sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Mineiraço

por Lucas Ribeiro

7 a 1. Foi o placar que a Alemanha, impiedosamente, aplicou no Brasil nas semifinais da Copa do Mundo, no Estádio do Mineirão. O Mineiraço, numa alusão ao Maracanaço de 1950, entrou para a História como a maior goleada já aplicada nessa fase de um Mundial. E, por causa da derrota, viam-se brasileiros chorando. Pela goleada, as lágrimas podem até ser compreensíveis. Pela derrota, jamais. Os alemães têm uma superioridade totalmente visível em relação aos brasileiros. Abaixo, as razões.

Joachim Löw pode não ser o melhor técnico alemão (posto hoje largamente ocupado por Jürgen Klopp, técnico do Borussia Dortmund), mas deu sequência a um importante trabalho iniciado em meados da década passada, sob a batuta do inteligente Jürgen Klinsmann. Klinsmann, campeão mundial com a mesma Alemanha em 1990, fez os germânicos se reestruturarem em campo, jogando com um esquema moderno e prezando pela posse de bola.

O Bayern de Munique (com, pelo menos, Schweinsteiger, Müller, Kroos e Lahm) e o Borussia Dortmund (com, pelo menos, Götze - revelado pelos amarelos -, Hummels e Reus) se encarregaram de formar a base do time, fazendo-os se entrosarem todo o final de semana, pelos jogos da Bundesliga (a liga local). Foram ainda pinçados outros jovens valores, como Neuer, Höwedes (do Schalke 04 - o primeiro, hoje, no Bayern) e Khedira (Stuttgart).

Houve, nessa toada, a observação de seleções inegavelmente melhores, com a absorção de alguns caracteres do time espanhol, campeão europeu em 2008 e 2012 e mundial em 2010, como a posse de bola na maior parte do jogo. A diferença é que, como é praxe dos selecionados alemães, estes são mais pragmáticos que aqueles; ou seja, o passe tem uma finalidade mais objetiva (o gol) que puramente estética. 

O Brasil, no entanto, com afima o seu hino, está, desde 2002, deitado em berço esplêndido. A vitória naquele ano, que refletiu mais um caráter puramente psicológico de Felipão que um time taticamente brilhante, iludiu mais uma vez os responsáveis pelo futebol tupiniquim, que se renovaram naquele bom e velho discurso de sermos o "Brasil, a única seleção pentacampeã do planeta." Depois da saída de Scolari para Portugal, em 2003, apostou-se no retorno de Parreira, a aposta n°1, como Zagallo, da CBF. 

O quadrado mágico, com os dois Ronaldos, Adriano e Kaká, que antecipadamente nos "deu" o hexa em 2006, foi a prova da preocupação puramente ofensiva do Brasil com a montagem de seus times. Via-se todos os quatro como globetrotters do esporte, mas não se estudava um time com consistência defensiva (ironicamente, a defesa acabou sendo o setor de maior destaque do time canarinho naquela Copa).  

Para 2010, a bola da vez foi Dunga. Nos seus quatro anos de trabalho rumo à Africa do Sul, o capitão responsável por levantar a taça do tetra, em 1994, fez, à imagem de Scolari, um grupo fechado: até mesmo Kléberson, então reserva no Flamengo, estava no grupo. A derrota, coletiva mas injustamente atribuída de maneira concentrada a Felipe Melo, escancarou uma instabilidade psicológica no grupo; no 2 a 1 holandês, a virada neerlandesa foi também resultado de uma derrocada emocional no meio da partida. 

Para a Copa do Brasil, o caminho foi recheado por dois profissionais: Mano Menezes e o retorno de Felipão. A demissão do primeiro culminou fortemente depois da perda da medalha olímpica de ouro, em 2012, e a contratação do segundo, pasmem!, ocorreu depois deste ter se demitido depois de um trabalho que levou o Palmeiras à Série B. 

Nesse um ano e meio de trabalho de Scolari, tirando a vitória da Copa das Confederações, que apaziguou um pouco o clima entre técnico e imprensa, houve o espírito de "soberania" do gaúcho. Sou eu quem convoco, sou eu quem escalo. Negava-se ver coisas mais palpáveis. A assunção de uma mau futebol era substituída por um discurso do tipo "Gostou, gostou. Se não gostou, vai pro inferno", como ocorreu depois de o Brasil bater o Chile, nos pênaltis, nas oitavas-de-final. 

