sexta-feira, 29 de março de 2013

Será mesmo apenas uma fatalidade ?

por Luiz Carlos Silva

No meio de semana foi realizada mais uma rodada do campeonato paulista. Chata como de costume. Infelizmente e com todo o respeito aos times de menor expressão, os jogos do estadual não trazem a emoção que atrai os torcedores. Os quatro grandes, de um jeito ou de outro, conseguem presenciar sua torcida no estádio. Caberia aos torcedores dos times menores mostrar seu entusiasmo e fazer a diferença, mas isso não acontece. É por que não tem graça mesmo, o nível técnico é baixo demais. O empate entre Corinthians e Penapolense em 1x1 foi cansativo. O primeiro tempo teve até alguns momentos com boas jogadas, mas nada de mais. Depois foi só jogo treino. O São Paulo fez o que devia, 2x0 contra o Paulista com dois gols de Luis Fabiano. Jogo bom pro São paulo, sem susto, sem complicação. Joguinho mole,
mole. Na quinta, o Santos teve mais trabalho com o Mogi Mirim. O empate em 2x2 foi resultado de um jogo relativamente interessante, movimentado. Neymar não estava lá super inspirado, mas foi participativo. A torcida pegou no pé do time, e vaiou. Vaiou o time todo, não só Neymar.

De todos os jogos, um merece destaque especial. O Palmeiras foi à Mirassol enfrentar o time local e sofreu um revés quase inacreditável. Uma goleada de 6x2, apenas no primeiro tempo. Uma pane geral acometeu os jogadores do time do Parque Antártica. A primeira especulação foi, como esperado, a saída de Gilson Kleina do comando do Verdão. Dois dias após o jogo, que foi realizado na quarta-feira, já está confirmada a permanência do técnico. O presidente Paulo Nobre, em entrevista coletiva, lamentou a péssima atuação do time e considerou o resultado do jogo "uma fatalidade". Se esse resultado catastrófico tivesse ocorrido com qualquer outra equipe, provavelmente a justificativa de "fatalidade" seria cabível. Mas não com o Palmeiras.

De 2001 pra cá, o Palmeiras tem sofrido tais fatalidades com mais frequência do que qualquer outro time: 

2001: Palmeiras 2x6 Fluminense
2003: Palmeiras 2x7 Vitória
2006: Figueirense 6x1 Palmeiras
2007: Cruzeiro 5x0 Palmeiras
2011: Coritiba 6x0 Palmeiras
2013: Mirassol 6x2 Palmeiras

Quando um time do porte do Palmeiras apresenta um histórico de derrotas tão vexatórias, alguns questionamentos talvez sejam necessários. Os atletas palmeirenses vem sofrendo recentemente, varias ameaças físicas por parte de torcedores, uma situação humilhante para um atleta profissional, que além de ser um fator de total desestimulo, diminui o que o futebol representa. O número de lesões dos atletas palestrinos parecem acontecer em demasia, até mesmo pro alto nível exigido pelo futebol de alto padrão. Mais recentemente, na última entrevista de Paulo Nobre, o presidente do Verdão esclareceu que os jogadores não recebem seus direitos de imagem a 2 meses.

Além dessas, muitas outras situações afligem a grande academia de futebol. Todos os problemas, ao que parecem, são estruturais e passam longe de ser apenas fatalidades. O novo presidente palestrino parece estar disposto a resgatar um dos maiores clubes do futebol brasileiro, mas apenas sua coragem não será suficiente. A Sociedade Esportiva Palmeiras terá novamente que se transformar em "sociedade" para poder, por meio da união de todos, reconstruir o Verdão mais importante do Brasil.         

sexta-feira, 22 de março de 2013

Justiça à Conmebol

por Lucas Ribeiro

Depois de se queixar da arbitragem de Wilmer Roldán após o término do confronto São Paulo x Arsenal de Sarandí, Luís Fabiano, mesmo após os 90 minutos, acabou expulso pelo árbitro. O natural seria, além da já tradicional multa de 300 dólares, Fabuloso pegar gancho de apenas um embate, gancho este que teria sido pago quando o atacante não pôde estar em campo na derrota diante do mesmo Arsenal, só que dessa vez na Argentina. 

