segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Os eleitos

por Lucas Ribeiro

Nesta segunda-feira a tradicional revista esportiva francesa France Football divulgou os candidatos ao prêmio de maior jogador do mundo no ano. "Candidatos", contudo, faz apenas referência aos 23 melhores votados à Bola de Ouro, sendo o número um, na escolha realizada entre treinadores e jornalistas, já, ao menos nos bastidores, conhecido. Os nomes são: Messi (Barcelona), na luta pelo tricampeonato, Cristiano Ronaldo (Real Madri), Xavi (Barcelona), Iniesta (Barcelona), Neymar (Santos), Agüero (Manchester City), Balotelli (Manchester City), Benzema (Real Madri), Buffon (Juventus), Busquets (Barcelona), Casillas (Real Madri), Drogba (Shanghai-CHI), Falcão García (Atlético de Madri), Ibrahimovic (PSG), Neuer (Bayern), Ozil (Real Madri), Piqué (Barcelona), Pirlo (Juventus), Rooney (Manchester United), Yayá Touré (Manchester City), Van Persie (Manchester United) e Xabi Alonso (Real Madri). 

Vamos, enfim, falar dos possíveis vencedores (Messi, Cristiano Ronaldo, Xavi e Iniesta) e do único brasileiro que, coincidentemente e ao contrário de alguns anos anteriores, também atua em solo tupiniquim, Neymar. Vale, como complemento, o pouco entusiasmo do autor para com este tipo de premiação, já que, por ser um esporte coletivo, ele crê que seria de melhor valia a FIFA criar, portanto, uma votação para que fossem eleitos os onze, de acordo com o ditado, "do goleiro ao ponta-esquerda", melhores do ano. Dessa maneira, apesar da presença de alguns defensores na lista, como Piqué, Casillas e Buffon, estes dois últimos goleiros, há, com a exceção de 2006, quando Cannavaro levou o troféu para casa, sempre a preferência em se escolher, com poucas vezes se enxergando a eficiência, atletas goleadores ou que tenham uma condição plástica, como o drible, mais aguçada. Outro fator é o caráter praticamente europeu da disputa; apesar da entrada de Neymar na lista, são geralmente ignorados destaques de competições praticadas no hemisfério Sul do planeta (em 2003, por exemplo, não que fosse ganhar o troféu, mas o craque Alex, pelo que fez naquela temporada pelo Cruzeiro, mereceria uma lembrança).  

Comecemos então por Messi. O argentino teve enorme destaque na temporada passada, quando anotou 50 gols em 37 partidas da liga espanhola e outros 14 em 11 jogos pela Liga dos Campeões, médias absurdamente altas que lhe renderam a Chuteira de Ouro como maior goleador da temporada europeia. Com a saída de Guardiola e a assunção por seu auxiliar, Tito Vilanova, do cargo, o argentino, ao contrário dos anos anteriores, deixou de receber a bola na altura de onde joga o camisa 10, e partir com dribles fulminantes pra cima da marcação, e passou a jogar quase como um camisa 9, saindo pouco da área, como pudemos acompanhar no clássico de 07 de outubro contra o Real Madri, quando Leo marcou dois gols oportunistas. É, assim, além dos gols e da habilidade, o jogador mais festejado do planeta e amplo favorito ao tetracampeonato, que seria inédito. 

Já Cristiano Ronaldo é o principal antagonista do sul-americano à conquista da Bola. Quase um competidor pessoal de Messi, o português é outro que, assim como seu "rival" faz no Barça, vem deixando seu nome cada vez mais marcado na história do Real Madri. Seus 46 gols no Campeonato Espanhol e 10 na Champions League são a prova do sucesso do jogador na capital espanhola. Apesar da conquista da principal competição da Espanha e da Supercopa nacional, diante do Barça, Ronaldo, mesmo assim, a muitos, está um patamar abaixo do argentino, condição que deve lhe assegurar apenas o segundo lugar da disputa. 

