecionado nacional, mas, com toda a certeza, ainda está longe de Messi, que é vitorioso e desequilibra nos campeonatos com níveis técnicos mais altos que os disputados por Neymar, e ainda é artilheiro das últimas quatro edições da Uefa Champions League, o maior torneio de clubes do planeta. Pelé faz questão de ignorar esses fatos e também de frisar que Neymar é melhor que Messi, quando perguntado sobre a genialidade do argentino. Ao fazer esse tipo de comparação, acaba até prejudicando o jogador do Santos, que já carrega a pressão de ser o “salvador” do Brasil na copa de 2014, onde comandará a seleção anfitriã. Aliás, o próprio Neymar rechaça qualquer comparação com Messi, sempre dizendo que o argentino é muito melhor que ele e que é um grande ídolo seu.

Uma coisa um tanto triste é ver Pelé se dando a isso. Ele realmente não precisa, ao ter construído uma história impecável dentro dos campos (fora, nem tanto). Vale lembrar aqui também que Pelé, sempre oportunista e fazendo alianças um tanto quanto questionáveis, tem uma história ligada ao Santos Futebol Clube, porém, nos tempos de “vacas magras” na Vila Belmiro, se manteve bem afastado de lá, voltando a ligar sua imagem ao clube com mais ênfase no começo dos anos 2000, quando surgiu o belíssimo e vitorioso time que tinha no elenco Robinho, Diego, Elano, Renato, entre outros, mantendo e reforçando essa imagem agora na era Neymar.

Não pretendo aqui desmerecer nada conquistado pelo cidadão e esportista Edson Arantes, mas apenas colocar alguns pontos para reflexão sobre o comportamento que apresenta em situações que deveria saber lidar com tranqüilidade e carisma, que sempre lhe foram característicos. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Atlético Goianiense 4 x 3 São Paulo - Análise

por Lucas Ribeiro

Quem esperava uma reação dupla do São Paulo diante dos times que estão na parte debaixo da tabela (Figueirense e Atlético Goianiense) se decepcionou. Apesar da relativamente convincente vitória em Santa Catarina, no domingo, o time se perdeu ontem, no Serra Dourada. Mesmo tendo quase encostado no placar (o golaço de Rafael Tóloi chegou a dar esperanças até ao mais descrente dos torcedores), o tricolor demonstra uma letargia crônica, a qual, apesar das minhas reticências em relação ao treinador, Ney Franco é incapaz de solucionar, e que, mais uma vez, provou, por mais perto que a equipe esteja dela, a inviabilidade para uma vaga na Libertadores do ano que vem. 

Os paulistas entraram em campo no 3-5-2, assim escalado: Dênis; Rhodolfo, Tolói e Édson Silva; Douglas, Denílson, Maicon, Jádson e Cortez; Ademílson e Willian José. Já o interino Jairo Araújo lançou ao gramado um time baseado no 4-4-2, com os seguintes atletas: Márcio; Marcos, Reniê, Gabriel e Eron; Marino, Hernandes, Joílson e Wesley; Patric e Ricardo Bueno. Quem começou mandando na partida, por mais irônico que seja, foram os visitantes, que se mandaram bem ao ataque com os dois alas, auxiliados por um Denílson ofensivamente inspirado. Aos 16, contudo, o Dragão começou a mandar a vaca são-paulina para o brejo: depois de falha bizonha do seu camisa 3 (Tolói), Marino ficou livre para cabecear e marcar 1 a 0 Atlético. 

Abalado, os atletas tricolores diminuíram o ímpeto e começaram a assistir um anfitrião que mais parecia estar brigando pela liderança, e não contra o rebaixamento. Nove minutos depois, em um pênalti discutível, o goleiro Márcio converteu o segundo tento atleticano. O terceiro, marcado por Patric aos 30 e novamente nascido numa jogada aérea, só expôs ainda mais a fraqueza defensiva paulista na bola parada. O gol, de puro oportunismo, feito por Ademílson, aos 41, daria novo alento ao São Paulo se não fosse uma bobeada de Rhodolfo, que geraria a quarta bola goiana na rede, em apenas meio tempo de jogo.

Ney Franco voltou do intervalo com Casemiro em lugar de Édson Silva e de Rodrigo Caio em lugar do pendurado Douglas. Logo depois de boa jogada, o camisa 28 seria derrubado dentro da área; Jádson, em um de seus poucos momentos positivos na partida, diminuiu a desvantagem. Aos 17, enfim, depois de um petardo, Tolói fez o terceiro, mas nem a blitz instaurada no campo do adversário foi capaz de levar o São Paulo ao empate. 

Apesar de projetar a entrada no G-4 com a conquista de seis pontos nos próximos dois jogos, em casa contra Flamengo, no domingo, e Sport, dia 5, Franco sabe das homéricas dificuldades que tem em mãos. O interino Jairo Araújo, por sua vez, que fica no cargo atrelado a bons resultados, dá uma sobrevida ao Atlético, que agora enfrenta o Sport, dia 29, e o Botafogo, no sábado seguinte. 


DESTAQUES


BOLA CHEIA

gana do Atlético Goianiense - apesar de estar enfrentando um time apático, fazer quatro gols em 45 minutos não é tão fácil, ainda mais contra o São Paulo, como parece. Se atuar daqui pra frente com metade da disposição de ontem, o Dragão se salva da degola.

Ademílson/Denílson (São Paulo) - o primeiro apareceu muito pouco (ficou isolado no ataque ao lado de um inoperante Willian José), mas, assim como no domingo, está sempre na hora certa e no lugar certo e marca seu segundo gol em sua segunda partida como titular no São Paulo. Já Denílson esteve inspiradíssimo e, quando subiu, ajudou demais o time. Vive, em oposição à do time, boa fase. 


BOLA MURCHA

defesa do São Paulo - sem sombra de dúvidas, a pior partida de Rhodolfo com a camisa são-paulina. Se Tolói ainda se redimiu com um golaço, Édson Silva vai, cada vez mais, se queimando com a torcida tricolor.