A Conmebol, contudo, aprontou mais uma das suas. A entidade decidiu puni-lo por mais três jogos e determinar uma multa de 5 mil dólares pelo incidente. Aí é que eu pergunto: Como confiar numa confederação que, quanto mais o tempo passa, mais parece longe de exercer uma justiça? Evitarei, inclusive, entrar no mérito da morte do jovem Kevin Espada, que já é (infelizmente) o maior destaque desta edição da Libertadores. 

Mas, enquanto brigas e abuso de torcedores acontecem em quase todos os estádios que sediam jogos da principal competição interclubes da América, tal se preocupa apenas em aplicar uma pesada punição a um jogador que, obviamente sem razão, bate-boca com o árbitro depois de uma partida?

Todos sabemos dos problemas disciplinares de Luís Fabiano, e que ele, para não prejudicar o clube em momentos decisivos, como na última final da Sul-Americana, quando acabou expulso com poucos minutos em campo no jogo de ida e não esteve presente no confronto que deu a taça ao São Paulo, deveria colocar sua cabeça mais no lugar, mas nem no Brasil, onde as punições aos "anarquistas" são mais severas, o atacante já sofreu com sanção tão pesada. 

O que discuto é não a punição a LF, afinal, se a Conmebol tivesse um histórico de severidade nesse sentido, deveríamos compreender sem discutir o contrário, mas quais são os pesos e as medidas aplicadas por ela nas diversas situações? Ou seja, um torcedor brigão corre menos o risco de prejudicar seu time que um atleta apenas reclamão. Vai entender...

terça-feira, 19 de março de 2013

Corinthians 3x0 Tijuana-MEX - Análise

por Luiz Carlos Silva

Na última quarta-feira, dia 13, o Corinthians provou a diferença entre o gramado sintético e o gramado natural. O jogo no Pacaembu contra o Tijuana-MEX era fundamental para o futuro do time paulista na competição continental. Além disso, a volta da torcida corintiana ao Estado Paulo Machado de Carvalho foi marcante, com mais de 33.000 torcedores presentes, fazendo uma grande festa, trazendo de volta a graça ao futebol. Veja abaixo a escalação dos times:


As duas equipes vieram postadas em um esquema 4-4-2, mas cada uma desenvolvia esse esquema de maneira diferente. Enquanto o Corinthians mantinha sua formação mais tradicional, o Tijuana, quando vinha ao ataque, transformava seu 4-4-2 em 4-2-4, se tornando bastante ofensivo. Os primeiros 15 minutos do 1º tempo foram bem equilibrados: o Tijuana se lançou um pouco mais ao ataque, com subidas relativamente perigosas, mas o Timão segurou a onda e tomou pra si o domínio da partida. A técnica corintiana em um gramado natural se sobressaiu e com toques rápidos principalmente pelo lado direito, com Alessandro e Renato Augusto, a equipe de time se arremessava ao ataque com qualidade e oferecia perigo à Saucedo. O lado esquerdo, com Fábio Santos, embora com menos volume, também realizava investidas interessantes. Mas foi pelo lado direito que o Corinthians abriu o placar. Após boa troca de passes, Renato Augusto invadiu a área mexicana e soltou uma bomba, que, inusitadamente, bateu no travessão, na trave, na linha e no travessão de novo, ficando limpinha para Pato, que estavas prestes a sair, empurrar pro gol aos 26 do 1º tempo, era o 1x0, pra explosão da fiel. Veja o gol abaixo:

 

O ritmo da equipe brasileira se manteve mesmo após o gol, enquanto a equipe mexicana passou a atuar no contra-ataque. O Tijuana, embora seja uma equipe muito nova e estreante em Libertadores, apresenta um futebol razoavelmente organizado, com jogadores velozes pelas laterais. Mesmo assim, o setor defensivo do Corinthians não deu brechas e segurou bem o ímpeto dos visitantes. Nessa batida, o segundo gol não demorara a acontecer. E não deu outra. Novamente pelo lado direito, Renato Augusto disparou  e cruzou para Alessandro que desviou para Guerrero que guardou mais um, era o 2x0 pro donos da casa. Veja o gol abaixo:


