terça-feira, 30 de abril de 2013

Um finalista está decidido e o Dortmund está lá com merecimento e sofrimento


por André Gobi

O Santiago Bernabéu estava lotado, sem espaço para mais ninguém, para ver quem garantiria o passaporte para Londres, na final da Uefa Champions League. A maioria esmagadora, e óbvia, de torcedores merengues, fez uma bonita festa com um lindo mosaico que formava a taça da Liga, a conhecida “orelhuda”. A missão era difícil, afinal, o Real Madrid havia sofrido uma goleada do Borussia Dortmund que ainda ecoava na capital espanhola.

O time de José Mourinho começou como deveria, pressionando o Dortmund, obrigando o goleiro Weindfeller a fazer boa defesa em arremate de Cristiano Ronaldo, que esteve bem no jogo, no entanto, longe do que deveria para conduzir seu time à grande final. Hummels, que esteve mal no primeiro jogo das semi, dessa vez foi impecável. Ganhou praticamente todas por baixo e pelo alto. 

O técnico Jürgen Klopp armou o time de uma maneira perfeita, e isso foi refletido em campo. O Borussia foi melhor durante a maior parte do jogo, criando as mais claras chances de gol e obrigando o goleiro espanhol Diego López a trabalhar muito. Verdade também precisa ser dita. Parece que o Dortmund, embora forçasse o ataque (seguindo ordens do seu treinador), parecia displicente na hora de finalizar. Parecia que já haviam se colocado na final.

Para sorte dos alemães, o Real fazia um jogo aquém do esperado. Foi preciso Mourinho, com muito custo, trocar Higuaín por Benzema e Coentrão por Kaká, aos 12 do segundo tempo. A partir de então, o Real melhorou e passou a trabalhar melhor a bola e marcar mais território no campo defensivo alemão. Outro ponto negativo do Real foi o alemão Özil, que mais uma vez some em um jogo decisivo. Não é um jogador que cresce nos momentos decisivos, como se espera.

Com as mudanças, o Real melhorou e depois de uma boa jogada de Kaká, que passou para Di María cruzar, Benzema abre o placar aos 37 da etapa final. Substituições dando resultado e jogo inflamado. O time madridista passa a pressionar mais e o Dortmund fica perdido. Depois de ter feito um jogo impecável (mesmo errando muito no último passe do ataque), se descontrolou e sentiu o gol sofrido. Embalado, o time da casa ainda ampliou o placar aos 42 e ficou a um golzinho de chegar à final. 

Vale lembrar que o Dortmund jogou muito bem e com propriedade mesmo tendo perdido um de seus principais jogadores, Mario Götze ainda no primeiro tempo, que saiu lesionado dando lugar a Grosskreutz. Mesmo sem Götze, o time se portou muito bem em campo, se defendendo de maneira exemplar e atacando de maneira perigosa, incomodando muito o Real, que se viu, em um momento de total falta de criatividade, alçando bolas na área alemã. 

Destaque positivo do lado alemão para o goleiro Weindfeller, que foi sempre muito seguro e soube segurar o jogo e esfriar os jogadores adversários, quando esses pressionavam muito no começo da partida. Também ressalto a partida do defensor Hummels, que fez uma partida perfeita taticamente, muito seguro e preciso nos desarmes. Do lado espanhol, destaque para Sérgio Ramos que fez uma partida de muita raça e anotou o segundo gol, dando sobrevida ao seu time. Além dele, Kaká e Benzema, que entraram e deram novo rumo à partida, que caminhava para uma classificação tranqüila da equipe alemã.

O Borussia Dortmund é um time a ser observado. Está, há alguns anos, fazendo campanhas de altíssimo nível, com um bom toque de bola e apresentando um futebol agressivo, que vai para cima, independente da força adversária. Jürgen Klopp se mostra um técnico com muito potencial e inteligente, além de conceder entrevistas engraçadas, alfinetando a todos. Do lado do Real Madrid, é a terceira eliminação seguida em uma semifinal de Champions League. O Trabalho de José Mourinho não é ruim, como muitos afirmam. Pode ter errado na escalação, mas é um treinador vitorioso e ainda um dos melhores do mundo, se não for o melhor. O time do Real é forte, com um elenco invejável. O que acontece é que tanto a diretoria quanto o elenco, parecem estar esgotados do treinador, e frequentemente existem atritos. A torcida aplaudiu no final, visto o resultado e entrega dos jogadores.

