por André Gobi
Edson Arantes do Nascimento.
Nascido no interior de Minas Gerais, mais precisamente na cidade de Três
Corações, ganhou o mundo através de suas jogadas mágicas, impressionante
habilidade, técnica e o “dom” para jogar futebol. Brilhou com a camisa do
Santos Futebol Clube e da Seleção Brasileira (também teve passagem por outros
clubes no final de carreira, como o Cosmos da Major League Soccer, nos Estados
Unidos). Por isso, recebeu a alcunha de Rei do Futebol, título que para alguns
é merecido e para outros chega a ser patético (assim com as outras coroas
distribuídas no Brasil às suas “celebridades”).
Não pretendo e não há o que se
discutir sobre Pelé, o jogador. Foi o melhor de seu tempo, isso é indiscutível.
Encantou plateias no mundo todo, deu show, ganhou títulos e colheu os louros da
fama. Justo e totalmente aceitável.
Mas, é sim discutível quando se
clama aos quatro cantos em alto e bom som que Pelé foi o melhor jogador de
todos os tempos. Isso é algo que não pode ser mensurado, e eis o por que. O
futebol jogado por Pelé não é o mesmo jogado por seus “concorrentes” a melhor
futebolista de todos os tempos. O esporte bretão em questão apresentou muitas
evoluções técnicas e táticas, além de ter se tornado um esporte e negócio (falo
de cifras) muito mais concorrido e disputado dentro e fora dos gramados. Do
mesmo jeito que o jogo era um quando Leônidas da Silva (considerado o melhor
até a explosão de Pelé) desfilava pelos gramados, já era outro quando Pelé
esteve em seu ápice. E isso também se aplica ao tempo em que jogou Maradona e
agora a nova estrela, o astro argentino Messi, e até Neymar.
Acontece que Pelé, conhecido por
muitas vezes falar bobagem quando abre a boca (Romário certa vez disse que
“Pelé calado era um poeta”), parece ter levado à sério demais essa história de
realeza, e como um bom rei absolutista não quer abrir mão do trono. Sempre que
algum novo jogador desponta no cenário mundial como nova sensação, Pelé faz
questão de desmerecê-lo, voltando ao passado e exaltando seus fatos quando
perguntado sobre determinado atleta. Fatos esses que, convenhamos, muitas vezes
parecem ser mais “causos” contados para se engrandecer. Recentemente, em
entrevista a uma rádio belga, quando perguntado qual jogador poderia algum dia
superá-lo, Pelé respondeu que isso nunca aconteceria, porque, segundo ele, seus
pais haviam jogado a forma fora logo depois de o terem concebido. O
entrevistador apenas respondeu de maneira irônica e inconformada: “E o rei dá
mais uma amostra de sua real humildade”.
Pelé se mostra visivelmente
incomodado quando alguém pede sua opinião sobre algum jogador que de alguma
forma ameace seu “reinado”. Faz questão de desmerecê-lo, como no recente caso do
astro Lionel Messi. Ressalta que, para ser comparado consigo, o argentino teria
que ganhar três Copas do Mundo e marcar mais gols que ele. Para alguns mais
patriotas, fãs ou saudosistas, os argumentos do “rei” fazem sentido. Porém,
para quem acompanha a evolução do esporte, sabe que isso não passa de um argumento
de defesa pífio usado por Edson.
Um de seus mais novos escudos é o
ídolo santista, Neymar. Jogador de qualidade inquestionável, extremamente
habilidoso e técnico, o jovem ainda é uma jóia a ser lapidada, tem muito a
evoluir e creio que ainda alçará vôos mais altos. É o maior jogador do Brasil e
também a maior esperança de vitórias do selecionado nacional, mas, com toda a
certeza, ainda está longe de Messi, que é vitorioso e desequilibra nos
campeonatos com níveis técnicos mais altos que os disputados por Neymar, e
ainda é artilheiro das últimas quatro edições da Uefa Champions League, o maior
torneio de clubes do planeta. Pelé faz questão de ignorar esses fatos e também
de frisar que Neymar é melhor que Messi, quando perguntado sobre a genialidade do
argentino. Ao fazer esse tipo de comparação, acaba até prejudicando o jogador
do Santos, que já carrega a pressão de ser o “salvador” do Brasil na copa de
2014, onde comandará a seleção anfitriã. Aliás, o próprio Neymar rechaça
qualquer comparação com Messi, sempre dizendo que o argentino é muito melhor
que ele e que é um grande ídolo seu.