O resultado era ótimo para o Corinthians, que voltava a brigar por vaga na segunda fase da Libertadores e de quebra tirava alguns pontos do líder do grupo, o Tijuana. Talvez por isso, o time do Parque São Jorge tenha vindo mais "morno" para o segundo tempo. E o Tijuana queria era esquentar as coisas. Assim como na 1ª etapa, o time do estádio Caliente começou iniciou o 2º tempo mais agressivo, agora precisando correr atrás do placar desfavorável. A equipe de Tite suportou bem esse sufoco e encaixou bons contra-ataques. O jogo começou a ficar meio truncado, muita marcação no meio campo, até que Paulinho fez a torcida levantar mais uma vez. Após cobrança de falta, Guerrero escorou de cabeça para a pequena área, onde Paulinho, livre, livre, só teve o trabalho de empurrar de cabeça e ver o goleirão Saucedo buiscar a bola lá no fundo, era o 3x0. Veja o gol abaixo:



O Corinthians mantém sua 2ª colocação no grupo 5, agora com 7 pontos, apenas 2 a menos que o próprio Tijuana. O próximo compromisso do Timão na Libertadores é contra o Millonarios-COL lá na Colômbia. Esse jogo é importantíssimo, e uma vitória do time brasileiro lhe daria tranquilidade para fechar a fase de grupos em casa, contra o San José-BOL.


Imagem do Jogo 

Todo time de futebol sabe da importância de sua torcida, mas nada pior do que lembrar dessa importância sentindo a total ausência daqueles que sempre apoiam. O Corinthians sentiu isso com o Millnarios-COL e na volta do bando de loucos ao Pacaembu, um homenagem esperava os torcedores. Veja:

 






O que se passa com o São Paulo?

por Lucas Ribeiro

A nuvem cinza resolveu estacionar no céu são-paulino. Apesar da vitória sobre o Oeste de Itápolis, que reforçou a liderança tricolor no Paulistão, a bomba estourou na quarta-feira passada, quando o time, ao perder para o Arsenal de Sarandí, da Argentina, dificultou suas possibilidades de se classificar às oitavas-de-final da tão cobiçada Libertadores. 

Na fatídica partida, inclusive, talvez alguns problemas de relacionamento ficaram evidentes: apesar de, nesta terça, ter admitido que falou "o que não devia", Lúcio saiu de campo a contragosto, tendo demonstrado chateação até mesmo no desembarque da equipe em São Paulo. No domingo, Édson Silva, primeiro, e Luís Fabiano, depois, pareceram não vibrar com entusiasmo depois de marcarem seus gols. 

Afinal, o que se passa com o São Paulo? O time, ao final do ano passado, voltou às conquistas, coisa que não acontecia desde 2008, ao levantar, de maneira invicta, a Copa Sul-Americana. Tal título, por sua vez, acendeu uma luz verde de novas temporadas vitoriosas, e que nem a venda do craque Lucas, sob circunstâncias financeiras excelentes, poderia impedir. Além do mais, a chegada, na pré-temporada, de um nome como Lúcio e de uma maior ambientação de Ganso, que chegara em agosto, seriam trunfos mais que suficientes para cobrir a saída do atual jogador do Paris Saint-Germain. 

Contudo, a liderança do Paulistão, competição à qual os tricolores dão de ombro, não é capaz de apagar o incêndio da má fase na Liberta, esta, sim, desejada de maneira obsessiva pelos torcedores. O ambiente parece regado a guerra de egos. O ex-zagueiro da Juve e o ex-meia do Santos, deixando a badalação com a qual desembarcaram no Morumbi de lado, passaram a demonstrar publicamente suas insatisfações. 

Luís Fabiano, outra estrela da companhia, parece não conseguir cumprir sua promessa de que estaria mais calmo em 2013. Na partida de ida diante do Arsenal foi expulso pelo árbitro após reclamar de erros ao final da partida e, portanto, prejudicou o time ao não poder atuar no revés em Sarandí. Há, ainda, os problemas de deficiência técnica: Douglas e Cortez, outro que até hoje mais prometeu do que de fato jogou, são irresponsáveis no ataque e mais irresponsáveis ainda na marcação. 

