domingo, 8 de julho de 2012

Forlán e Seedorf

por Lucas Ribeiro

Ontem, Seedorf foi recebido com festa pelos botafoguenses presentes ao Engenhão para ver o alvinegro enfrentar o Bahia. No mesmo dia, o Internacional, por sua vez, no Beira Rio, foi visto in loco por Forlán, o craque do Mundial de 2010. Enquanto o primeiro recusou propostas melhores, inclusive do Oriente Médio, para encerrar a carreira, ao optar por jogar no Brasil, terra de sua esposa, o segundo, filho de Pablo, ídolo são-paulino nos anos 70, voltou à América para ficar perto de sua terra natal, Uruguai, e para realizar o sonho, depois de treze anos de carreira, de atuar em solo tupiniquim. 

É inegável que estas contratações são importantíssimas, ao chamar a atenção da imprensa mundial para o nosso futebol, mas, ainda assim, não conseguimos trazer estrelas exclusivamente por dinheiro: elas vêm para cá em geral alegando outros motivos, e quase nunca o ganho financeiro. Quando chegam atraídas pelo fator pecuniário, o clube em questão se vê obrigado a montar um projeto exclusivo para a manutenção de tal jogador, como o que aconteceu com Ronaldo no Corinthians, negociação que, apesar de ter ajudado na germinação de alguns grãos que tornaram a conquista da Libertadores possível, testemunhava o jogador ficar com boa parte dos ganhos publicitários. 

Não podemos comparar um com o outro (afinal, enquanto um já era um nome consagrado, o outro é uma revelação com enorme potencial), mas também citemos Neymar, no Santos: o Peixe foi obrigado a montar um plano de marketing quase individual para a Joia, questão que força o clube da Vila Belmiro a não contratar outros atletas de alto nível. Claro que os santistas têm um time muito bom, com Rafael, Arouca, Ganso e cia. e que disputou as semifinais das duas últimas Libertadores, mas são também obrigados a abrir mão da contratação de um centroavante e de zagueiros, seus pontos fracos, de mais renome. Tanto que os reforços anunciados para estas posições foram os discutíveis David Bráz, ex-Flamengo, e Bill, ex-Corinthians. 

O próprio presidente do clube praiano, Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro, já afirmou ser impossível, com o que Neymar "consome" por mês, montar um esquadrão com futebolistas renomados em todos os setores do campo. Portanto, o que proponho é: precisamos realizar um plano de longo prazo para que, daqui alguns anos, possamos ter mais craques atuando no país. Evoluímos, claro, muito, também auxiliados pela recente crise financeira que ainda reverbera na economia europeia, mas não devemos nos iludir: os recém-chegados holandês e uruguaio só aqui desembarcaram porque não interessavam mais às agremiações de ponta do Velho Continente. 

A própria presença de Neymar, teoricamente garantida até 2014, é uma prova incontestável dessa melhora. Mas, se não realizarmos planejamentos mais contundentes, os Forláns e os Seedorfs serão um fenômeno temporário. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário