domingo, 15 de setembro de 2013

Será que Muricy era mesmo a peça que faltava?

por Lucas Ribeiro

Na última segunda, após a demissão de Paulo Autuori, critiquei a diretoria são-paulina, que, a despeito de seu complexo de superioridade, estava se acostumando a trocar de técnicos no clube. Afinal, o retorno de Muricy Ramalho ao Morumbi representaria o terceiro treinador não-interino a passar pelo clube em nove meses de 2013. Ou seja, uma média de exíguos quatro meses para que cada profissional, isso se o tricampeão brasileiro permanecesse virtualmente até dezembro, mostrasse e impusesse seu trabalho. 

Contudo, nos seus dois primeiros confrontos no retorno a casa, ironicamente, contra os dois times com faixa transversal no peito do Campeonato, Ponte Preta e Vasco, Muricy conseguiu duas vitórias, o mesmo número que Autuori conseguiu na competição, só que em 12 rodadas. Sem querer parecer contrário ao trabalho do carioca, que, inclusive, tirou leite de pedra e, como dito no texto anterior, tomou medidas importantes para estabilizar o ambiente no clube, como o afastamento de Lúcio, acho que o Tricolor, depois da dupla de boas exibições, precisava mesmo era de Ramalho.

Não digo aqui nem pelo seu potencial por montar times taticamente muito bons, por exemplo - afinal, ainda penso que Autuori, neste sentido, é superior -, mas pela motivação que o paulistano instala no grupo. Sua identificação com a torcida, por exemplo, pode não parecer nada, mas é essencial para que o time ainda apresente mais força em seus domínios, quer seja no Morumbi ou, quando este estiver indisponível, no Pacaembu. 

Outro fator bastante considerável é a proximidade de Muricy com Paulo Henrique Ganso. Ainda devendo muito com a camisa são-paulina, o novo treinador já trabalhou com o camisa 8, nos tempos de Santos, e com ele de maestro chegou a levantar uma importante Libertadores, em 2011.  Contra a Macaca, o ex-santista afirmou, ao final do confronto, que havia feito a sua melhor partida pelo São Paulo, tendo sido responsável por uma milimétrica assistência para que Luís Fabiano deixasse o gol que se converteria em três pontos e por outra dezena de passes que tiraram o sossego da retaguarda campineira. 

A partida deste domingo, o triunfo por 2 a 0 sobre os vascaínos, em seu praticamente inexpugnável São Januário, parece a prova definitiva de que Ramalho vai, apesar da diferença de qualidade dos elencos que possuía em 2006, 2007 e 2008, tentar impor seu velho estilo de jogo no Morumbi: três zagueiros, dois alas bastante trabalhadores e, a partir disso, chuveirinho. 

Já são dois jogos sem levar gols; e duas vitórias relativamente apertadas. O primeiro gol desta tarde dominical, de Rodrigo Caio, pareceu, especialmente, ter vindo da década anterior, da Era Muricy, de Ouro no clube. E um fator para que os tricolores, apesar da má fase, se empolguem: naquela época, o camisa 10 era Danilo e, na pior das hipóteses, o esforçado Lenílson. Hoje, se, como dito, Ganso entrar novamente em sintonia com seu comandante, tudo, em 2014, pode superar os dias de glória. Quem sabe...

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