Ney Franco, que, atendendo ao problema já cultural do futebol brasileiro, recebe toda a carga e vê seu posto ameaçado, ainda anda sofrendo em como escalar o time versão 2013. A saída de Lucas pesou mais do que efetivamente parecia, e as tentativas de suprir a lacuna por este deixada no lado direito do campo têm ido em vão. Mesmo assim, creio que, pelo que fez ao clube na temporada passada, é cedo para que se demita o treinador. Afinal, pressão em grande equipes é algo normal, e é nessa hora que o treinador deve provar que tem pulso e competência.

As críticas a Lúcio via entrevista coletiva provam que o técnico está tentando colocar ordem na casa e, como convém, mostrar quem manda. Pois Franco tem muito potencial e, ao contrário do que pensava quando assumiu, deu cara e padrão a um time que, com Leão, parecia perdido. 

Ou seja, pelos descompassos comportamentais, se o treinador conseguir disciplinar suas estrelas, resolverá, na minha modesta opinião, uns 75% da dor de cabeça que vem afligindo o São Paulo. A indecisão tática, depois de reguladas as ameaças de "insubordinação", é algo bastante solúvel. E, como afirmei, em Ney eu confio. 

sexta-feira, 15 de março de 2013

E o galo tá quase voando !

por Luiz Carlos Silva

Na última quarta-feira, dia 13, em La Paz na Bolívia, o Atlético Mineiro subiu os 3.600 metros de altitude para enfrentar o The Strongest, que não é pário para o nível técnico do Galo, mas que na falta de fôlego do time mineiro poderia tirar proveito. Poderia. Para qualquer time brasileiro é muito custoso de fato jogar em grandes altitudes. O ar não vem, fica difícil dar aqueles piques pra alcançar a bola.

Embora tudo isso tenha afetado o time brasileiro, o Atlético foi aguerrido, fez sua qualidade se sobre sair, e dominou os minutos inicias da partida. Diego Tardelli abriu o placar aos 9 minutos do 1º tempo, após boa jogada de Jô pela direita do ataque mineiro. O time boliviano não esperava a investida mineira e pressionou a maior parte do primeiro tempo. Para economizar oxigênio, o Galo começou a assumir uma postura de contra-ataque. O The Strongest arriscava muito de fora da área, sabendo da estranheza que o goleiro brasileiro sentia com a diferença na velocidade da bola. Victor se portou bem às investidas bolivianas até os 43 minutos do 1º tempo. Cristaldo arriscou de fora da área e o goleirão do Galo bateu roupa na frente de Reina  que não desperdiçou e empatou a partida, era o 1x1 em La Paz.

 O resultado já era ótimo para o Atlético Mineiro, por todas as dificuldades do jogo e principalmente por estar fora de casa. Depois do intervalo a equipe brasileira retomou um pouco do fôlego, que também não durou muito. O time da casa aos poucos foi  retomando o controle da partida e a pressão foi intensa quase o segundo tempo inteiro. O Galo ia pouco ao ataque, nas poucas vezes que sobrava oxigênio para uma arrancada em contra-ataque.

Na tentativa de segurar o placar, Cuca sacou Bernard e colocou Serginho, que ficaria mais posicionado na marcação. Não esperava ele que Serginho, com sangue novo, fosse o principal responsável pela vitória do Galo. Após lançamento de Jô (ele novamente) Serginho alcançou a bola e cruzou pela direita buscando Ronaldinho, que só de estar ali apavorou o zagueirão que lhe poupou o trabalho de fazer o gol e empurrou pra rede ele mesmo, era o 2x1 pro Galo, líder absoluto do grupo 3 e detentor da melhor campanha até o momento da Taça Libertadores.

domingo, 3 de março de 2013

Será a culpa de um só?


por Lucas Ribeiro

Fevereiro foi um mês permeado de violência na Copa Libertadores da América. Enquanto no dia 20, na Bolívia, a confusão atingiu uma agremiação brasileira, o Corinthians, e envolveu a morte de um adolescente, dia 27, em Buenos Aires, na Argentina, torcedores do anfitrião Vélez Sarsfield se digladiaram nas arquibancadas com adeptos do Peñarol, do Uruguai.

Na estreia do atual campeão da competição e do mundo na edição 2013, diante do San José local, um garoto de nome Kevin Espada, de apenas 14 anos de idade, foi atingido por um sinalizador, atirado por torcedores brasileiros, e acabou falecendo, no momento em que a Fiel comemorava o gol alvinegro na partida. A morte do jovem, por sua vez, causou repercussões ainda no decorrer do embate, quando, enquanto se aqueciam, reservas corintianos eram atingidos por objetos arremessados das arquibancadas sob os gritos de "assassinos".