O Dortmund está na final, merecidamente. Resta aguardar o adversário, que tem grande chance de ser seu rival local, o Bayern de Munique, que coincidentemente, se encontram nesse final de semana pelo campeonato local.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Inglaterra prestes a ser invadida pelos alemães

por André Gobi


Não, essa não é uma manchete referente a uma invasão bélica que os ingleses tanto temiam durante a Segunda Guerra Mundial. A invasão, neste caso, é futebolística e será mais especificamente em Londres, no estádio de Wembley, em 25 de maio.

O Borussia Dortmund atropelou o poderoso Real Madrid, fazendo um placar expressivo de 4 x 1 nos merengues (a exemplo do que fez o Bayern contra o Barcelona). Uma vitória do time alemão era até esperada, porém, não um resultado tão elástico e sobrando tanto em campo. Poderia ter feito mais. O bandeira chegou a anotar impedimento erroneamente em lance perigosíssimo de Reus. E mais, o gol do time espanhol saiu apenas de uma infelicidade do zagueiro Hummels, que depois esteve perdido durante todo o jogo. O defensor dominou mal uma bola que vinha do alto, deixando nos pés de Higuain, que rolou para Cristiano Ronaldo, que por sua vez só teve o trabalho de empurrar para as redes.

Nesse momento, o Real ameaçava tomar conta do jogo. Porém, depois do intervalo, o Dortmund passou a dominar novamente e aplicou um chamado “chocolate” nos comandados de José Mourinho. Lewandowski comandou a vitória alemã, fazendo os quatro gols de seu time, que até chegou a oscilar durante o primeiro tempo, principalmente depois de ter levado o gol de empate, mas na volta do intervalo se impôs em campo e jogou como um time grande contra o gigantesco Real.

A torcida do Dortmund apoiou o tempo todo, não se importando (pelo menos, durante os 90 minutos) com a bomba da semana, a transferência de seu melhor jogador, Mario Götze, para o rival Bayern de Munique. O Paredão Amarelo, como é chamada a ala da torcida que fica atrás de um dos gols, cantou e incentivou durante toda a partida, assim como o resto do estádio, lotado e com óbvia maioria de torcedores alemães.

Os dois times espanhóis ainda não estão eliminados. O Real, pelo menos, ainda tem chances, mesmo que remotas. O Barcelona é praticamente fora carta do baralho, a menos que aconteça um desastre no Camp Nou, com influência da arbitragem, o que considero improvável. Londres pode ser tomada pelos alemães, e com muita justiça. Os dois times conseguiram juntos, marcar oito gols nos dois times mais poderosos do planeta no momento. Foram times bem postados defensivamente e muito fortes ofensivamente. Descem para o contra ataque para definir o jogo, com velocidade e impiedosamente. Se a final for mesmo alemã, terá sido feita justiça pelo que apresentaram até agora. Resta irem à Espanha e confirmar seu poder.

Interessante é ver como chegam fortes os dois times alemães, o atual e o ex-campeão da Bundesliga, com a sensação da Champions, Borussia Dormund (ao lado do pequeno espanhol Málaga, justamente eliminado por esse alemão na fase anterior) disputando uma provável final, tendo seu mais famoso jogador, Götze, fazendo seu último jogo justamente contra seu novo clube. Como dizem, tem coisas que só a Champions League faz por você.

Borussia 4x1 Real Madrid

por Lucas Ribeiro

Borussia 4x1 Real Madrid. Isso mesmo. Os alemães, na semifinal restante nesta temporada da Champions League, empreenderam mais um chocolate diante dos espanhóis. Os antes favoritos, tudo indica, devem ficar no caminho. Enquanto isso, o futebol germânico, apesar ainda do favoritismo da Fúria em conquistar o bicampeonato mundial no Brasil, com uma geração jovem, vai dando indícios de que dificilmente será batida pelo menos a partir de 2018. 

Os jovens Götze, Gundogan e Reus são um trio taticamente impecável. O primeiro, já negociado com o rival Bayern de Munique, pela bagatela de 38 milhões de euros, e acusado, por isso, de "Judas", deve, depois da atuação de hoje, refazer as pazes com o torcedor da Vesfália. Mas, além do mais, do comprometimento tático do campeão europeu de 1997, destaquemos Lewandowski. O polonês, este, para sorte dos rivais, joga numa seleção mais frágil., tem um poder de finalização impressionante. 