Uma coisa um tanto triste é ver
Pelé se dando a isso. Ele realmente não precisa, ao ter construído uma história
impecável dentro dos campos (fora, nem tanto). Vale lembrar aqui também que
Pelé, sempre oportunista e fazendo alianças um tanto quanto questionáveis, tem
uma história ligada ao Santos Futebol Clube, porém, nos tempos de “vacas
magras” na Vila Belmiro, se manteve bem afastado de lá, voltando a ligar sua
imagem ao clube com mais ênfase no começo dos anos 2000, quando surgiu o
belíssimo e vitorioso time que tinha no elenco Robinho, Diego, Elano, Renato, entre
outros, mantendo e reforçando essa imagem agora na era Neymar.
Não pretendo aqui desmerecer nada
conquistado pelo cidadão e esportista Edson Arantes, mas apenas colocar alguns
pontos para reflexão sobre o comportamento que apresenta em situações que
deveria saber lidar com tranqüilidade e carisma, que sempre lhe foram
característicos.
De fato, eu que nada entendo de futebol, sou capaz de perceber que certos comentários do "rei" são mesmo de caráter questionável.
ResponderExcluirDe qualquer modo, eu gostei do texto. ^^
Apostar fichas improváveis, como Owen e Walcott para futuros melhores do mundo, ainda é aceitável, todos erramos, seja por paixão, êxtase momentâneo, pressão materna ou conjugal - eu mesmo, santista fraterno, apostei tudo no Robinho, que despontava como novo maremoto no mar morto do futebol do começo do século, mas vingou mesmo numa frágil "marolinha".
ResponderExcluirNamorar a Xuxa, para a época, era o mesmo de pegar a Gisele Bündchen hoje. Espantava o baixo astral, ao menos, mesmo com o Dengue rondando. Tá, isto também é considerável.
Com o Chaves a coisa foi mais séria: considere que o menino da vila (seria isso coincidência ou ação marqueteira?), ainda criança engarrafada, assistiu ao famigerado "Filme do Pelé". Tal ocorrido não geraria, no subconsiente da memória ainda em formação, trauma de cunho sexo-discriminatório, que o levaria à infâmia, à ganância hispânica excêntrica, e ao total descaso quanto à feminilidade (coitada da Chiquinha, quase desfalece em pobreza e solidão!), ao ponto de, já falido e sozinho, enveredar pelo mundo do Bátema, assinando obras de um obeso homem vestido de morcego que faz suas compras na Feira da Fruta, amante de um menino de prodígios eróticos ambivalentes e inimigo de um velho que não dispõe mais de sua virilidade, só de larga bocarra homerica (de Sérgio Homero). Hein, "suas putas"?
Agora, pouca humildade é infâme. Até para o Maradona. Mesmo, historicamente (e com este advérbio me arrisco) sendo pré-requisito de rei. Algum sábio, provavelmente monge tibetano ou o Silvio Santos, disse, em algum momento: "A humildade é medida da grandeza." Ah, o pensamento se completava com: "Vixi, mâínha, anhanhagungunden-dê, ordináaaaaaria!"
Como bem disse Nietsche: "Pelé está morto".
Como foi frisado, não é objeto de discussão a grandeza de Pelé, mas sim o comportamento pífio ao qual se presta, talvez por medo de alguma "superação" que não irá acontecer, em algumas vezes.
ExcluirMuito obrigado pelo comentário!
Abraço.