quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A volta do São Paulo às conquistas

por Lucas Ribeiro

Ontem, o São Paulo, depois de quatro anos, voltou a levantar uma taça. E, ainda por cima, internacional. Sua 41ª conquista em quase 77 anos de história. Ou seja, quase uma a cada dois de existência, fator que o coloca em boa vantagem em relação aos rivais. Mas falemos de toda a trajetória que levou o time a ela, quando os contestados Lucas, Juvenal Juvêncio, Paulo Miranda, entre outros, deram a volta por cima. O tricolor começou a desenhar a possibilidade de erguer mais um troféu quando demitiu o desgastado Émerson Leão e contratou Ney Franco.

Tudo bem, devo admitir que, como admirador do futebol e, principalmente, são-paulino, contestei a escolha de tal nome. Ao contrário do que toda a imprensa esportiva afirmava, de que ele era o nome certo pra tocar o São Paulo, clube tradicionalmente formador de jovens, já que fora extremamente bem-sucedido dirigindo a Seleção Sub-20, quando conquistou um Sul-Americano e uma Copa do Mundo, considerava seu currículo em clubes muito pobre. Teve, teoricamente, sucesso em dois momentos: quando conquistou acesso com o Coritiba à Série A, em 2009, e, de maneira mais destacável, quando chegou às semifinais da Copa do Brasil de 2006, no comando do nanico Ipatinga. No Flamengo, apesar do título daquela competição na qual havia chegado às semi com os mineiros, sendo contratado pelo rubro-negro logo em seguida, e no Botafogo teve passagens de pouca expressão. Além do mais, para mim, vencer campeonatos de base, ainda mais treinando uma geração pronta, que contava com nomes como Neymar, Oscar, Fernando e cia., era mais que obrigação.

Franco, contudo, devolveu à equipe uma cara. Diferentemente do seu antecessor, que apostava em polichinelos nos treinos, o substituto não abria mão de preparação tática. Não à toa, ao contrário das formações lançadas pelo demissionário, que geralmente logo se desordenavam em campo em jogos decisivos, como foi o caso das semifinais tanto do Paulistão, contra o Santos, e da Copa do Brasil, diante do Coritiba, o atual campeão mundial Sub-20 fez o time crescer em momentos decisivos, assim como Lucas, a estrela da companhia, que fez partidas verdadeiramente memoráveis na Copa Sul-Americana, não fugindo, inclusive, da violência dos adversários.

Devo admitir também que, apesar de muitos deslizes, neste final de ano a administração Juvenal Juvêncio teve acertos capitais. Aprendendo que o futebol brasileiro mudou e conseguiu criar mecanismos contra as brechas promovidas pela Lei Pelé, JJ, finalmente, percebeu que gastar era o melhor caminho para se montar times fortes, e não mais esperar o término de contrato de atletas acabar para levá-los ao Morumbi. A chegada de Ganso, que custou quase R$24 milhões, foi a prova. Com isso, vendo que "tirar o escorpião do bolso" para reforçar o elenco é necessário, dá-se também, inconscientemente, mais respaldo ao treinador, que se sente mais seguro caso seja preciso pedir nomes à diretoria.

Para 2013, dessa maneira, o São Paulo abriu frentes fundamentais para voltar à rota das grandes conquistas: um título que confirmou o potencial da equipe, uma diretoria que, aos poucos, parece se adequar à nova realidade do futebol brasileiro e, principalmente, o retorno às disputas de uma Libertadores, eterna paixão dos tricolores. E, por falar em Libertadores, quem saiba ela, num Morumbi lotado, não veja clássicos decisivos do time contra os arquirrivais Palmeiras e Corinthians? Para quem há uns seis meses via um cenário mais nebuloso, está de muito bom tamanho...

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