A perda do hexa só escancarou que o futebol brasileiro está sobre areia movediça. Não só a Alemanha, mas holandeses, franceses e argentinos, pelo menos, estão à sua frente. Isso poderia ser modificado com uma mentalidade mais panorâmica, como, por exemplo, a contratação de treinadores estrangeiros, ou de brasileiros que não limitem seus trabalhos à questão psicológica ou que se achem verdadeiros imperadores em seus cargos (coisa extremamente rara no país). Ou seja, se preparem: para 2018, o sexto título ainda está fora de questão. 

sábado, 5 de julho de 2014

Ê, imprensa esportiva brasileira

por Lucas Ribeiro

Ontem, depois  da vitória de 2 a 1 sobre a Colômbia, o Brasil se classificou às semifinais da Copa do Mundo do Brasil, na qual enfrentará os alemães (na minha opinião, pela bola apresentada, os favoritos para chegar à final). Contudo, após a partida, a contusão de Neymar, após entrada do lateral Zúñiga, tomou conta não só da pauta da cobertura esportiva, mas do jornalismo em geral. O debate ficou em torno, obviamente, de como a Seleção poderá enfrentar os europeus sem Neymar (e também sem o capitão Thiago Silva, que, na Copa, tem sido mais fundamental que o camisa 10) e, lamentavelmente, sobre a intenção do colombiano em atingir o brasileiro. 

Parecia ter sido instalado um tribunal. A maioria, pelo menos, condenando o lateral, no sentido de que ele teve, sim, o dolo de fazer com que o craque do Barcelona não atuasse mais no Mundial. Houve, no calor da situação (ou não), gente pedindo até o banimento do atleta do Nápoli, da Itália, das suas atividades futebolísticas. Muitos, mais brandamente, comparando a atitude de Zúñiga, inclusive, com a mordida que o uruguaio Suaréz desferiu contra o italiano Chiellini, neste mesmo Mundial, e que lhe renderam 4 meses de suspensão por parte da FIFA. 

Creio que boa parte dessa inflamação também se dá pela "lenha" que boa parte da imprensa esportiva brasileira coloca na "fogueira". Sejamos, por favor, menos torcedores e mais racionais. No lance, a meu ver, Zúñiga foi apenas disputar a bola com Neymar. Não creio que um atleta, aos 41 minutos do segundo tempo de uma partida com sua seleção virtualmente eliminada, iria ferir um colega de trabalho com o qual não há aparente rivalidade. 

Mas, como sempre, aqueles que em geral são respeitados pelo grande público, que enxergam apenas o Brasil no cenário mundial do futebol (as outras seleções são apenas "vilãs" do bom futebol) mas que lideram as listas de quem ou a quem o brasileiro assiste, ouve ou lê, conseguem desviar o foco da discussão para a defesa de uma tese de maldade ou mau caratismo em um lance teoricamente normal. 

Infelizmente, é difícil crer que haja uma evolução em boa parte da imprensa esportiva tupiniquim (desde que me conheço por gente, o discurso é o mesmo). Mas que pena que o brasileiro evite ter um senso crítico mais aguçado, e não prefira condenar a condenação ao colombiano. 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Herois ou vilões sempre?

por Lucas Ribeiro

Quem acompanha o histórico da Seleção Brasileira desde 1990 (ao longe ou, pelo menos, quem tende a ler ou a consultar vídeos sobre), pode perceber o seguinte padrão: ou são heróis supremos os jogadores, como no casos de 1994 e 2002, quando saiu-se o time canarinho vencedor, ou são vilões detestáveis, como ocorreu nos demais Mundiais do período, quando a taça não desembarcou no Brasil. 

Ou seja, percebe-se, dentro da crônica esportiva ou mesmo no senso comum do torcedor, que ou somos, sem dúvidas, os supremos, os maiores da Humanidade, aqueles que são capazes de vencer desafios homéricos e levantar uma Copa do Mundo, ou incompetentes, à maneira de Nelson Rodrigues, que para definir o período pré-1958, o ano de nosso primeiro título, cunhou a expressão "complexo de vira-lata", fator que, devido a uma intrínseca inferioridade perante os europeus, nos levava a perder títulos graças a essa falsa sensação. 

Assim sendo, o brasileiro, quando vence, tende a admitir que os adversários eram verdadeiras pedreiras, quase imbatíveis, e, quando perde, a olhar seus próprios atletas como indignos. Podemos, para contrastar, utilizar-nos do seguinte exemplo: em 1994, quando vencemos o tetra de maneira invicta, talvez o adversário mais complexo a ser encarado tenha sido a Suécia, um time bem armado num ferrolho defensivo pelo competente Tommy Svensson - afinal, mesmo a Holanda, que ofereceu dificuldades, mas mais por conta de próprias falhas tupiniquins, e a finalista Itália não viviam momentos tão positivos. E, convenhamos, essa Suécia, por melhor time que fosse, estava longe de assustadora. Mas, pela conquista, a geração capitaneada por Dunga em campo é ainda vista como intocável.