Xavi, contudo, é, o dos favoritos, o que mais me agrada em vê-lo jogar. Que me perdoem os fãs de Messi e Cristiano Ronaldo, mas não há nada mais prazeroso que assistir a um jogador que toma conta do meio-campo como faz esta cria de La Masía. Jogador extremamente tático e de visão de jogo excepcional, que, quando não atua, afeta, inclusive, o desempenho de Messi, o camisa 8 blaugrana é, além de dono da meia-cancha de seu clube, também o principal cérebro da seleção espanhola bicampeã europeia, em 2008 e 2012, e campeã mundial, em 2010. 

Iniesta é outro que, pela disposição tática, tenho muito gosto de acompanhar em campo. Aos mais antigos, é válida a comparação com Falcão na Copa de 1982, um jogador que, tanto na seleção quanto no Barcelona, cai pela esquerda, apoiando o ataque, mas que também sabe recompôr o meio-campo com muita qualidade. Tem muitos méritos, mas, dentro do que exige a FIFA, pouquíssimas condições para a conquista da Bola, quase nada acima dos outros 19 competidores abaixo dele. 

E, como não podia faltar, falemos agora de Neymar, o único brasileiro na lista. O craque teve excelente desempenho com a camisa santista neste ano de 2012 (apesar do tetra da Libertadores ter se convertido num fracasso e do título do pouco festejado Campeonato Paulista, com a Fera em campo o Peixe teve um aproveitamento de 70% dos pontos disputados). O vice nas Olimpíadas, por sua vez, maior decepção da temporada, pode se tornar uma mancha na carreira do jogador, principalmente se a Copa de 2014 não ficar no Brasil. Mas, para este ano, coloco Neymar como mais um no meio de 23; condição zero a este ainda jovem de 20 anos, que, muito em breve, pode conquistar um dos seus sonhos de infância. 

domingo, 28 de outubro de 2012

Chelsea 2x3 Manchester United - Análise

por Lucas Ribeiro

Em Stanford Bridge, Chelsea e Manchester United fizeram uma grande partida e, pra quem torce pra alguma das duas equipes, também um teste para cardíacos. Uma partida que, se começou em alta voltagem, terminou da mesma maneira, questões que iremos abordar ao longo do texto. Antes, porém, falemos da disposição tática de ambas as equipes. Os anfitriões, comandados por Roberto Di Matteo, entraram em seu já padrão 4-2-3-1; já os visitantes, dirigidos por sir. Alex Ferguson, foram a campo em um 4-1-4-1, como podemos ver abaixo. 


O embate, seguindo o que foi dito, logo já saiu do zero a zero. Aos quatro minutos de jogo, David Luiz acabou colocando contra o próprio patrimônio e abriu o marcador em favor dos rivais. Bem mais disposto em campo, aos 12 o United ampliaria sua vantagem com o holandês Robin van Persie, que vem gozando de boa fase neste início de Red Devils. Dessa maneira, Ferguson, compactando sua equipe, defendia com bastante eficiência a meta do goleiro De Gea. Os anfitriões, com poucas opções de penetração contra um esquema tático propício à defesa, contaram também com investidas do técnico zagueiro David Luiz, que auxiliou os jogadores de frente quando necessário. Veja abaixo como se dispunham os vermelhos após o 2 a 0. 


É possível perceber, em ambas as imagens, uma primeira e uma segunda linha de quatro homens, mediada por Carrick, esquema este que, por compactá-las, privilegia o setor defensivo.


Após boas finalizações com Fernando Torres e Cahill, finalizações estas terminadas na mão do goleiro espanhol, o principal destaque da partida, o Chelsea conseguiria, aos 44, fazer seu primeiro tento ainda na etapa inicial. Depois de falta cometida por Wayne Rooney, taticamente muito bem disposto, outro espanhol, só que do lado azul, Mata, executaria bela cobrança, sem chances de defesa a seu compatriota, e, da maneira mais tradicional possível em jogos difíceis (através do tiro livre), daria chances para que sua equipe continuasse respirando na volta do intervalo.

