terça-feira, 19 de março de 2013

O que se passa com o São Paulo?

por Lucas Ribeiro

A nuvem cinza resolveu estacionar no céu são-paulino. Apesar da vitória sobre o Oeste de Itápolis, que reforçou a liderança tricolor no Paulistão, a bomba estourou na quarta-feira passada, quando o time, ao perder para o Arsenal de Sarandí, da Argentina, dificultou suas possibilidades de se classificar às oitavas-de-final da tão cobiçada Libertadores. 

Na fatídica partida, inclusive, talvez alguns problemas de relacionamento ficaram evidentes: apesar de, nesta terça, ter admitido que falou "o que não devia", Lúcio saiu de campo a contragosto, tendo demonstrado chateação até mesmo no desembarque da equipe em São Paulo. No domingo, Édson Silva, primeiro, e Luís Fabiano, depois, pareceram não vibrar com entusiasmo depois de marcarem seus gols. 

Afinal, o que se passa com o São Paulo? O time, ao final do ano passado, voltou às conquistas, coisa que não acontecia desde 2008, ao levantar, de maneira invicta, a Copa Sul-Americana. Tal título, por sua vez, acendeu uma luz verde de novas temporadas vitoriosas, e que nem a venda do craque Lucas, sob circunstâncias financeiras excelentes, poderia impedir. Além do mais, a chegada, na pré-temporada, de um nome como Lúcio e de uma maior ambientação de Ganso, que chegara em agosto, seriam trunfos mais que suficientes para cobrir a saída do atual jogador do Paris Saint-Germain. 

Contudo, a liderança do Paulistão, competição à qual os tricolores dão de ombro, não é capaz de apagar o incêndio da má fase na Liberta, esta, sim, desejada de maneira obsessiva pelos torcedores. O ambiente parece regado a guerra de egos. O ex-zagueiro da Juve e o ex-meia do Santos, deixando a badalação com a qual desembarcaram no Morumbi de lado, passaram a demonstrar publicamente suas insatisfações. 

Luís Fabiano, outra estrela da companhia, parece não conseguir cumprir sua promessa de que estaria mais calmo em 2013. Na partida de ida diante do Arsenal foi expulso pelo árbitro após reclamar de erros ao final da partida e, portanto, prejudicou o time ao não poder atuar no revés em Sarandí. Há, ainda, os problemas de deficiência técnica: Douglas e Cortez, outro que até hoje mais prometeu do que de fato jogou, são irresponsáveis no ataque e mais irresponsáveis ainda na marcação. 

Ney Franco, que, atendendo ao problema já cultural do futebol brasileiro, recebe toda a carga e vê seu posto ameaçado, ainda anda sofrendo em como escalar o time versão 2013. A saída de Lucas pesou mais do que efetivamente parecia, e as tentativas de suprir a lacuna por este deixada no lado direito do campo têm ido em vão. Mesmo assim, creio que, pelo que fez ao clube na temporada passada, é cedo para que se demita o treinador. Afinal, pressão em grande equipes é algo normal, e é nessa hora que o treinador deve provar que tem pulso e competência.

As críticas a Lúcio via entrevista coletiva provam que o técnico está tentando colocar ordem na casa e, como convém, mostrar quem manda. Pois Franco tem muito potencial e, ao contrário do que pensava quando assumiu, deu cara e padrão a um time que, com Leão, parecia perdido. 

Ou seja, pelos descompassos comportamentais, se o treinador conseguir disciplinar suas estrelas, resolverá, na minha modesta opinião, uns 75% da dor de cabeça que vem afligindo o São Paulo. A indecisão tática, depois de reguladas as ameaças de "insubordinação", é algo bastante solúvel. E, como afirmei, em Ney eu confio. 

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