domingo, 1 de julho de 2012

A consolidação da Fúria

por Lucas Ribeiro

De tempos em tempos assistimos a temíveis esquadrões. Da seleção brasileira dos anos 60, passando pela revolucionária, apesar de ter ficado sem taças, Holanda dos anos 70 e pela França do final do século passado e início deste, chegamos à atual Espanha. Foi uma verdadeira aula, de tática e técnica, o que os ibéricos aplicaram hoje, na Ucrânia, aos italianos. Uma massacrante posse de bola e uma constante movimentação, marca mais que registrada, deram um nó em qualquer tentativa de reação dos rivais, que, capitaneados pelo surpreendente Cesare Prandelli, têm tudo para recolher os cacos da goleada e mirar rumo à classificação ao Mundial de 2014 (e na possibilidade de conquistarem a Copa dos Confederações do ano que vem). 

O jogo, contudo, começou equilibrado. A Itália, trocando passes à semelhança dos espanhois, mantinha uma posse de bola quase parelha à do adversário (a certa altura do primeiro tempo, ela chegou a 49% para a Azzura). O primeiro tento espanhol, aos 14 minutos, por exemplo, nasceu depois de uma brilhante inversão do ataque da equipe: Fàbregas, que deveria estar no meio para finalizar, apareceu na direita e cruzou para Silva, este, sim, responsável por atuar naquele setor, que cabeceou sem chances para Buffon. A partir daí, o jogo tomou uma cara mais de Espanha.

Apesar de ter demorado, só aos 41, o segundo gol se originou da esperteza de Jordi Alba, a maior revelação desta Euro. Depois de passar nas costas dos marcadores, ficou cara-a-cara com o goleirão italiano, que viu a bola morrer devagar na rede. Com o intervalo, porém, a Itália tentou uma vã reação, dando novamente para que a Espanha, no seu característico toque de bola, tomasse conta novamente da partida. 

Como "quem tem pressa come cru", o já longo hiato entre o primeiro e o segundo gols, de 37 minutos, foi ainda maior em relação deste último ao terceiro: sem contar a pausa de 15, foram 44. O talismã Fernando Torres, que, depois de uma péssima Copa de 2010, parece retomar sua moral, foi novamente à festa. Agora, com a tampa do caixão já fechada, ainda teve tempo pra mais um: o também reserva Mata, aos 44, deixou o seu. 

Festa mais que merecida. Além de responsável pelo placar mais elástico já concretizado numa final de Euro, a Espanha é dona de um inédito bicampeonato consecutivo (é tri pois, na conta, devemos somar o título de 1964). Será que, depois de mostrar ao mundo suas qualidades e de revolucionar com o seu 4-2-3-1, copiado hoje em quase todos os cantos do planeta, vamos ter novas surpresas no Brasil? Afinal, além da seleção canarinho, em 1958 e 1962, nenhuma outra equipe conseguiu um bimundial...

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