Hoje não há, no mundo, centroavante mais letal. O camisa 9 do Dortmund alia o poder de finalização de um Batistuta, a força física de um Adriano e a habilidade de um Suker. Só na inauguração das semifinais fez quatro e foi, dessa forma, determinante para deixar sua equipe com um pé e meio na final, a ser disputada no histórico Estádio de Wembley, em Londres. 

Acima de tudo, falemos também do trabalho do promissor Jürgen Klopp. Depois de um planejamento inciado em 2010, com a intenção de devolver o clube às glórias, o treinador foi o grande responsável, de maneira cirúrgica, de pincelar as jovens promessas e de, aos poucos, fazê-las atuar de maneira impecável.  A última vez que a torcida do Borussia foi tão feliz foi há 16 anos, quando um timaço liderado por Möeller e Júlio César bateu a Juve, na final da UCL, e o Cruzeiro, no Interclubes, e levantou, por conseguinte, além do continente, o mundo. Para Klopp, pelo trabalho, uma derrota na final já igualaria. Ao menos, já serviria para levantar novamente a autoestima do clube. E, num nível internacional, mais uma vez, para provar que os alemães podem ser a grande pedra no sapato dos espanhóis...


DESTAQUES

POSITIVOS

Lewandowski (Borussia): Definiu, com seus 4 gols, o jogo. Simplesmente letal.

Götze (Borussia): além de habilidoso, também é uma "formiguinha". É um operário, não para por um segundo. Aos 20 anos, tem tudo para se tornar um dos grandes craques da História do futebol mundial.

NEGATIVOS

Cristiano Ronaldo (Real Madrid): fez o gol merengue, mas, apagado, não conseguiu incomodar a bem postada defesa germânica.

José Mourinho (Real Madrid): A partida de hoje deve enterrar o trabalho tão cercado de expectativas quando desembarcou no clube, em 2010. Amparado por milhões de euros, e consequentemente por craques como Cristiano Ronaldo, Kaká, Xabi Alonso, Khedira, Di María e cia., fracassou. Isso, contudo, não significa que Mou ainda não é um grande técnico.

terça-feira, 23 de abril de 2013

À espera de um milagre



por André Gobi

Dois times que prezam pelo toque de bola e o jogo bonito se enfrentaram nessa terça, pela primeira partida das semifinais da Uefa Champions League. O Bayern de Munique recebeu o Barcelona na capital da Baviera para esse duelo que prometia ser eletrizante. E o foi, ao menos para os torcedores do time alemão. Um 4 x 0 e aula de futebol.

Mesmo levando em conta dois gols irregulares ou, ao menos um contestável, e assim, colocando em dúvida o placar final do jogo, a vitória não pode ser contestada. O Bayern sobrou em campo, principalmente Thomas Müller, Robben e o zagueiro brasileiro Dante (que participou do primeiro gol e evitou o empate espanhol, ao se antecipar a Messi em bola cruzada na área) sem contar o time todo, que fez partida exemplar.

Se, de um lado, o time bávaro passeou em campo, do outro, o Barcelona foi irreconhecível e, novamente, foi vítima de sua maior deficiência, a bola aérea. Tanto o primeiro quanto o segundo gol do Bayern surgiram de bolas alçadas na área do time catalão, que tendo sua zaga toda retalhada (Puyol e Mascherano estão fora por se encontrarem lesionados), foi preza fácil para o poderoso time de Munique. Além disso, o goleiro alemão Neuer, poderia ter visto o jogo sentado em um banquinho, visto que tão pouco foi acionado pelo time espanhol.


Ainda para piorar a situação, Lionel Messi visivelmente não se encontra em condição de jogo. O argentino andava em campo e parecia temer que sua lesão se agravasse. Teria sido prudente da parte de Tito Villanova tirar sua maior estrela (e esperança) ainda no intervalo, talvez colocando Fábregas, a fim de dar maior movimentação do meio para frente e, quem sabe, sair da Allianz Arena com um prejuízo menor. Não o fez, ficou na espera de um lampejo da genialidade do melhor jogador do mundo, e pagou caro.



O Barcelona conseguiu uma virada história e sensacional contra o Milan, nas oitavas de final. Porém, agora, a situação é muito mais crítica. O Barça havia perdido por 2 a 0 em Milão e o Bayern, hoje, é muito superior ao Milan. E talvez, o fator fundamental que tenha sido determinante neste placar e pode ser decisivo para o próximo é a situação física de Messi. Nas oitavas, estava em plenas condições de jogo e decidiu. Já no segundo jogo contra o Paris Saint-Germain, já não estava em condições e também foi decisivo. Agora, não sabemos em quais condições estará na próxima semana. Hoje, não pôde ser o grande jogador que é. De qualquer maneira, bem ou mal, Messi e seus companheiros terão pela frente uma situação totalmente adversa, que estão desacostumados. E pior, contra um time fortíssimo e com fome de vitória. Pelo jeito, só um milagre mesmo. 