Jádson (São Paulo) - já virou figurinha carimbada nessa seção. Jogar mal não é o problema (ele seria absolvido perto de Paulo Miranda, de Maicon, de Édson Silva e cia. limitada), mas sim jogar mal em troca de, repito, 5 milhões de euros e da expectativa de boa parte da torcida são-paulina, que achava que com Jádson uns 70% das dificuldades na armação seriam resolvidos. 

domingo, 22 de julho de 2012

Figueirense 0 x 2 São Paulo - Análise

por Lucas Ribeiro

Apesar de ter ficado devendo um bom futebol, o São Paulo, neste domingo, no estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, ganhou do Figueirense e se fixou no pelotão de cima do Campeonato Brasileiro, encerrando a rodada em sexto lugar. As duas equipes assim foram escaladas:



Logo no começo, mais precisamente aos 50 segundos, o tricolor saiu na frente com o jovem Ademílson, estrela da seleção sub-17 e que fazia sua estreia como titular. Depois, se aproveitando da fragilidade do adversário e obedecendo à risca as ordens de Ney Franco, que pediu para que os jogadores marcassem a saída de bola do alvinegro florianopolitano, a equipe paulistana impôs sua superioridade durante a primeira etapa. 

No segundo tempo, contudo, o são-paulino cardíaco, relembrando o empate com o Palmeiras, há duas semanas, certamente sofreu. O Figueira, que perdeu o técnico Argel e estava sendo dirigido pelo interino Abel Ribeiro, deu sufoco em pelo menos duas oportunidades; na de mais perigo, o zagueiro João Filipe, com o goleiro Dênis já batido no chão, salvou em cima da linha. A expulsão do zagueiro Fred, para o lado dos catarinenses, ainda fez o torcedor paulista temer ainda mais um revival do duelo contra os palmeirenses, que também igualaram o marcador com apenas dez atletas no gramado. 

Aos poucos, entretanto, apesar da vontade, os anfitriões foram murchando. Nem a entrada do atacante Aloísio, artilheiro da clube no campeonato estadual, no lugar do lateral Coutinho, fez com que a bola balançasse as redes adversárias. Ney Franco, por sua vez, depois de apostar nos promissores João Schimidt e Rafinha, viu seus comandados, já aos 48, fecharem o caixão: Willian José, que não balançava as redes desde maio, nas semifinais do Paulistão, contra o Santos, comemorou, e a torcida pôde observar o árbitro Anderson Daronco colocar um ponto final na partida. 

Com o provável retorno de Luís Fabiano, o São Paulo, de novo fora de casa, enfrenta na próxima quarta o atordoado Atlético Goianiense, goleado hoje por 4 a 1 pelo Internacional. Já o Figueira encara o próprio Colorado, novamente em seus domínios, Figueira este que, além de até lá possivelmente confirmar Adílson Batista como seu novo treinador, deseja viver dias melhores, estando, desde o encerramento da rodada, na incômoda 17ª posição, a primeira da zona de rebaixamento.

DESTAQUES

BOLA CHEIA

Ademílson (São Paulo): Demonstrou ter estrela. Logo na estreia como titular, um gol aos 50 segundos de jogo. 

Rafael Tolói (São Paulo): Fez uma belíssima partida. Se se mantiver sempre com a disposição de hoje, tem tudo para em breve se tornar ídolo.


BOLA MURCHA

equipe do Figueirense: Time bem limitado. Nas vezes que chegou foi na base da raça. Além da chegada de um treinador, que deve ser Adílson Batista, precisa urgentemente de reforços.

Jádson (São Paulo): Novamente uma lástima. Temporada aquém do que se esperava de um jogador que chegou por 5 milhões.

P.S.: Gostaria de destacar a estreia de Seedorf pelo Botafogo. Acompanhei apenas os últimos 45 minutos da derrota botafoguense para o Grêmio por 1 a 0, no Engenhão, mas, se o holandês não fez uma partida deslumbrante, foi um bom início. Como o próprio jogador disse após o jogo, tanto ele quanto o time têm ainda o que melhorar. 






sábado, 21 de julho de 2012

Reforços de fim da janela de transferência - Análise

por Lucas Ribeiro

Ontem a janela para transferências internacionais fechou no futebol brasileiro. O São Paulo, na noite dessa sexta, ainda conseguiu fechar com Paulo Assunção, do Atlético de Madri, e encerrou o ciclo de contratações de atletas de fora. Vamos, a seguir, analisar como os novos reforços entrarão nos esquemas táticos dos seus respectivos novos clubes. Comecemos com o Corinthians, que contratou dois estrangeiros: o peruano Guerrero, que estava no Hamburgo, da Alemanha, e o argentino Martínez, que fez belíssima Libertadores pelo Vélez Sarsfield e era cobiçado por vários outros grandes brasileiros. 

O primeiro citado vem para atuar como centroavante. Dono de relativo sucesso, mas atualmente em baixa,  na Bundesliga, o camisa 9 da seleção do Peru se assemelhará, no desenho tático, ao que Liédson representou em 2011 e, indo mais longe, ao que Ronaldo foi em 2009 e 2010. Veja abaixo:


Com os jogadores que estavam no clube quando do título da Libertadores, à exceção do negociado Alex e do também recém-chegado Martínez, que analisaremos em breve, Tite pode escolher entre um meio-campo mais cadenciado (com Danilo fazendo às vezes de camisa 10) ou um mais veloz, apostando no mais driblador Douglas e no arisco Romarinho. O argentino, assim, chega para confundir a cabeça do treinador gáucho. Acompanhe a seguir:

Martínez deve cair como uma luva atuando pelo lado esquerdo do meio-campo alvinegro. A questão é: será que para colocar os dois reforços internacionais, Tite abrirá mão de Sheik, tão fundamental no título sul-americano? Creio que não e, para isso, o comandante alvinegro vai, certamente, inaugurar até o Mundial um sistema de rodízio, para entrosar melhor o time até a agora competição corintiana no ano. 