Nos dias que sucederam o fato, a Conmebol, Confederação Sul-Americana de Futebol, tomou providências. Numa onda moralizadora, a responsável pelo ludopédio no continente impediu, como pena, o Corinthians de mandar seus jogos até o final da presente Libertadores com torcida. Esse movimento sobrou, inclusive, ao rival São Paulo, que, após os incidentes ocorridos na Copa Sul-Americana passada, quando no Morumbi foi campeão com a negativa dos argentinos do Tigre de retornarem a campo depois do intervalo, alegando que haviam sido agredidos no vestiário por seguranças dos mandantes, teve de abrir mão de jogar em seu estádio diante do Atlético-MG, também pela Liberta.

Mas, afinal, de quem é a culpa pela violência nos gramados da América do Sul afora? A Conmebol agiu certo? Creio que a pena imposta ao Corinthians foi muito dura. Ignorar uma punição, ao certo, seria absurdo, mas fazer com o que o clube atue até o final sem torcida, pelo erro de um "torcedor", foi um pouco pesado. Devemos refletir também, além do mais, que os sinalizadores andam a solta nas partidas da competição. E, se eles são proibidos, a culpa deveria recair sobre quem? Sobre o mandante, que permite que os fanáticos vão ao estádio portando tais objetos, sobre os próprios fanáticos, que o utilizam a despeito de um regulamento que o proíbe, ou sobre a própria confederação, que nunca puniu nenhuma das partes anteriormente, sendo, portanto, omissa? O Corinthians, por sua vez, se sentido prejudicado, tenta, nos bastidores, manobrar a decisão.

Historicamente, devemos nos lembrar que a disputa da Libertadores é repleta de acontecimentos polêmicos. O arremessar de objetos ao gramado, maneira como, inclusive, a torcida boliviana, revoltada, respondeu contra os atletas brasileiros após a morte de um de seus adeptos, é algo já, infelizmente, tradicional. Parece que, se não houver lançamento de pedras, moedas, tênis e outras coisas que os espectadores têm à mão, não é um jogo do mais importante campeonato interclubes da América. Como reflexo, faz também parte do "ritual" a presença de policiais munidos de escudo à beira dos gramados impedindo que tais bugigangas atinjam jogadores que desejam efetuar cobranças de lateral e de escanteio, por exemplo.

Além do mais, o Mundial Interclubes, depois de uma fase de brilho na década de 1960, foi perdendo seu peso e importância depois de os europeus, revoltados com a pouca hospitalidade principalmente de argentinos e uruguaios, passarem a abrir mão, no decênio seguinte, de disputá-lo. Talvez o ponto alto de tal declínio tenha sido a edição de 1969, quando os hermanos do Estudiantes de La Plata enfrentaram os italianos do Milan. Num embate que tomou uma tônica política, o nativo Nestor Combin, jogador da agremiação da Europa e que atuara pela seleção francesa, chegou a ser detido pela polícia por "deserção".

Ou seja, estamos lidando com incidentes que acontecem há cinco décadas e contra os quais a Conmebol nunca tomou frente. A questão não é ser contra a moralização da competição, da qual seria totalmente favorável, mas se ela realmente será eficaz. Afinal, uma semana depois da morte de um garoto, duas torcidas se envolveram em uma guerra campal. Portanto, apesar de passar, sim, pelos torcedores e clubes, a responsabilidade passa, fundamentalmente, pela organizadora, que, se quiser realmente transformar a Libertadores, precisa punir com mais equidade, serenidade e, principalmente, seriedade.

