domingo, 21 de julho de 2013

O problema chamado Tricolor

por Lucas Ribeiro

No último sábado, o São Paulo, jogando em casa, foi derrotado por 3 a 0 pelo Cruzeiro (com três tentos do ex-palmeirense Luan) e, com a sétima derrota consecutiva, inaugurou a série consecutiva de mais reveses da sua história. O episódio prova, dessa maneira, que a troca de técnico, Ney Franco deu lugar a Paulo Autuori, não surtiu efeito, e que o problema são-paulino é muito maior do que se pensava.

O próprio Autuori, fora do clube, imaginava que os desafios eram menores. Afinal, os últimos jogos que a equipe disputou sob o comando do ex-comandante da Seleção Sub-20 podiam ser reflexo de atletas insatisfeitos com o treinador. Mas, ao voltar ao Tricolor, Tricolor este pelo qual Autuori foi campeão da Libertadores e Mundial em 2005, o carioca deve ter sofrido um baque: definitivamente, este não é o mesmo de oito anos atrás, com os problemas e as desavenças sendo predominantes no ambiente.

A pressão da torcida por outro nome, o de Muricy Ramalho, também leva atritos ao desempenho do novo nome. Imagina você, recém-chegado a uma instituição que enfrenta uma crise, ainda ter que ouvir gritos de apoio a outro nome? É natural que, apesar de não expor tal situação, Autuori deva sentir desconfortos sobre tal questão.

E com relação ao elenco: com nomes como Osvaldo, Luís Fabiano, Ganso, Lúcio, Clemente Rodriguez e Rogério Ceni, no papel o São Paulo poderia brigar por vaga na Libertadores. Mas falemos na prática: o camisa 17 parou de jogar após a eliminação na Liberta, diante do Atlético-MG, o Fabuloso e o ex-santista parecem padecer de "vontade" (ambos parece que, ao invés de procurarem os espaços, se escondem atrás dos marcadores, "fugindo" do jogo, o xerifão, que voltou ao Brasil depois de gozar de poucas oportunidades na Juventus, está cada vez mais metido a zagueiro-atacante, prejudicando a já frágil estrutura defensiva do clube, o argentino, última contratação do clube, encara um fogueira na lateral-esquerda (já que Juan, alçado à titularidade depois da contusão de Carleto, é o rei das más atuações) e Ceni, o grande líder são-paulino, tem sido pivô de discussões públicas com um dos braços direitos do presidente Juvenal Juvêncio, o diretor de futebol Adalberto Baptista.

Chegamos agora, finalmente, ao cerne do problema: ao assumir, na última quinta-feira, que o elenco do São Paulo não tem limitações, Baptista apenas corroborou seu desconhecimento sobre futebol. Dizer isto é, claramente, querer se eximir de culpa na montagem de um time repleto de limitações. Além do mais, a defesa, um setor debilitado, ainda perdeu, nos últimos dias, Rhodolfo, emprestado ao Grêmio. Há, ainda, contratações pouco pontuais: não entendi, até hoje, as chegadas de Caramelo e Reinaldo, que não têm chances nem diante das más fases dos titulares.

Ou seja, JJ, que alterna momentos de genialidade com imbecilidade, vem mantendo, no seu staff, um nome que, além de demonstrar ser pouco versado em futebol, ainda é impopular no vestiário, batendo de frente com o nome de maior liderança junto aos companheiros (condição que se agravou quando, no primeiro semestre, Baptista abandonou o clube num jogo importante pela Libertadores, na alta Bolívia, para ir disputar um campeonato de automóveis, na Europa).

A questão, concluindo, é muito mais que apenas tática ou técnica. Ney Franco, Paulo Autuori, José Mourinho, Rinus Michels... qualquer um desses seria incapaz de resolver problemas de outra ordem, ordem esta que abraça a idiotisse.

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