O Santos, por sua vez, vai de João Pedro, volante brasileiro que se destacou no uruguaio Peñarol mas que pertence ao Palermo, da Itália, e de Patrício "Patito" Rodríguez, jovem argentino que vinha brilhando no Independiente e, a exemplo de Martínez, era perseguido por outros gigantes brasileiros. João Paulo é um volante ousado, de chute forte. Creio que no esquema de Muricy ele componha a terceira linha do 4-1-2-1-2 com Arouca, que recentemente, principalmente depois dos desfalques para as Olimpíadas, adquiriu funções mais ofensivas. Veja: 



Seu concorrente será Henrique, que, apesar de não comprometer, deve entrar também numa espécie de rodízio com o jogador proveniente do futebol uruguaio. Já Patito, que também pode atuar como ponteiro, deve ser fixado, com a iminente saída de Ganso, na armação do alvinegro praiano. Acompanhe:


No Palmeiras, Obina, de volta da China, deve ser opção para a camisa 9. O ídolo Barcos e Betinho, que fez bom papel na final da Copa do Brasil, vão ter prioridade sobre o baiano, que consolidou seu carisma junto aos palmeirenses na sua primeira passagem, em 2009, quando marcou três gols num jogo contra o rival Corinthians. 

No São Paulo, o último dos paulistas a confirmar reforço, Paulo Assunção chega para atuar no meio-campo. Acho que foi uma contratação equivocada por parte da diretoria, mais por questão de utilidade (afinal, o tricolor tem, para jogar como volante, Denílson, Casemiro, Rodrigo Caio, Cícero e Wellington,  que em breve retorna de contusão, isso sem citar os meninos da base) do que por condição técnica do jogador. Contudo, o ex-palmeirense, que teve sucesso no futebol português, chegando quase a se naturalizar para atuar pela seleção daquele país, deve fazer às vezes de cabeça-de-área. Ney Franco deverá, por sua vez, assim armar o ferrolho são-paulino:




Depois de analisar o quarteto, o Corinthians, apesar das perdas de Alex e Castán, e de não ter conseguido o zagueiro que desejava, o chileno Rojas, da La U, conseguiu bons reforços e, para a disputa do Mundial, se mantém como o mais forte dos paulistas, seguido de perto do Santos, que fechou com o bom volante João Pedro, nome de seleções brasileiras de base, e a revelação argentina Patito Rodríguez. 

O Palmeiras, já garantido na Libertadores de 2013, apostou na manutenção do grupo e deve realmente contratar para a próxima temporada, quando Felipão estudará melhor as necessidades do grupo. A manutenção de Valdívia, que, depois de um sequestro, ameaçava deixar o Brasil, por si só, já é um importante alento. 

O São Paulo, dentre os quatro, foi o que mais deixou a desejar. Depois de ter ficado bem perto de Dudu, meia da seleção sub-20 que conquistou o último Mundial da categoria, de Lugano e Carlos Eduardo, segundo rumores, acertou apenas com Paulo Assunção, um jogador atualmente quase sem mercado na Europa e que não atua numa posição onde o tricolor sente mais carência, que seriam a armação e o ataque. 


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Flamengo 0 x 3 Corinthians - Análise

por Luiz Carlos Silva


Nesta quarta-feira, dia 18, o clássico das massas entre Flamengo e Corinthians - que levou apenas 12.097 pessoas ao Engenhão - evidenciou as qualidades do Campeão das Américas e as falhas do time rubro-negro. Os dois times foram a campo com as escalações abaixo:



O time alvinegro se postou em um 4-2-3-1 falso que se transformava em 4-2-1-3 quando se lançava ao ataque, com Romarinho e Emerson abertos pelas pontas e Danilo mais centralizado. Romarinho, substituindo Jorge Henrique, transitava entre a defesa e o ataque ajudando na marcação. Já o Flamengo veio armado com 4-4-2 mais clássico. O problema do time da Gávea é que Vagner Love acabou jogando mais recuado, tendo que ir buscar as jogadas mais ao meio de campo, o que limitou sua ação.

O Flamengo teve mais posse de bola durante quase todo o primeiro tempo, mas o Corinthians foi mais decisivo. Bottinelli, que já não está tão de bem com a torcida assim, falhou e permitiu roubada de bola de Douglas, que aos 27 minutos abriu o placar a favor do time paulista. Na imagem abaixo é possível observar uma linha de três homens do Corinthians que sai rapidamente em contra ataque anulando a marcação de quatro homens rubro-negros:

   
No vídeo do gol ainda podemos ver a movimentação de Emerson pela esquerda, abrindo mais uma opção de jogada para Douglas que preferiu bater na saída do bom Paulo Victor e abrir o marcador:


Mesmo após o gol o Flamengo mantinha maior posse de bola, mas suas investidas ao ataque eram anuladas pela forte marcação corintiana. Além disso, o time da casa estava afim de dar presentes: após troca de passes do time alvinegro, Renato tentou cortar a bola para fora da grande área, mas deu um calcanhar totalmente equivocado próximo à meia lua, para novo arremate do atento Douglas que pegou de primeira e fez um belo gol: era o 2x0 do Corinthians. (Veja o 2º gol de Douglas no vídeo abaixo):


No segundo tempo pouca coisa mudou. Joel Santana sacou Bottinelli e colocou o jovem Adrian em campo, dizendo que "ou o Flamengo empata ou levamos de quatro". Por pouco Joel não acerta a segunda previsão. O Corinthians manteve o seu ritmo de jogo, anulando as investidas flamenguistas e partindo para o ataque com velocidade. E se por um lado não era a noite dos meio campistas da Gávea, por outro os alvinegros estavam inspiradíssimos. Após boa trama do ataque corintiano, mais uma vez com a participação de Douglas, Romarinho encontra Danilo livre pela esquerda que emenda de primeira e faz outro golaço: Flamengo 0x3 Corinthians. (Confira o belo gol de Danilo no vídeo abaixo): 


O Corinthians, que ainda perdeu um pênalti com Emerson, conquista sua segunda vitória consecutiva e já volta a apresentar o padrão de jogo que o fez campeão continental. O Flamengo, com um time - por incrível que pareça, após quase um mês de preparação antes do brasileirão - ainda em formação, ainda não encontrou seu modo de jogar e segue com uma campanha de "perde e ganha" apresentando mesmo nas vitórias partidas inconsistentes. 