Já em 2006, eliminado por uma forte França, que viu Zidane, em seu último Mundial, jogar o fino da bola, e ainda baseada em craques como Thuram, Henry e Vieira (remanescentes de 1998 e da Euro 2000) e em ainda revelações como Ribéry e Abidal, os atletas brasileiros daquela Copa ainda sofrem com reiteradas críticas de que houve um relaxamento durante a preparação para aquela competição. 2010 é outro exemplo cabível: enquanto perdemos para uma Holanda equilibrada, dona de um fortíssimo meio-campo, com Sneijder e van der Vaart, e de um não menos poderosíssimo ataque, liderado por van Persie e Robben, há ainda quem busque ser Felipe Melo o culpado pela desclassificação. 

E o complicado é, muitas vezes, observar que, mesmo em análises que teoricamente deveriam ser imparciais, segue-se o mesmo padrão: despreza-se tudo o que de mau aconteceu numa vitória - como em 1994, quando a única opção de jogo brasileira se resumia a municiar Romário - ou tudo o que de bom ocorreu numa derrota - em 2006, a dupla Lúcio e Juan formaram uma zaga interessante, que sofreu apenas dois gols durante o Mundial. O sentimento, assim, vai sempre do 8 ao 80; nunca fica, ali, num 40. 

Portanto, se preparem para as críticas pós-Copa: ou elas crucificarão a geração da primeira Copa do Mundo de Neymar, sem se, em caso de derrota, observar nenhuma qualidade do grupo - como, talvez, a união sempre promovida por Scolari - ou, com vitória, sem se enxergar nenhuma deficiência - como talvez o esquecimento de alguns bons nomes da temporada na lista final, como Miranda e Filipe Luís. Nunca, é claro, o meio termo. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

As vergonhas do nosso futebol...

por Lucas Ribeiro

Dia 16 de dezembro de 2013. Segunda-feira. O Campeonato Brasileiro acabara há uma semana. Ou melhor dizendo, não. Muitos dos que choraram no domingo 8 - principalmente na Arena Fonte Nova - voltaram a, injustamente, sorrir. O STJD, unanimemente, condenou a Portuguesa a perder quatro pontos na competição e substitui, na zona de rebaixamento à Série B, o Fluminense, que, por sua vez , permanece na Série A em 2014. 

O revoltante dessa história toda é saber que o único grande que parece sempre imune ao descenso é o Tricolor das Laranjeiras. Corinthians, Palmeiras, Atlético Mineiro, Grêmio, Vasco e Botafogo já pagaram suas "penas" na Segundona. Desceram em campo, com péssimos e pífios desempenhos, e subiram, triunfalmente, nele. Falemos sobre a bela trajetória corintiana: de um náufrago pós-parceria com a MSI, em 2007, chegou, na temporada 2012, às conquistas da Libertadores, seu velho sonho de consumo, e do Mundial. O Palmeiras, por sua vez, foi à divisão de acesso por duas oportunidades: em 2002 e em 2012, numa temporada na qual o Verdão havia levantado a Copa do Brasil. 

Ou seja, só de reivindicar o direito de permanecer na Série A se baseando na utilização por dois minutos de um jogador irregular já, para mim, deslegitima qualquer comemoração proveniente dos cariocas. A temporada do Flu foi, de fato, um fracasso: de favorito à Libertadores a ter de entrar na Justiça Desportiva para se manter na elite. Tudo começou com a eliminação sobre o Olímpia na maior competição sul-americana. As vendas de Wellington Nem e Thiago Neves, a aposentadoria de Deco e a contusão de Fred só expuseram as fragilidades de um time que não se planejou escorreitamente para encarar 2013, fragilidade esta visível na partida contra uma espécie de São Paulo B, no Maracanã, quando venceu os rivais apenas no último minuto. 

Foi, certamente, um erro de percurso. Desde 2010, junto com o Corinthians, o Fluminense é o time mais estável do país. Conquistou dois campeonatos nacionais desde então. Subiria naturalmente e voltaria, como se nada tivesse acontecido, a lutar pelos principais troféus. Mas a alegria é maior porque, soberbamente, a certeza de permanência era maior, e o velho ídolo Conca já havia acertado seu retorno. E outra: no campo tudo é mais gostoso. 

