segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Os eleitos

por Lucas Ribeiro

Nesta segunda-feira a tradicional revista esportiva francesa France Football divulgou os candidatos ao prêmio de maior jogador do mundo no ano. "Candidatos", contudo, faz apenas referência aos 23 melhores votados à Bola de Ouro, sendo o número um, na escolha realizada entre treinadores e jornalistas, já, ao menos nos bastidores, conhecido. Os nomes são: Messi (Barcelona), na luta pelo tricampeonato, Cristiano Ronaldo (Real Madri), Xavi (Barcelona), Iniesta (Barcelona), Neymar (Santos), Agüero (Manchester City), Balotelli (Manchester City), Benzema (Real Madri), Buffon (Juventus), Busquets (Barcelona), Casillas (Real Madri), Drogba (Shanghai-CHI), Falcão García (Atlético de Madri), Ibrahimovic (PSG), Neuer (Bayern), Ozil (Real Madri), Piqué (Barcelona), Pirlo (Juventus), Rooney (Manchester United), Yayá Touré (Manchester City), Van Persie (Manchester United) e Xabi Alonso (Real Madri). 

Vamos, enfim, falar dos possíveis vencedores (Messi, Cristiano Ronaldo, Xavi e Iniesta) e do único brasileiro que, coincidentemente e ao contrário de alguns anos anteriores, também atua em solo tupiniquim, Neymar. Vale, como complemento, o pouco entusiasmo do autor para com este tipo de premiação, já que, por ser um esporte coletivo, ele crê que seria de melhor valia a FIFA criar, portanto, uma votação para que fossem eleitos os onze, de acordo com o ditado, "do goleiro ao ponta-esquerda", melhores do ano. Dessa maneira, apesar da presença de alguns defensores na lista, como Piqué, Casillas e Buffon, estes dois últimos goleiros, há, com a exceção de 2006, quando Cannavaro levou o troféu para casa, sempre a preferência em se escolher, com poucas vezes se enxergando a eficiência, atletas goleadores ou que tenham uma condição plástica, como o drible, mais aguçada. Outro fator é o caráter praticamente europeu da disputa; apesar da entrada de Neymar na lista, são geralmente ignorados destaques de competições praticadas no hemisfério Sul do planeta (em 2003, por exemplo, não que fosse ganhar o troféu, mas o craque Alex, pelo que fez naquela temporada pelo Cruzeiro, mereceria uma lembrança).  

Comecemos então por Messi. O argentino teve enorme destaque na temporada passada, quando anotou 50 gols em 37 partidas da liga espanhola e outros 14 em 11 jogos pela Liga dos Campeões, médias absurdamente altas que lhe renderam a Chuteira de Ouro como maior goleador da temporada europeia. Com a saída de Guardiola e a assunção por seu auxiliar, Tito Vilanova, do cargo, o argentino, ao contrário dos anos anteriores, deixou de receber a bola na altura de onde joga o camisa 10, e partir com dribles fulminantes pra cima da marcação, e passou a jogar quase como um camisa 9, saindo pouco da área, como pudemos acompanhar no clássico de 07 de outubro contra o Real Madri, quando Leo marcou dois gols oportunistas. É, assim, além dos gols e da habilidade, o jogador mais festejado do planeta e amplo favorito ao tetracampeonato, que seria inédito. 

Já Cristiano Ronaldo é o principal antagonista do sul-americano à conquista da Bola. Quase um competidor pessoal de Messi, o português é outro que, assim como seu "rival" faz no Barça, vem deixando seu nome cada vez mais marcado na história do Real Madri. Seus 46 gols no Campeonato Espanhol e 10 na Champions League são a prova do sucesso do jogador na capital espanhola. Apesar da conquista da principal competição da Espanha e da Supercopa nacional, diante do Barça, Ronaldo, mesmo assim, a muitos, está um patamar abaixo do argentino, condição que deve lhe assegurar apenas o segundo lugar da disputa. 

Xavi, contudo, é, o dos favoritos, o que mais me agrada em vê-lo jogar. Que me perdoem os fãs de Messi e Cristiano Ronaldo, mas não há nada mais prazeroso que assistir a um jogador que toma conta do meio-campo como faz esta cria de La Masía. Jogador extremamente tático e de visão de jogo excepcional, que, quando não atua, afeta, inclusive, o desempenho de Messi, o camisa 8 blaugrana é, além de dono da meia-cancha de seu clube, também o principal cérebro da seleção espanhola bicampeã europeia, em 2008 e 2012, e campeã mundial, em 2010. 

Iniesta é outro que, pela disposição tática, tenho muito gosto de acompanhar em campo. Aos mais antigos, é válida a comparação com Falcão na Copa de 1982, um jogador que, tanto na seleção quanto no Barcelona, cai pela esquerda, apoiando o ataque, mas que também sabe recompôr o meio-campo com muita qualidade. Tem muitos méritos, mas, dentro do que exige a FIFA, pouquíssimas condições para a conquista da Bola, quase nada acima dos outros 19 competidores abaixo dele. 

E, como não podia faltar, falemos agora de Neymar, o único brasileiro na lista. O craque teve excelente desempenho com a camisa santista neste ano de 2012 (apesar do tetra da Libertadores ter se convertido num fracasso e do título do pouco festejado Campeonato Paulista, com a Fera em campo o Peixe teve um aproveitamento de 70% dos pontos disputados). O vice nas Olimpíadas, por sua vez, maior decepção da temporada, pode se tornar uma mancha na carreira do jogador, principalmente se a Copa de 2014 não ficar no Brasil. Mas, para este ano, coloco Neymar como mais um no meio de 23; condição zero a este ainda jovem de 20 anos, que, muito em breve, pode conquistar um dos seus sonhos de infância. 

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