Imagem da Partida
A vida de Joel Santana não é nada fácil no Flamengo. Além dos xingamentos após o terceiro gol corintiano, o "papai", como é chamado, ainda viu a torcida rubro negra virar-lhe as costas em protesto. Assista:


domingo, 15 de julho de 2012

Palmeiras 1 x 1 São Paulo - Análise

por Lucas Ribeiro

Agora há pouco, o recém-campeão da Copa do Brasil Palmeiras recebeu, na Arena Barueri, o São Paulo, este com seu novo treinador, Ney Franco. Contudo, apesar do mando alviverde, quem saiu mais decepcionado do estádio foram os são-paulinos, que viram seu time ceder o empate com um jogador a mais e a dez minutos do fim. Abaixo, a escalação de ambos os clubes na partida:



A estreia do ex-comandante da seleção sub-20 no tricolor foi marcada por um começo de jogo de bastante volume da equipe visitante. Assim, logo aos 12 minutos de jogo o artilheiro Luís Fabiano inaugurou o marcador. No pós-gol, entretanto, o São Paulo foi murchando e terminou o primeiro tempo de maneira discreta. Apesar disso, Felipão, antes do juiz decretar o término da etapa inicial, colocou em campo o veloz Maikon Leite no lugar do beque Maurício Ramos, substituição que levou a volta de Henrique ao setor defensivo. 

Porém, aos oito minutos da parte derradeira o camisa 3 alviverde, depois de dura falta em cima de Douglas, recebeu cartão vermelho, o que forçou o treinador palmeirense a mudar novamente a disposição de sua equipe: o lateral Artur, portanto, recompôs a zaga central. Entretanto, apesar de teoricamente poder dar um outro ânimo ao São Paulo, após a expulsão quem chegou mais perto do gol foi o Palmeiras, que, aos 13, se beneficiou de um pênalti (mal assinalado) do também estreante Tolói sobre Valdívia. 

O chileno, por sua vez, desperdiçou a cobrança. E se errar uma vez é humano, persistir no erro é burrice. E Ney Franco, seguindo esses passos, trocou o volante Casemiro por outro, Rodrigo Caio. O Verdão, assim, ganhava cada vez mais terreno e não via o São Paulo contra-golpeando com qualidade. E o empate, apesar de ter sido sacramentado só aos 36 minutos, chegou: depois de um bate-rebate na área tricolor, Mazinho, sozinho, colocou a bola na rede. 

Desejando atingir a terceira colocação, os são-paulinos vão dormir na quinta posição, ou seja, fora inclusive do G-4. E na quarta-feira têm jogo duro: o vice-líder e embalado Vasco, que, neste domingo, bateu o frágil Atlético Goianiense. O Palmeiras, por seu turno, ainda permanece na zona de rebaixamento, mas, com as voltas de Barcos, lesionado, e Marcos Assunção, poupado, e sem a pressão por vaga na Libertadores, já assegurada, deve deixá-la em breve. 

DESTAQUES

BOLA CHEIA

Mazinho (Palmeiras): Mais uma vez foi um talismã. No momento do gol estava no lugar certo, na hora certa. 

Dênis (São Paulo): Apesar da má partida são-paulina, fez boas defesas, além de ter pegado o pênalti batido por Valdívia.

BOLA MURCHA

Ney Franco (São Paulo): Não soube, com um jogador a mais e com uma equipe mais completa em comparação à do adversário, fazer o tricolor se impor na partida, problema este que vem se tornando crônico no Morumbi. 

meio-campo (São Paulo): Simplesmente inoperante. Casemiro e Cícero praticamente não estiveram em campo, forçando a defesa a rifar a bola em quase toda a partida.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Corinthians x Palmeiras: análise dos campeões

por Lucas Ribeiro 

O ídolo e ex-goleiro Marcos já deixou seu recado. O título da Libertadores, que já tinha garantido o Corinthians na edição do ano seguinte, alvoroçou a torcida palmeirense, que, depois da conquista da Copa do Brasil, vê com expectativa um possível confronto com os maiores rivais no mais importante campeonato sul-americano. Mas, deixando as paixões de corintianos e alviverdes de lado, o que ambos os times têm de semelhante e de diferente? Abaixo, faremos uma análise das duas equipes, destacando seus pontos fracos e fortes. Taticamente, Corinthians e Palmeiras possuem desenhos muito parecidos. Repare:


Tendo as escalações das decisões, respectivamente, da Copa do Brasil e da Libertadores, como base de análise as equipes atuam em um falso 4-2-3-1. Podemos reparar no posicionamento dos dois coringas (Jorge Henrique, do lado alvinegro, e João Vitor, do alviverde): nenhum dos dois atletas é inteiramente meia ou inteiramente volante. Gostaria, por isso, de destacar, pelo lado corintiano, o desenho do meio-campo no primeiro jogo das semifinais, contra o Santos, quando JH virava um marcador. Ei-la: 

Aqui, o camisa 23 do Timão, como podemos ver na parte inferior da imagem, compõe a linha de três defensores no meio-campo da equipe, junto com Ralf e Paulinho. A defesa, consistente na Libertadores inteira, fecha com os seus quatro componentes (Alessandro, Chicão, Castán e Fábio Santos). Só que, ao contrário de João Vitor, que é um volante de ofício, o corintiano, por ter sido um atacante no início de carreira, acaba tendo mais capacidade ofensiva. 