E, mais do que apenas respirar, o Chelsea voltaria bem melhor ao segundo tempo. Dependente do técnico Oscar e do motorzinho Mata, aos oito minutos surgiria o empate: após passe do ex-jogador do Internacional, Ramires finalizaria e anotaria o talvez gol mais brasileiro da rodada no exterior. Assim, a partida começaria a se desenhar de maneira complicada ao time do treinador escocês, ao menos pelos dez minutos seguintes. Aos 18, o juiz colocaria pra fora o lateral Ivanovic. Dois minutos depois, o bom Cleverley, por opção tática, cederia seu lugar ao talismã mexicano Chicharito. 

E aos 30, fazendo jus ao que fez na quarta-feira, pela Champions League, salvando o United de uma vergonhosa derrota diante do Braga, o camisa 14, em gol duvidoso, colocaria os visitantes novamente à frente. Antes, porém, falando em polêmica, o árbitro deixaria o Chelsea com nove jogadores em campo, ao expulsar, numa atitude que o autor julgou exagerada, Fernando Torres, por simulação. Depois de ambos os acontecimentos, a partida ganhou ares dramáticos, com direito, inclusive, à discussão entre ambas as comissões técnicas. 

A alteração de Ferguson, além de ter apostado num centroavante, tornou o antigo 4-1-4-1, esquema propício à defesa, desnecessário a alguém que enfrentava uma equipe com 10 homens. A partir desse raciocínio, o treinador colocaria seu time em um 4-4-2, sob um ataque que conjugava dois excelentes finalizadores, van Persie e Chicharito. Não esperava o treinador, porém, que, com a saída de Torres, o destino ainda lhe beneficiaria. 

Nos últimos minutos de jogo, Di Matteo ainda apostaria em dois atacantes, pouco se preocupando com a sua inferioridade numérica, colocando Sturridge e Bertrand, sendo o primeiro de área e o segundo, de velocidade. Contudo, era visível a superioridade visitante, que, com onze atletas, controlava com mais facilidade as ações de jogo. A nova dupla de ataque dos blues, seguindo o raciocínio, acabou não finalizando nenhuma vez contra a meta do adversário. 

Dessa forma, concluindo, acabaria o jogo em Londres. O Chelsea, após um fulminante início de temporada, sofre sua primeira derrota na Premier League e dá condições para que o Manchester United, de princípio claudicante na Champions League, dê partida a uma melhor temporada.


NOTAS


Chelsea: Cech (5,5); Ivanovic (6), Cahill (5,5), David Luiz (6,5) e Cole (6); Mikel (5,5), Ramires (6,5), Hazard (6), Oscar (6,5) e Mata (6,5); Torres (5). Reservas: Sturridge (s/n), Bertrand (4) e Azpilicueta (4,5). Técnico: Di Matteo (6)

United: De Gea (8,5); Rafael (6,5), Ferdinand (5,5), Evans (6) e Evra (5,5); Carrick (6,5), Valencia (7), Rooney (7), Cleverley (6,5) e Young (6); van Persie (7). Reservas: Chicharito (8) e Giggs (s/n). Técnico: Ferguson (7,5)


DESTAQUES


BOLA CHEIA

De Gea (United): se chegou sob a expectativa de ser o novo Van der Sar, e, pela pouca idade, sentiu o baque, pode ser que, agora, adquirindo experiência, se torne o confiável camisa 1 de Ferguson. Salvou o United em lances capitais.

BOLA MURCHA

Mark Clattenburg (árbitro): foi, para mim, negativamente fundamental em lances capitais. Primeiro, ao expulsar Torres de maneira precipitada e, segundo, ao ignorar a posição irregular de Chicharito no terceiro gol do United. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Palmeiras, a segunda queda (?)

por Lucas Ribeiro

Campeão da Copa do Brasil, o Palmeiras viveu uma lua-de-mel durante o mês de julho. Felipão, o também técnico do então último título relevante do clube, a Copa Libertadores de 1999, foi alçado à condição de Deus. Jogadores fracos porém aguerridos, como Luan, Betinho, João Vítor e Maurício Ramos, se tinham problemas com o torcedor, passaram por uma espécie de perdão. Mas, enquanto isso, gozando de dias de glória, o Brasileirão continuava rolando. 