Será que o Brasileirão 2013 é que acabou? Não, pois ainda cabe recurso à Lusa para reverter a situação, mas com certeza um pouquinho do futebol brasileiro...

P.S.: Segue abaixo a declaração de João Zanforlin, advogado da Portuguesa, após o veredicto: 

"Roubar a Portuguesa da Série A é pior do que dar uma injeção tão grande para matar a pulga que matam o cachorro. Mudar o resultado no campo a quatro meses da Copa do Mundo é uma violência moral. O rebaixamento da Portuguesa é o rebaixamento do direito, é a instituição da mutreta"

domingo, 15 de setembro de 2013

Será que Muricy era mesmo a peça que faltava?

por Lucas Ribeiro

Na última segunda, após a demissão de Paulo Autuori, critiquei a diretoria são-paulina, que, a despeito de seu complexo de superioridade, estava se acostumando a trocar de técnicos no clube. Afinal, o retorno de Muricy Ramalho ao Morumbi representaria o terceiro treinador não-interino a passar pelo clube em nove meses de 2013. Ou seja, uma média de exíguos quatro meses para que cada profissional, isso se o tricampeão brasileiro permanecesse virtualmente até dezembro, mostrasse e impusesse seu trabalho. 

Contudo, nos seus dois primeiros confrontos no retorno a casa, ironicamente, contra os dois times com faixa transversal no peito do Campeonato, Ponte Preta e Vasco, Muricy conseguiu duas vitórias, o mesmo número que Autuori conseguiu na competição, só que em 12 rodadas. Sem querer parecer contrário ao trabalho do carioca, que, inclusive, tirou leite de pedra e, como dito no texto anterior, tomou medidas importantes para estabilizar o ambiente no clube, como o afastamento de Lúcio, acho que o Tricolor, depois da dupla de boas exibições, precisava mesmo era de Ramalho.

Não digo aqui nem pelo seu potencial por montar times taticamente muito bons, por exemplo - afinal, ainda penso que Autuori, neste sentido, é superior -, mas pela motivação que o paulistano instala no grupo. Sua identificação com a torcida, por exemplo, pode não parecer nada, mas é essencial para que o time ainda apresente mais força em seus domínios, quer seja no Morumbi ou, quando este estiver indisponível, no Pacaembu. 

Outro fator bastante considerável é a proximidade de Muricy com Paulo Henrique Ganso. Ainda devendo muito com a camisa são-paulina, o novo treinador já trabalhou com o camisa 8, nos tempos de Santos, e com ele de maestro chegou a levantar uma importante Libertadores, em 2011.  Contra a Macaca, o ex-santista afirmou, ao final do confronto, que havia feito a sua melhor partida pelo São Paulo, tendo sido responsável por uma milimétrica assistência para que Luís Fabiano deixasse o gol que se converteria em três pontos e por outra dezena de passes que tiraram o sossego da retaguarda campineira. 

A partida deste domingo, o triunfo por 2 a 0 sobre os vascaínos, em seu praticamente inexpugnável São Januário, parece a prova definitiva de que Ramalho vai, apesar da diferença de qualidade dos elencos que possuía em 2006, 2007 e 2008, tentar impor seu velho estilo de jogo no Morumbi: três zagueiros, dois alas bastante trabalhadores e, a partir disso, chuveirinho. 

Já são dois jogos sem levar gols; e duas vitórias relativamente apertadas. O primeiro gol desta tarde dominical, de Rodrigo Caio, pareceu, especialmente, ter vindo da década anterior, da Era Muricy, de Ouro no clube. E um fator para que os tricolores, apesar da má fase, se empolguem: naquela época, o camisa 10 era Danilo e, na pior das hipóteses, o esforçado Lenílson. Hoje, se, como dito, Ganso entrar novamente em sintonia com seu comandante, tudo, em 2014, pode superar os dias de glória. Quem sabe...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cadê o "gestor"?

por Lucas Ribeiro

Na tarde desta segunda-feira, pressionado por maus resultados, Paulo Autuori, após quase dois meses como treinador são-paulino na sua segunda passagem pelo Morumbi, foi demitido. O favorito para assumir o cargo, agora vacante, é Muricy Ramalho, outro que, assim como o provável antecessor, assim como o foi entre 2005 e 2006, quando substituiu o então campeão mundial no cargo, fez história no clube, ao ganhar três Campeonatos Brasileiros consecutivos. 