Entretanto, quando é preciso impor velocidade no adversário, o Palmeiras acaba tendo mais trunfos que os rivais. Maikon Leite e o brilhante achado Mazinho são importantes "talismãs" no time de Felipão. Este último, inclusive, foi o nome que saiu do banco para, na base do corre-corre, ser decisivo contra o Grêmio, em pleno Olímpico. Acompanhe, abaixo, a jogada do primeiro gol alviverde naquela partida. 


Percebendo a desatenção da retaguarda gremista, Mazinho, que entrou aos 40 minutos do segundo tempo na partida, penetrou na clareira deixada pelos zagueiros gaúchos, e anotou o tento que talvez tornaria o segundo, e a consequente classificação, possível. Além do mais, o Verdão, com os rápidos Artur e Juninho nas laterais, tem mais poder de fogo pelos flancos. Do lado corintiano, por seu turno, podemos destacar a forte compactação. O Timão consegue se defender, com qualidade, somando de sete a oito atletas. A sua defesa, praticamente inexpugnável, não sofreu gols em casa na Libertadores.

O Palmeiras, apesar de ter levado apenas seis gols durante toda a Copa do Brasil, média pouco menor que 0,5 gol sofrido por jogo, já que realizou 11 partidas até o título, deixa a desejar no quesito defesa. Na primeira partida da decisão, a dupla de zagueiros Maurício Ramos e Thiago Heleno deu alguns sustos ao torcedor com erros primários em, por exemplo, saídas de bola. Pode ser que com a fixação do seguro Henrique na cabeça-de-área o time adquira mais consistência atrás. 

Assim, concluímos que mesmo com o constante reforço de Tite, que diz pertencer à escola de Ênio Andrade, treinador que visa mais à ofensividade, enquanto Felipão é adepto de Carlos Froner, técnico que era mais propício a um jogo mais "destruidor", Corinthians e Palmeiras diferem não muito na estrutura tática, mas na mentalidade a partir do esquema: enquanto o ex-volante de Guarani e Portuguesa opta pela compactação, o ex-zagueiro de pequenos clubes gaúchos, quando se vê em apuros, lança seus "velocistas" a campo. Mas até 2013 muita água vai rolar. É, como já dito no último post, esperar para ver. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Depois de 14 anos...

por Lucas Ribeiro

...o Palmeiras volta a levantar a Copa do Brasil. Após derrotar o Coritiba na primeira partida, por 2 a 0, o Verdão apenas empatou com os paranaenses para erguer a sua segunda taça do tipo. Só que, ao contrário de 1998, quando tinha a Parmalat e um elenco estrelado, com Júnior Baiano, Cléber, Alex, Paulo Nunes e Oséas, autor, inclusive, do gol que selou o título daquele ano, um 2 a 0 contra o Cruzeiro no Morumbi, o time de hoje passou por cima de todas as trapalhadas da diretoria e da teimosia do técnico para fazer o alviverde retornar à Libertadores após sete anos*. 

A equipe versão 2014, por sua vez, está recheada de contestados, como João Vitor, Leandro Amaro, Luan e Cicinho, e de apostas, exemplificadas por Mazinho, Betinho e Juninho, que, apesar dos rótulos, superaram os favoritos Grêmio e, sim, Coxa. Felipão, mesmo com sua ranzinzisse já idiossincrática e da crítica de boa parte da torcida, provou sua competência ao aplicar um nó tático sobre o tricolor gaúcho de Luxemburgo nas semifinais e vencer o duelo no Olímpico por 2 a 0. 

Mas há quem se engane que o Palmeiras tem jogadores ruins. Não é um time fantástico, claro, e precisará de reforços para a Liberta do ano vindouro, contudo no Palestra Itália ainda jogam (o, tá, tudo bem, supervalorizado porém bom jogador) Valdívia, (o veterano) Marcos Assunção, Daniel Carvalho, Henrique e Barcos. O título foi mais surpreendente pelo estado de espírito no qual se encontrava o clube nos últimos anos (condição fortalecida depois da derrota para o Goiás na praticamente decidida semifinal da Copa Sul-Americana de 2010) e pela queda do também favorito São Paulo, que poderia ter colocado fogo num clássico-decisão. 

Com esse título, entretanto, o Verdão sai da incômoda fila, que, apesar dos vitórias na extinta Copa dos Campeões em 2000 e no Paulistão em 2008, já perdurava, ao menos para os rivais, desde a Libertadores de 1999, colocando os são-paulinos na posição de dono de maior tabu, quatro anos, entre os grandes paulistas. Só nos resta saber se teremos novos e memoráveis Palmeiras e Corinthians na Libertadores. O ex-goleiro Marcos, por exemplo, já deixou sua provocação. Agora é esperar para ver...

*Como bem lembrado por antonio e numa errata do autor, a última Libertadores disputada pelo Palmeiras foi a de 2009, quando foi eliminado pelo Nacional, do Uruguai, nas quartas-de-final. Portanto, há quatro anos, e não há sete, como informado.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Corinthians: um clube (e uma empresa) bem-sucedido

por Lucas Ribeiro

Falar sobre isso agora, uma semana depois da conquista da Taça Libertadores, parece apenas confirmar o sucesso corintiano dentro (como clube) e fora (como empresa) dos gramados. Desde que se livrou da parceria com a MSI, em 2007, e, principalmente, retornou à Série A, em 2008, o Corinthians passou a respirar novos ares. 

O planejamento começou a ser realizado visando ao clube como uma empresa. As primeiras campanhas, as mais ousadas naquele momento pós-rebaixamento, foram o lançamento da terceira camisa, roxa, e da camiseta que se tornaria clássica entre os torcedores: a do EU NUNCA VOU TE ABANDONAR. Assim, sob o trabalho de Mano Menezes, que havia chegado à final da Libertadores de 2007 com o Grêmio, e com a contratação de nomes de confiança do treinador, casos de Alessandro e William, o Timão retornou à Série A sem maiores problemas e ainda conseguiu um vice-campeonato de Copa do Brasil, quando foi derrotado pelo Sport Recife. 