Enquanto muitos torcedores faziam questão de demonstrar, depois de um bom tempo, seu orgulho verde, o time, sem uma preocupação efetiva dos aficcionados, caía, literalmente, pelas tabelas. As derrotas iam se acumulando e, mesmo assim, a vaga confirmada na Libertadores através da segunda mais importante competição do país serviu para desviar o foco dos palmeirenses. Quando acordaram, porém, se viram a alguns pontos de distância da primeira equipe que então se salvava da degola. 

O relaxamento, assim, foi um fator agregado à mentalidade do clube neste ano. Duvido que sem o título da Copa o Palmeiras lutaria contra o rebaixamento. A empolgação seria menor e, apesar de provavelmente ter que presenciar pesadas manifestações da torcida se a derrota se concretizasse na final, os jogadores dariam a vida no Campeonato Brasileiro desde o primeiro minuto em que o Verdão se visse eliminado da competição. Não seria pleiteador ao título, mas, dentro de suas limitações, arrancaria uma posição mediana na classificação.

Devemos, contudo, pontuar a conhecida falta de organização alviverde, que depois da Era Parmalat nunca conseguiu dar regularidade à equipe, já vivente, desde 2000, ano em que o contrato com a multinacional se encerrou, dos dois extremos da tabela, responsável por levar o clube a demitir o mesmo intocável Felipão de dois meses anteriores e a contratar, em anos anteriores, "craques" como Adriano Chuva, Ricardinho, Osmar, Fabinho Capixaba, entre outros. 

O começo de 2012, diga-se de passagem, ainda foi de exceção à regra. Depois de doze anos, foi realizada a contratação mais certeira com recursos próprios: o atacante Barcos, que rapidamente se adequou ao clube e hoje é ídolo incontestável, conseguindo, inclusive, colecionar convocações à seleção argentina de Messi e cia. 

O não-comparecimento do presidente Arnaldo Tirone na reunião do Paulistão de 2013 só demonstra o despreparo administrativo dos homens que comandam o clube. O desconhecimento de um evento como este por parte de quem assessora estes senhores só prova que o clima de festa contaminou alguns muito mais que o esperado. 

Pode ser que, neste final de campeonato, o Palmeiras consiga, graças a uma arrancada, escapar da Série B em 2013 (comemoração maldita dos 10 anos de sua primeira passagem, em 2003), mas tal desespero serve como lição ao clube, de nunca mais relaxar depois de títulos, mesmo que eles venham depois de anos, e de muita expectativa. E, se cair, que sejam absorvidas duas lições: além da primeira, que, a exemplo de Corinthians e Grêmio, outros dois grandes que visitam a divisão de acesso brasileira, o alviverde paulista aprenda a escolher diretoria mais competente, condição que passa longe, aliás, muito longe, do Palestra Itália. 

São Paulo 0x0 LDU Loja - Análise

Jogo feio. Esta é a melhor definição para o "espetáculo" ocorrido nesta quarta-feira, no Estádio do Morumbi, entre São Paulo e os equatorianos da LDU Loja. O 0 a 0 classificou os brasileiros, que, apesar da superioridade técnica, não conseguiram demonstrar um futebol mais incisivo frente a um adversário fechado e que, se passasse, teria superado as suas expectativas na competição. 

A equipe de Ney Franco, num 4-2-3-1 e desfalcada de Luís Fabiano, seu artilheiro na temporada, foi a campo com Rogério Ceni; Paulo Miranda, Tolói, Rhodolfo e Cortez; Wellington e Denílson; Lucas, Jádson e Osvaldo; Ademílson. Os equatorianos, por sua vez, treinados por Paúl Veléz, foi escalado em um 4-4-2, com a seguinte disposição: Palacios; Gómez, Vera, Cumbicus, Hurtado; Larrea, Mosquera, Uchuari, Feraud; Alcívar e Fábio Renato.