sexta-feira, 1 de março de 2013

São Paulo 2x1 The Strongest-BOL - Análise

por Lucas Ribeiro

Na noite de ontem, no Morumbi, o São Paulo tinha um jogo-chave para manter viva as suas pretensões na presente edição da Libertadores. Depois da derrota, o Tricolor enfrentaria os bolivianos do The Strongest, um adversário teoricamente ideal para que uma vitória fosse concretizada. Porém, a facilidade ficou de fato apenas na teoria. Entrando em campo no 4-3-3, com Rogério Ceni; Douglas, Lúcio, Tolói e Cortez; Wellington, Denílson e Jádson; Osvaldo, Fabuloso e Aloísio, os paulistas enfrentaram um equipe jogando fechadinha no 4-4-2, treinada por Eduardo Villegas e com Vaca; Bejarano, Mendez, Barrera e Torrico; Vaizaga, Soliz, Chumacero e Cristaldo; Escobar e Reina. Veja abaixo os desenhos táticos:



Apesar de ter enfrentado um rochedo defensivo, desde o primeiro minuto do primeiro tempo o São Paulo esteve aquém do que poderia render. O trio de atacantes, principalmente Luís Fabiano e à exceção de Osvaldo, um verdadeiro pulmão humano, não buscava espaços, enquanto Jádson e destacavelmente Cortez faziam uma exibição abaixo da média. 

Por volta dos 18, o árbitro Enrique Cáceres ainda ignorou um pênalti sofrido pelo camisa 17, que, depois de driblar um marcador, foi acintosamente derrubado. Aos 21, contrariando toda e qualquer lógica, após um escanteio, Barrera abriu o placar aos visitantes. Com a vantagem no jogo, algo que desacreditou até os próprios bolivianos, o Strongest, como é natural, se retraiu ainda mais, fator que dificultaria ainda mais o jogo leve dos dianteiros tricolores. 

Dessa forma, quase sem preocupações defensivas, o São Paulo se lançou ao ataque. Longe da efetividade ideal, o gol demoraria a sair: Aos 43, depois de boa jogada de Aloísio pela direita, a bola foi cruzada para Osvaldo, que viu o goleiro Vaca entrar, literalmente, "com bola e tudo" no gol. Tal triunfo, porém, foi necessário para que os anfitriões voltassem mais tranquilos à segunda etapa. Acompanhe, novamente abaixo, a disposição defensiva boliviana no momento do segundo tento da partida: 


É possível observar acima, além da linha de ataque tricolor (em vermelho), a disposição quase intocável da defesa boliviana (em amarelo)

À etapa derradeira, o São Paulo, ainda mais soberano com relação à posse de bola, ainda apresentava um jogo abaixo das expectativas. Sofria demasiadamente com o esquema armado por Villegas, no qual era possível observar a última linha de dois homens ficar limitada quase ao avanço até o meio-campo. O time só foi acordar a partir dos 15, quando, depois de nova boa jogada de Aloísio pelo flanco destro, Jádson acertou o travessão. 

As entradas de Cañete, no lugar do muito provavelmente exaurido camisa 19, e Ganso, que substituiu Denílson, em um jogo no qual dois volantes eram desnecessários, mantiveram os donos da casa atentos. Tão atentos que, aos 34, se aproveitando de um cochilo defensivo boliviano, o camisa 8, em posição legal, recebeu e, esperando a saída do arqueiro Vaga, tocou para o Fabuloso decretar a vitória. 

Com o Morumbi em êxtase, o embate se tornou complicado, agora, ao Strongest, que se preparara a apenas jogar defensivamente. Apesar de ter ganho o campo de ataque e de, após duas bolas paradas, ter assustado os são-paulinos, o confronto se definiu em favor dos anfitriões.

Com três pontos, o Tricolor encosta no próprio clube boliviano na classificação do grupo e, contra o Arsenal, da Argentina, em casa, tenta manter a meta de 100% de aproveitamento em casa pela Libertadores antes de partir para La Paz. 


DESTAQUES


BOLA CHEIA


Osvaldo (São Paulo): extremamente eficiente. Não se cansa e ainda cai pelos dois lados. 

Ganso (São Paulo): entrou e, após uma jogada inteligentíssima, serviu o gol a Luis Fabiano. Aos poucos, vem mostrando que pode voltar ser o Ganso dos tempos de Santos. 


BOLA MURCHA


Enrique Cáceres: não anotou um pênalti claro em Osvaldo, pênalti este que poderia ter definido a partida em favor do São Paulo com muito mais tranquilidade.

Defesa são-paulina: Lúcio e Tolói não se encaixaram legal e, a despeito do pouco trabalho, deram demasiados espaços aos bolivianos, quando estes avançavam.