Com uma base já sólida, 2009, por sua vez, presenciou uma estratégia ainda mais arrojada em relação à do ano anterior: a contratação de Ronaldo. Apesar da má fase no Milan, da Itália, o eterno camisa 9 da seleção trouxe milhares de holofotes ao Parque São Jorge, inclusive internacionais. Assim, apesar de boa parte dos contratos de publicidade ficarem com o jogador, o Corinthians conseguiu fechar um belíssimos contratos de patrocínios, com Multimarcas e Baú da Felicidade, contratos estes que já serviam como embrião de uma marca com bastante potencial. Os títulos paulista e da Copa do Brasil, com Ronaldo brilhando nas decisões, serviram para selar o sucesso das parcerias.

A classificação para a Libertadores do ano seguinte fizeram o clube se reforçar com o também pentacampeão Roberto Carlos, vindo do futebol turco. Porém, com o craque dentuço entrando em declínio, o Corinthians fez uma temporada menos empolgante para o torcedor, que viu a eliminação do alvinegro nas oitavas-de-final da Libertadores, diante do Flamengo, em pleno Pacaembu, e a perda do título brasileiro na última rodada do certame, quando empatou com o Goiás e foi obrigado a cair para a terceira posição, resultado que obrigaria o time a disputar a Pré-Libertadores do ano seguinte. Como empresa, porém, os resultados ainda se mantinham bastante satisfatórios. 

Em 2011, já sob o comando do Tite, ocorreria a talvez mais dramática eliminação dos 102 anos do clube: a empreendida pelo colombiano Tolima, na fase anterior à de grupos da Liberta. O treinador gaúcho, como bem sabido, apesar de pouco eficiente como estratagema, recuperou o astral do grupo e, depois de vários percalços ao longo da competição, levou o Corinthians ao seu quinto título nacional, conquista esta que daria ao Timão o direito de disputar automaticamente a fase de grupos da principal competição sul-americana. 

E assim começou 2012. Apesar do contrato com a Multimarcas próximo do fim, a boa campanha na Libertadores fez com que a diretoria assinasse milionários patrocínios de ocasião com Magazine Luiza e Iveco, que, inclusive, estampou a camisa corintiana na decisão contra o Boca Juniors. Nem vamos aqui discutir a polêmica que envolve a construção do Itaquerão e nem os tiros no escuro dados, por exemplo, com a contratação do chinês Zizhao, que até agora esteve mais no departamento médico, mas é fato que o título sul-americano foi alcançado depois de bastante preparo administrativo da cúpula alvinegra.

Por mais que pareçam balela, as contratações já ventiladas de Tevéz e Ibrahimovic, como bem lembrada por Luiz Carlos Silva, financeiramente podem ser viabilizadas. Falo financeiramente porque, afinal, o Corinthians, nesse meio tempo, chegou a ter a quinta camisa mais "cara" do futebol mundial. Em questão de mídia ainda precisamos evoluir no Brasil e, ao contrário de Forlán e Seedorf, aqueles citados têm ainda mercado na Europa. Mas, depois do que aprendeu com a vinda de Ronaldo, o Corinthians pode ser o primeiro a abrigar um jogador tido como de ponta no Velho Continente em solo tupiniquim...


terça-feira, 10 de julho de 2012

Ibrahimovic, um novo louco no bando ?

por Luiz Carlos Silva


Após a conquista do inédito titulo da Libertadores da América, o Corinthians corre para não sofrer um desmanche e, se possível, fortalecer ainda mais o elenco. E se depender da coerência do técnico Tite, o Brasileirão não será apenas uma preparação de luxo para o mundial. Na tentativa de defesa do mais importante titulo nacional, Tite e sua trupe precisam se recuperar na tabela - o campeão da Libertadores é o penúltimo colocado na peleja nacional - para conquistar o segundo bicampeonato da história do clube e eternizar de vez esse grupo. Leandro Castán já se foi, Willian também e Paulinho ameaça desembarcar na pátria vice-campeã da Eurocopa.

Eis que surge em meio a toda esse "sai e fica" o nome que se quer para "entrar". Zlatan Ibrahimovic, atual centroavante do Milan, rival da Inter que quer tirar Paulinho do Timão, está sendo sondado pelo alvinegro da capital para compor o elenco, talvez visando mais o Mundial do que o Brasileirão, mas que sem dúvida será bem vindo em qualquer momento. No entanto, diferente de Seedorf e Forlán, Ibrahimovic não está fora dos planos dos times europeus e não paira sobre ele a mácula de "fim de carreira". E mesmo que está contratação venha de fato a acontecer, outra preocupação imediatamente surge para aqueles mais atentos.

Desde a chegada de Tite ao Corinthians em toda sua trajetória de trabalho, do fiasco contra o Tolima à glória do titulo invicto da Libertadores, uma característica foi preponderante: no Corinthians, não existe titular absoluto. Esta filosofia foi incorporada pelos jogadores e ganhou respaldo sempre que Tite mostrava que de fato quem estivesse melhor entraria em campo. Essa troca, do comprometimento dos jogadores por um lado e do reconhecimento do técnico por outro, foram o diferencial desse Corinthians vencedor. E o Ibrahimovic, com status de estrela, aceitaria comprometer sua titularidade em prol da equipe ? Trocaria sua posição de destaque no Milan, independente de seu desempenho em campo, por uma equipe onde o desempenho supera o nome ? Além disso, o Corinthians jogou os principais jogos da Libertadores sem um centroavante e se deu muito bem.

