sábado, 5 de julho de 2014

Ê, imprensa esportiva brasileira

por Lucas Ribeiro

Ontem, depois  da vitória de 2 a 1 sobre a Colômbia, o Brasil se classificou às semifinais da Copa do Mundo do Brasil, na qual enfrentará os alemães (na minha opinião, pela bola apresentada, os favoritos para chegar à final). Contudo, após a partida, a contusão de Neymar, após entrada do lateral Zúñiga, tomou conta não só da pauta da cobertura esportiva, mas do jornalismo em geral. O debate ficou em torno, obviamente, de como a Seleção poderá enfrentar os europeus sem Neymar (e também sem o capitão Thiago Silva, que, na Copa, tem sido mais fundamental que o camisa 10) e, lamentavelmente, sobre a intenção do colombiano em atingir o brasileiro. 

Parecia ter sido instalado um tribunal. A maioria, pelo menos, condenando o lateral, no sentido de que ele teve, sim, o dolo de fazer com que o craque do Barcelona não atuasse mais no Mundial. Houve, no calor da situação (ou não), gente pedindo até o banimento do atleta do Nápoli, da Itália, das suas atividades futebolísticas. Muitos, mais brandamente, comparando a atitude de Zúñiga, inclusive, com a mordida que o uruguaio Suaréz desferiu contra o italiano Chiellini, neste mesmo Mundial, e que lhe renderam 4 meses de suspensão por parte da FIFA. 

Creio que boa parte dessa inflamação também se dá pela "lenha" que boa parte da imprensa esportiva brasileira coloca na "fogueira". Sejamos, por favor, menos torcedores e mais racionais. No lance, a meu ver, Zúñiga foi apenas disputar a bola com Neymar. Não creio que um atleta, aos 41 minutos do segundo tempo de uma partida com sua seleção virtualmente eliminada, iria ferir um colega de trabalho com o qual não há aparente rivalidade. 

Mas, como sempre, aqueles que em geral são respeitados pelo grande público, que enxergam apenas o Brasil no cenário mundial do futebol (as outras seleções são apenas "vilãs" do bom futebol) mas que lideram as listas de quem ou a quem o brasileiro assiste, ouve ou lê, conseguem desviar o foco da discussão para a defesa de uma tese de maldade ou mau caratismo em um lance teoricamente normal. 

Infelizmente, é difícil crer que haja uma evolução em boa parte da imprensa esportiva tupiniquim (desde que me conheço por gente, o discurso é o mesmo). Mas que pena que o brasileiro evite ter um senso crítico mais aguçado, e não prefira condenar a condenação ao colombiano. 

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