Bayern 4x0 Barcelona

por Lucas Ribeiro

23 de abril de 2013. Muito provavelmente hoje o mundo do futebol enterra o epíteto do Barcelona de "melhor time do mundo" e o entrega ao Bayern de Munique, equipe que teve uma temporada irretocável. O futebol ofensivo e driblador, de Messi, Villa e cia. tem grande possibilidade de ser substituído pelo, a mim mais interessante, futebol tático de Müller, Ribéry, Robben, Dante e Martínez. 

Não se justifica a contusão do camisa 10 argentino, que jogou bem abaixo de seu usual. Não se justificam o gol impedido do camisa 25 bávaro. Nem mesmo a "parede" que o craque da seleção alemã fez em Jordí Alba, no lance do quarto e último tento. O Bayern foi muito superior, e o foi sendo um time compacto, cooperativo e, portanto, bem espalhado em campo. 

Jupp Heynckes, ofendido sobre a questão de se pediria ajuda ao seu substituto, Pep Guardiola, em como parar os catalães, mostrou que, como bem pontuou Mauro Cézar Pereira, parece que vai ser é "aposentado" pela cúpula muniquense. Aos 67 anos vem fazendo o melhor trabalho de seu longínqua carreira e, mesmo se não levantar a taça, se destacou em 2012-13 mais do que em 1997-98, quando venceu a Champions treinando o Real Madrid. 

Assim, que seja bem-vinda uma nova ordem no mundo futebolístico. E em detrimento de um time que nos últimos quatro anos disputou três finais de UCL e que, principalmente, fez um sonoro 4 a 0 nos blaugranas.


DESTAQUES


POSITIVOS 


Coletividade do Bayern de Munique: Desde o goleiro Neuer até o técnico Jupp Heynckes, o time foi completo. Soube atacar e marcar no tempo certo, além de ter sabido se defender com extrema eficácia.

NEGATIVOS

Messi (Barcelona): Machucado, infelizmente rendeu menos que o usual. Mas culpar a derrota pela sua má atuação cheira a desculpa esfarrapada.

Tito Vilanova (Barcelona): Demorou para mexer. Foi apático, num jogo onde pareceu ter entregado a toalha.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

A Ascensão do PSG


por André Gobi

Há dois anos atrás, se imaginássemos um confronto entre Barcelona e Paris Saint-Germain , ninguém imaginaria que o clube francês bateria de frente e jogaria de igual para igual com o gigante catalão. Uma vitória fácil do Barça seria facilmente cantada, talvez até por torcedores do PSG. Pois bem, isso aconteceu nessas quartas de final da Uefa Champions League.

O PSG não é mais um time mediano. Se não pode ser comparado em tradição com muitos dos outros grandes europeus, pelo menos, em questão de time não está deixando a desejar. A revolução iniciada há cerca de um ano e meio (já retratada aqui mesmo neste blog), começa a dar resultados.

Com um elenco contendo grandes jogadores (Ibrahimovic, Pastore, Thiago Silva, Lucas, Lavezzi, David Bekckham) e o técnico Carlo Ancelotti, experiente e vencedor na Liga (tanto como jogador quanto como treinador), o time parisiense conseguiu um feito incrível ante o melhor time do mundo. Claro que no segundo jogo, o time espanhol estava sem Lionel Messi em grande parte do jogo e o Barcelona perde muito sem o melhor jogador do mundo. Aliás, Tito Villanova se viu obrigado a colocar o astro argentino assim que seu time levou o gol, que naquele momento daria a classificação ao Paris Saint-Germain.

O que vale ressaltar é que o PSG caiu de pé. Levou e fez três gols no Barcelona e foi eliminado nos critérios técnicos (3 x 3 no agregado, tendo levado dois gols em casa, no empate por 2 a 2 em Paris). Motivo de orgulho para os fãs e jogadores, além claro, dos donos do clube. Mais um exemplo de que com dinheiro e planejamento é possível, sim, montar um time competitivo. Veremos se conseguirá construir e manter uma história duradoura, digna da ambição e de entrar no grande hall dos gigantes europeus. Na França, está reinando absoluto, caminhando a passos largos para vencer o campeonato local.