Como técnico Tite já foi questionado por várias vezes, mas como "gestor de pessoas" sua competência sempre foi constatada. Provavelmente ela será capaz de administrar um craque como Zlatan Ibrahimovic e o Corinthians só tem a ganhar com um jogador desse porte. Só não nos esqueçamos que o ultimo "craque" que apareceu no Parque São Jorge - nos referimos a Adriano - saiu pela porta dos fundos justamente por que não entendeu que no time de Tite pra jogar, tem de ter "comprometimento".             

domingo, 8 de julho de 2012

Forlán e Seedorf

por Lucas Ribeiro

Ontem, Seedorf foi recebido com festa pelos botafoguenses presentes ao Engenhão para ver o alvinegro enfrentar o Bahia. No mesmo dia, o Internacional, por sua vez, no Beira Rio, foi visto in loco por Forlán, o craque do Mundial de 2010. Enquanto o primeiro recusou propostas melhores, inclusive do Oriente Médio, para encerrar a carreira, ao optar por jogar no Brasil, terra de sua esposa, o segundo, filho de Pablo, ídolo são-paulino nos anos 70, voltou à América para ficar perto de sua terra natal, Uruguai, e para realizar o sonho, depois de treze anos de carreira, de atuar em solo tupiniquim. 

É inegável que estas contratações são importantíssimas, ao chamar a atenção da imprensa mundial para o nosso futebol, mas, ainda assim, não conseguimos trazer estrelas exclusivamente por dinheiro: elas vêm para cá em geral alegando outros motivos, e quase nunca o ganho financeiro. Quando chegam atraídas pelo fator pecuniário, o clube em questão se vê obrigado a montar um projeto exclusivo para a manutenção de tal jogador, como o que aconteceu com Ronaldo no Corinthians, negociação que, apesar de ter ajudado na germinação de alguns grãos que tornaram a conquista da Libertadores possível, testemunhava o jogador ficar com boa parte dos ganhos publicitários. 

Não podemos comparar um com o outro (afinal, enquanto um já era um nome consagrado, o outro é uma revelação com enorme potencial), mas também citemos Neymar, no Santos: o Peixe foi obrigado a montar um plano de marketing quase individual para a Joia, questão que força o clube da Vila Belmiro a não contratar outros atletas de alto nível. Claro que os santistas têm um time muito bom, com Rafael, Arouca, Ganso e cia. e que disputou as semifinais das duas últimas Libertadores, mas são também obrigados a abrir mão da contratação de um centroavante e de zagueiros, seus pontos fracos, de mais renome. Tanto que os reforços anunciados para estas posições foram os discutíveis David Bráz, ex-Flamengo, e Bill, ex-Corinthians. 

O próprio presidente do clube praiano, Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro, já afirmou ser impossível, com o que Neymar "consome" por mês, montar um esquadrão com futebolistas renomados em todos os setores do campo. Portanto, o que proponho é: precisamos realizar um plano de longo prazo para que, daqui alguns anos, possamos ter mais craques atuando no país. Evoluímos, claro, muito, também auxiliados pela recente crise financeira que ainda reverbera na economia europeia, mas não devemos nos iludir: os recém-chegados holandês e uruguaio só aqui desembarcaram porque não interessavam mais às agremiações de ponta do Velho Continente. 

A própria presença de Neymar, teoricamente garantida até 2014, é uma prova incontestável dessa melhora. Mas, se não realizarmos planejamentos mais contundentes, os Forláns e os Seedorfs serão um fenômeno temporário. 


quinta-feira, 5 de julho de 2012

A América alvinegra

por Lucas Ribeiro

As piadas desde ontem não têm mais razões para existir. Depois de 52 anos de história, a Libertadores viu o time mais popular, o Corinthians, do seu maior país participante, o Brasil, conquistar seu título. O time, aguerrido, foi uma soma de heróis: do zagueirão Leandro Castán, que na sua despedida, justamente a final contra o Boca, foi um gigante, passando por Fábio Santos, Danilo e Alex, o trio que já havia levantado a Libertadores por São Paulo e Inter, e chegando a Émerson Sheik, que marcou gols fundamentais na semi e na decisão. 

Devemos, contudo, destacar duas personagens que foram, literalmente, a alma alvinegra: o goleiro Cássio e o volante Paulinho. O primeiro foi o símbolo da arrancada corintiana, depois da eliminação da equipe no Paulistão, diante da Ponte Preta. Depois de falhas, o então dono da meta, Júlio César, cedeu lugar ao jovem arqueiro que chegou do PSV, onde estava no ostracismo. Com defesas fundamentais, virou rapidamente um ídolo da Fiel. 

Já Paulinho, por sua vez, foi o homem da regularidade. A vitória do Corinthians sobre o rival Santos na semifinal foi a consolidação do camisa 8 no time do Parque São Jorge. Puxando contra-ataques, marcando e jogando com uma tremenda disposição, esteve com espírito de campeão. Além do mais, se já não bastasse essa atuação de gala, foi o ponto de equilíbrio corintiano numa Libertadores onde o técnico Tite, ainda ajudado pelo triunfo europeu do Chelsea na sua inspiração, armou um time voluntarioso taticamente. 

Falando do treinador alvinegro, ele pode estar longe de ser o melhor treinador da América, posição ocupada hoje, com vários quilômetros de distância em relação ao gaúcho, por Jorge Sampaoli, da Universidad de Chile, mas se tornou um nome fundamental para que o Corinthians se reerguesse depois da traumática eliminação na Libertadores passada, contra o colombiano Tolima. Bancado pela diretoria, elevou o espírito de todos, ao motivar uma equipe, que, apesar de perder os experientes Roberto Carlos e Ronaldo, ao final do ano conseguiria chegar ao seu quinto título brasileiro. 

Para concluir, parabéns ao Corinthians! O título serve para tirar o peso das costas do centenário clube paulistano, que, pela sua grandeza, se colocou na obrigação de ganhar a copa mais importante das Américas. E, apesar de demorado e sofrido, mais precisamente depois de meio século, como todo corintiano gosta, ele veio!