Mas, falando na demissão, ela é prova, mais uma vez, do amadorismo reinante no departamento de futebol tricolor. Apesar de na contratação de Autuori, Juvenal Juvêncio enfatizar a existência de um "gestor" no clube, o cai-cai de técnicos não resolverá o problema do São Paulo. Ou alguém acha que o responsável pelos baixos rendimentos de Jádson, Osvaldo, Ganso e Luís Fabiano é o nome que senta à beira do gramado junto com os reservas?

Autuori, enfim, deu um mínimo padrão de jogo à equipe e conseguiu, em meio à crise, deixar bons legados, como o afastamento de Lúcio, que, presente, foi um dos responsáveis pela instalação da crise técnica do clube, e a reintegração de Fabrício, que vem sendo um dos pontos de equilíbrio no meio-campo. No mais, promoveu Reinaldo na lateral, talvez o único que, dentro das dificuldades são-paulinas, vem atuando com boa qualidade. 

A vitória sobre o Benfica, no entanto, serviu para tampar o sol com a peneira. Mas não em relação ao trabalho do treinador, e sim pra quem pensava que o SPFC tinha um elenco "qualificado". A crise, resumindo, é decorrente de um psicológico e deficiências futebolísticas crônicos, e sua resolução seria equacionada se os velhos nomes da diretoria dessem a lugar a novos. 

Afinal, Paulo Autuori nunca foi e nem sequer será feiticeiro. Assim como Ney Franco e Muricy Ramalho, que, quando ganhou tudo, tinha respaldo de uma diretoria de "verdade". Ou seja, àqueles que defendiam a queda do carioca e o retorno do paulista, o sofrimento vem é mais de cima. A briga contra se rebaixamento, este se já não concretizado, continuará emocionante!

domingo, 8 de setembro de 2013

A (cada vez mais próxima) queda do São Paulo

por Lucas Ribeiro

Neste domingo, o São Paulo perdeu, por 2 a 0, para o Coritiba, na casa do adversário, e, mais do que nunca, deve dar adeus à Série A do Brasileirão em 2014. O que aconteceu de errado com o clube, que, passou pelo maior jejum de sua história e, quando parece que vai empolgar, retrocede? 

Voltemos a janeiro. Ainda com o moralizado Ney Franco como treinador, Juvenal, o presidente, parecia montar um time dos sonhos no Morumbi. Mesmo com a saída do jovem Lucas, que teve um impressionante segundo semestre de 2012 com a camisa tricolor, o mandatário prometia Vargas, fechava com Aloísio, terceiro nome da lista de artilheiros do então último Brasileiro, e via Ganso iniciar sua primeira temporada com a sua nova equipe. Uma atitude, contudo, foi fundamental para a guinada do clube: a contratação do zagueiro Lúcio, pentacampeão mundial com a seleção brasileira.

Em vez de fechar com o ídolo Lugano, que claudicava no Paris Saint-Germain e que, em troca de Lucas, poderia ter sido inserto na negociação, JJ optou pelo atleta sem identificação com a equipe do Morumbi e que vinha apresentando problemas de relação na Juventus, sua última equipe. O zagueirão, que prometia ser o símbolo de uma imaginada conquista da Libertadores, acabou se tornando um fracasso, encerrando sua passagem após um afastamento, em julho, pelo novo treinador, Paulo Autuori.

E, por falar em técnico, o então prestigiado, como já dito, Ney Franco virou, em pouco menos de seis meses, um "inútil". Além da demissão, depois de já estar fora da rotina do clube, se envolveu em um "barraco" com Rogério Ceni, disparando que atletas como Ganso e o próprio Lúcio não brilhavam graças a uma influência negativa do capitão. Em resposta a Franco, Ceni, que outrora o elogiava, disse que, se gozasse de tanto poder dentro do SPFC, já o teria demitido há muito. 

A soberba, pelo contrário, a despeito dos maus resultados, continuou. Adalberto Batista, ex-diretor de futebol, e Juvêncio, via imprensa, reiteradamente pareciam estar ainda entre 2005 e 2008, quando os são-paulinos comemoraram até o mundo. O primeiro, quando perguntado sobre reforços, afirmou que o fraquíssimo elenco era "qualificado". O segundo, na coletiva de contratação de Autuori, alfinetou o rival Corinthians, lendo uma lista que continua todos os treinadores alvinegros desde 2003. 

Ou seja, resumo da ópera: torçam, aficcionados, para que abril chegue logo e que, com sua chegada, os conselheiros não reelejam a chapa de JJ, que, certamente, apontará pelo menos um candidato. Caso contrário, a Série B será mais longa que um ano...