O jogo começou como prometia. O São Paulo, com Osvaldo e Lucas, tentando abrir espaços e os equatorianos, acreditando no contra-ataque, fechadinhos, aproximando cada vez mais suas duas linhas de quatro homens, uma defensiva e outra de meio-campo, à meta do goleiro Palacios. Dessa maneira, o tricolor criou as melhores chances. com os dois jogadores são-paulinos mais infernais ficando por algumas vezes com boas condições de abrir o placar na quente noite paulistana. Podemos a partir dessas fotos perceber como jogavam os equatorianos:


A linha de quatro defensores sempre permanece, mas ora com dois volantes...


...ora com três, o que dificultou muito a vida do São Paulo.

A partir daí, percebendo que o jogo seria mais difícil do que imaginava, a LDU abriu sua "caixa de ferramentas" e, na base da violência, tentou impedir os anfitriões de jogar. O lance mais polêmico da primeira etapa, e possivelmente do jogo, foi um pênalti ocorrido em Paulo Miranda por Vera, com este, ao se esquecer totalmente da bola, indo de encontro ao corpo do ex-zagueiro e agora lateral são-paulino. As reclamações de Rogério Ceni no intervalo, porém, não bastaram para que o árbitro paraguaio Julio Quintana apresentasse mais qualidade na mediação do confronto.

Na segunda etapa, além de mais erros grosseiros de aribitragem, o São Paulo seguiu ameaçando pelas pontas, com Osvaldo e Lucas se traduzindo sempre em perigo eminente ao adversário. A LDU, apesar da fragilidade, ainda conseguiu se aproveitar da tranquilidade defensiva paulista em duas oportunidades, quando esbarrou num Rogério Ceni atento. 

Desse modo, sem maiores destaques, é que, com um empate sem gols, o São Paulo obteve sua vaga nas quartas-de-final da Copa Sul-Americana e fica no aguardo da decisão entre Emelec e Universidad de Chile para continuar em busca de um título ainda inédito na sala de troféus do Morumbi. 


DESTAQUES


BOLA CHEIA

Osvaldo e Lucas (São Paulo): foram os únicos a tentar jogadas mais ousadas pelo lado tricolor, contra um adversário fragilíssimo.

Torcida do São Paulo: pagou o ingresso, foi ao Morumbi, mas viu um time que rendeu abaixo do que se esperava. Portanto, apesar de ter visto a classificação, merece aplausos.


BOLA MURCHA

Vera (LDU Loja): zagueirão botinudo. Só era capaz de frear a equipe tricolor através de pontapés. Uma expulsão seria muito mais que cabível no jogo de ontem à noite.

Julio Quintana (árbitro): o paraguaio fez uma arbitragem horrorosa. Deixou de apitar, no mínimo, dois pênaltis. 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Borussia Dortmund 2x1 Real Madrid - Análise

por Lucas Ribeiro

Hoje, em Westfallenstadion, Borussia Dortmund e Real Madrid fizeram um jogo digno de dois favoritos ao título da Liga dos Campeões desta temporada. Os alemães, treinados por Jürgen Klopp, entraram em campo num 4-2-3-1, com Weidnenfeller; Piszscek, Subotic, Hummels e Schmelzer; Kehl, Bender, Götze, Grosskreutz e Reus; Lewandrowski. Já os merengues, comandados por Mourinho, também num 4-2-3-1, foram escalados com Casillas; Ramos, Varane, Pepe e Essien; Alonso, Khedira, Di María, Özil e Cristiano Ronaldo; Benzema. 

O jogo já começou em alta temperatura; o time de Dortmund, tentando impedir o nascimento das jogadas ofensivas madrilenhas, forçava a sua saída de bola. O quarteto ofensivo, sob responsabilidade de Götze, Grosskreutz, Reus e Lewandowski, apertava os defensores blancos, que sem sua valiosa válvula de escape pela esquerda, Marcelo, sentiam dificuldades em armar seus homens de ataque. Dessa maneira, com Reus e Lewandowski, o clube que viu 99,8% de lotação de seu estádio na temporada passada teve as primeiras chances de inaugurar o marcador. 