DESTAQUES


Seleção da Libertadores 2012 

Cássio (Corinthians): já explicado acima.
Roncaglia (Boca Juniors): bom lateral-direito. Marca e apóia com competência.
Schiavi (Boca Juniors): imprimiu segurança e, com os seus 39 anos, experiência à defesa xeneize.
Castán (Corinthians): além da regularidade ao longo da campanha, foi um leão na final.
Papa (Vélez): há anos o melhor lateral-esquerdo do continente. Menção honrosa ao jovem Mena, da La U.
Ralf (Corinthians): esteio do meio-campo corintiano. Se completa com Paulinho.
Paulinho (Corinthians): principal destaque da Libertadores.
Riquelme (Boca Juniors): depois de cinco anos, voltou a ser o ponto de equilíbrio de um Boca que novamente chegou à final da Libertadores.
Émerson (Corinthians): partidaças contra Santos, na Vila, e contra Boca, no Pacaembu.
Pabón (Atlético Nacional): bom centroavante. Já acertado com o Parma, da Itália.
Neymar (Santos): apesar de ter desaparecido quando o Peixe mais precisou dele, conseguiu se consagrar como um dos artilheiros da Libertadores.

Técnico: Tite (Corinthians): pelos motivos falados acima. Não é o melhor da América, mas teve importância capital na montagem de um grupo fechado.



segunda-feira, 2 de julho de 2012

O poderoso chefão

por Lucas Ribeiro

Segundo o dicionário Michaelis, paternalismo é: "1 Regime da autoridade do pai. 2 Sistema social de relações paternais entre chefe e subordinados, como se fossem estes uma família tutelada por aquele." Geralmente adotado por lideranças autoritárias, como a de Getúlio Vargas no período do Estado Novo, quando o "pai dos pobres" (epíteto já bastante sugestivo) instaurou uma relação direta com as diversas classes sociais, sem intermediários, também como um paternalista se comportou Juvenal Juvêncio depois da vitória são-paulina, por 3 a 2, sobre o Cruzeiro, no sábado, no Estádio Independência, em Belo Horizonte. 

O mandatário tricolor invadiu o gramado, como se tivesse sido o artífice da vitória, a partir de uma reunião organizada entre ele e os atletas antes do confronto. Não podemos, é claro, tirar os méritos do (eterno) interino Milton Cruz em colocar um time mais propício à velocidade dos laterais-alas Douglas, na direita, e Cortez, na esquerda. Ambos foram responsáveis por puxar os paulistas à frente, causando constante dor de cabeça aos mineiros, que, em casa, ousavam mais no ataque. 

Entretanto, a trinca defensiva, que teoricamente daria mais segurança à meta tricolor, baseada nos frágeis Paulo Miranda e Édson Silva - por sábado ainda podemos dar certo crédito a João Filipe (o Blackenbauer de outrora) - falhou e deu espaço para que o Cruzeiro chegasse a seus dois gols, ambos anotados por Rafael Donato, em erros cometidos pelo ex-defensor do Figueirense. Contudo, não que seja favorito ao título, longe disso, mas os três pontos conseguidos fora do Morumbi dão mais segurança ao São Paulo, que pode se fixar definitivamente na briga pela Libertadores-13. 

Voltando a Juvêncio, o "responsável" por levantar os ânimos atléticos dos jogadores, temos que nos manter alerta: para quem rasgou o estatuto, e fica pelo menos até 2014 no poder, os oito anos de Estado Novo, novamente falando de Vargas, podem parecer "fichinha"...

domingo, 1 de julho de 2012

A consolidação da Fúria

por Lucas Ribeiro

De tempos em tempos assistimos a temíveis esquadrões. Da seleção brasileira dos anos 60, passando pela revolucionária, apesar de ter ficado sem taças, Holanda dos anos 70 e pela França do final do século passado e início deste, chegamos à atual Espanha. Foi uma verdadeira aula, de tática e técnica, o que os ibéricos aplicaram hoje, na Ucrânia, aos italianos. Uma massacrante posse de bola e uma constante movimentação, marca mais que registrada, deram um nó em qualquer tentativa de reação dos rivais, que, capitaneados pelo surpreendente Cesare Prandelli, têm tudo para recolher os cacos da goleada e mirar rumo à classificação ao Mundial de 2014 (e na possibilidade de conquistarem a Copa dos Confederações do ano que vem). 

O jogo, contudo, começou equilibrado. A Itália, trocando passes à semelhança dos espanhois, mantinha uma posse de bola quase parelha à do adversário (a certa altura do primeiro tempo, ela chegou a 49% para a Azzura). O primeiro tento espanhol, aos 14 minutos, por exemplo, nasceu depois de uma brilhante inversão do ataque da equipe: Fàbregas, que deveria estar no meio para finalizar, apareceu na direita e cruzou para Silva, este, sim, responsável por atuar naquele setor, que cabeceou sem chances para Buffon. A partir daí, o jogo tomou uma cara mais de Espanha.

Apesar de ter demorado, só aos 41, o segundo gol se originou da esperteza de Jordi Alba, a maior revelação desta Euro. Depois de passar nas costas dos marcadores, ficou cara-a-cara com o goleirão italiano, que viu a bola morrer devagar na rede. Com o intervalo, porém, a Itália tentou uma vã reação, dando novamente para que a Espanha, no seu característico toque de bola, tomasse conta novamente da partida. 

Como "quem tem pressa come cru", o já longo hiato entre o primeiro e o segundo gols, de 37 minutos, foi ainda maior em relação deste último ao terceiro: sem contar a pausa de 15, foram 44. O talismã Fernando Torres, que, depois de uma péssima Copa de 2010, parece retomar sua moral, foi novamente à festa. Agora, com a tampa do caixão já fechada, ainda teve tempo pra mais um: o também reserva Mata, aos 44, deixou o seu. 

Festa mais que merecida. Além de responsável pelo placar mais elástico já concretizado numa final de Euro, a Espanha é dona de um inédito bicampeonato consecutivo (é tri pois, na conta, devemos somar o título de 1964). Será que, depois de mostrar ao mundo suas qualidades e de revolucionar com o seu 4-2-3-1, copiado hoje em quase todos os cantos do planeta, vamos ter novas surpresas no Brasil? Afinal, além da seleção canarinho, em 1958 e 1962, nenhuma outra equipe conseguiu um bimundial...