quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Palmeiras, a segunda queda (?)

por Lucas Ribeiro

Campeão da Copa do Brasil, o Palmeiras viveu uma lua-de-mel durante o mês de julho. Felipão, o também técnico do então último título relevante do clube, a Copa Libertadores de 1999, foi alçado à condição de Deus. Jogadores fracos porém aguerridos, como Luan, Betinho, João Vítor e Maurício Ramos, se tinham problemas com o torcedor, passaram por uma espécie de perdão. Mas, enquanto isso, gozando de dias de glória, o Brasileirão continuava rolando. 

Enquanto muitos torcedores faziam questão de demonstrar, depois de um bom tempo, seu orgulho verde, o time, sem uma preocupação efetiva dos aficcionados, caía, literalmente, pelas tabelas. As derrotas iam se acumulando e, mesmo assim, a vaga confirmada na Libertadores através da segunda mais importante competição do país serviu para desviar o foco dos palmeirenses. Quando acordaram, porém, se viram a alguns pontos de distância da primeira equipe que então se salvava da degola. 

O relaxamento, assim, foi um fator agregado à mentalidade do clube neste ano. Duvido que sem o título da Copa o Palmeiras lutaria contra o rebaixamento. A empolgação seria menor e, apesar de provavelmente ter que presenciar pesadas manifestações da torcida se a derrota se concretizasse na final, os jogadores dariam a vida no Campeonato Brasileiro desde o primeiro minuto em que o Verdão se visse eliminado da competição. Não seria pleiteador ao título, mas, dentro de suas limitações, arrancaria uma posição mediana na classificação.

Devemos, contudo, pontuar a conhecida falta de organização alviverde, que depois da Era Parmalat nunca conseguiu dar regularidade à equipe, já vivente, desde 2000, ano em que o contrato com a multinacional se encerrou, dos dois extremos da tabela, responsável por levar o clube a demitir o mesmo intocável Felipão de dois meses anteriores e a contratar, em anos anteriores, "craques" como Adriano Chuva, Ricardinho, Osmar, Fabinho Capixaba, entre outros. 

O começo de 2012, diga-se de passagem, ainda foi de exceção à regra. Depois de doze anos, foi realizada a contratação mais certeira com recursos próprios: o atacante Barcos, que rapidamente se adequou ao clube e hoje é ídolo incontestável, conseguindo, inclusive, colecionar convocações à seleção argentina de Messi e cia. 

O não-comparecimento do presidente Arnaldo Tirone na reunião do Paulistão de 2013 só demonstra o despreparo administrativo dos homens que comandam o clube. O desconhecimento de um evento como este por parte de quem assessora estes senhores só prova que o clima de festa contaminou alguns muito mais que o esperado. 

Pode ser que, neste final de campeonato, o Palmeiras consiga, graças a uma arrancada, escapar da Série B em 2013 (comemoração maldita dos 10 anos de sua primeira passagem, em 2003), mas tal desespero serve como lição ao clube, de nunca mais relaxar depois de títulos, mesmo que eles venham depois de anos, e de muita expectativa. E, se cair, que sejam absorvidas duas lições: além da primeira, que, a exemplo de Corinthians e Grêmio, outros dois grandes que visitam a divisão de acesso brasileira, o alviverde paulista aprenda a escolher diretoria mais competente, condição que passa longe, aliás, muito longe, do Palestra Itália. 

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