Aos poucos, contudo, o Real equilibraria as ações de jogo, apoiado basicamente na dedicação de Di María, um incansável no meio-campo, e, claro, na habilidade de Cristiano Ronaldo, que, pela esquerda, abria os espaços. A saída de Khedira, contundido, para a entrada do mais técnico Modric deu mais dinâmica à meia-cancha espanhola. Apesar de a partida ter ganhado contrastes menos dominantes por parte de um dos adversários, e de a posse de bola atingir 61% do domínio visitante, o primeiro tento não demoraria a acontecer: aos 36 minutos, após falha de Pepe, ocasionada graças à disposição já citada dos dianteiros do Borussia, Lewandowski carregou a bola e, sem chances para Casillas, bateu contra a meta do goleiro.

Logo em seguida, entretanto, mais precisamente aos 38, se aproveitando da qualidade do passe de Di María, Cristiano, passando nas costas do ofensivo lateral polonês Piszscek, marcaria, depois de encobrir Weidenenfeller, um golaço, com a assinatura da Fera. O primeiro tempo, dessa maneira, terminou da mesma maneira que esteve em seus meados: ninguém demonstrando uma decisiva vantagem. 

Ao segundo tempo, se aproveitando da alta movimentação de suas três jóias do meio-campo, o Borussia voltaria melhor. O fator casa e a virada do Ajax sobre o Manchester City, equipe esta que, se vencesse, entraria na sua cola por uma vaga às oitavas, parece terem dado ânimo aos alemães, que viam em campo um cada vez menos efetivo Cristiano Ronaldo pegar a bola. O último gol da partida sairia aos 18 minutos, depois de cruzamento de Götze pela direita que, após desvio de Casillas, sobrou para o lateral Schmelzer, responsável por bater forte e desempatar o confronto. 

A partir daí, definhado fisicamente e sem a criatividade da Fera, o Real Madrid apresentou poucas chances concretas para virar, ou ao menos empatar, a partida. Nem a entrada de Higuaín, em lugar do fraco Benzema, fez com que a equipe reagisse. Depois de duas perigosas finalizações de Di María, o principal destaque positivo dos merengues no jogo, os madrilenhos arrefeceram e, até os 45, não ameaçaram com efetividade a meta de Weidnenfeller. 

Dessa maneira, o Borussia assume, com 7 pontos, a liderança do grupo, seguido pelo próprio Real, que, com a derrota, contabiliza os mesmos 5 pontos. Ajax, com 3, e City, com 1, completam a chave. Assim, o grupo da morte, por menos previsível que seja, parece já tirar os ingleses da disputa por uma vaga na segunda fase. 


NOTAS 

Borussia: Weidnenfeller (6); Piszscek (6,5), Subotic (6), Hummels (6) e Schmelzer (6,5); Kehl (6), Bender (6), Götze (7,5), Grosskreutz (7,5) e Reus (7,5); Lewandowski (7). Reservas: Gundogan (6,5), Perisic (s/n). Técnico: Jürgen Klopp (8)

Real: Casillas (5); Ramos (5,5), Varane (6), Pepe (4,5) e Essien (6,5); Alonso (6), Khedira (s/n), Di María (7), Özil (6,5) e Cristiano Ronaldo (6,5); Benzema (4). Reservas: Modric (6) e Higuain (s/n). Técnico: José Mourinho (5,5)


DESTAQUES


BOLA CHEIA

Jürgen Klopp (Borussia Dortmund): um dos técnicos mais talentosos do futebol atual. Conseguiu abafar a defesa espanhola por quase todo o confronto, condição crucial para que a vitória se concretizasse.

Grosskreutz, Götze e Reus (Borussia): trio de garotos que, assim como Klopp, demonstram suas surpreendentes potencialidades dia após dia. 

BOLA MURCHA

Cristiano Ronaldo (Real Madrid): não que tenha feito má partida, inclusive foi o autor do gol madrilenho, mas sumiu no segundo tempo, fator que comprometeu um melhor desempenho merengue no decorrer da partida.

Benzema (Real Madrid): mediano, não é, para mim, camisa 9 de um clube que gasta aos tubos em cada nova temporada. 

domingo, 7 de outubro de 2012

Barcelona 2 x 2 Real Madrid - Análise

por Lucas Ribeiro

Neste domingo brasileiro de eleições municipais, o mundo do futebol abrigou mais um esperadíssimo Barcelona x Real Madrid, o clássico mais festejado da atualidade. Ambas as equipes entraram o Camp Nou em um 4-2-3-1, com os anfitriões, desfalcados de sua zaga titular, Puyol e Puqué contundidos, escalados com Valdés; Dani Alves, Mascherano, Adriano e Alba; Busquets e Fabregas; Pedro, Xavi e Iniesta; Messi. Já os visitantes, completos, foram de Casillas; Arbeloa, Pepe, Ramos e Marcelo; Alonso e Khedira; Di María, Ozil e Ronaldo; Benzema.

O jogo, apesar de ser na Catalunha, começou merengue. Até a metade da primeira etapa, comandados por Ronaldo, os castelhanos foram superiores, mesmo que essa superioridade não fosse massacrante. Se aproveitando da então ineficiência da meia-cancha blaugrana, que não conseguia encaixar boa dinâmica na troca de passes, e da sua desfalcada defesa, o Real chegou ao primeiro gol aos 22 minutos de jogo, através do português, que, livre, bateu no cantinho de Valdés. A comemoração, como sempre, foi a do já padrão típico do jogador, exaltadora de toda sua "humildade".

A contusão de Dani Alves, aos 26, substituído pelo garoto Montoya, fator que poderia se converter em um problema ainda maior a Vilanova, foi, contudo, superada; quatro minutos mais tarde, mais precisamente aos 30, o então sumido Messi deu o ar de sua graça: além de sua inteligência nos dribles e da agilidade, o craque argentino ainda demonstra estrela, ao bem se posicionar e, depois de falha defensiva madridista, finalizar contra a meta de Casillas, empatando o confronto.

A partir de então o Barça cresceu. Ainda longe de jogar o que está acostumado, porém, os anfitriões aumentaram seu volume de tempo com a bola nos pés, em detrimento dos rivais. No segundo tempo, enfim, a substuição de Fabregas por Sánchez, o clube proprietário do Camp Nou se aproximou do ideal, ideal este que se converteria, aos 14, num golaço de falta, para variar!, de Messi, responsável por tirar, na cobrança, todas as condições de defesa do goleiro adversário.

Entretanto, o triunfo, que parecia consolidar mais três pontos aos catalães, não asssegurou o resultado. Logo aos 20, depois de passe açucaradíssimo de Ozil, Ronaldo, aqui, com a permissão do leitor, cabe outro para variar!, empatou o confronto. Dessa maneira, os 25 minutos restantes do jogo foram dignos da mais pura emoção; enquanto Mourinho apostava em Kaká, um dedicado Kaká na marcação, diga-se de passagem, e Higuaín, Vilanova matinha sua mesma formação ofensiva.

Ainda houve tempo para que Pedro, aos 46, desse perigo a Casillas, depois de passar pela marcação e bater forte no canto esquerdo. E assim terminou mais um Barça x Real, um jogo que o mundo do futebol vem conseguindo transformar como sinônimo de "bom gosto".




DESTAQUES



BOLA CHEIA

Messi (Barcelona): além de craque, tem estrela.

Cristiano Ronaldo (Real Madrid): mais uma vez tentou vencer o Barça em seus domínios e mais uma vez fracassou. Mesmo assim, fez dois gols importantes, o sétimo e o oitavo, respectivamente, nos últimos três jogos merengues.

BOLA MURCHA

Arbeloa (Real Madrid): se limitou à unica coisa que sabe fazer bem: dar pancadas. Não à toa recebeu merecidíssimo cartão amarelo.

Benzema (Real Madrid): perdeu um gol claríssimo, depois de jogadaça de Di María. Se tivesse convertido, talvez o final da história teria sido outro.