quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Ê, Brahma!

por Lucas Ribeiro

A Brahma, uma das principais patrocinadoras dos eventos FIFA que ocorrerão no Brasil a partir do vindouro 2013, aliada à imagem positiva e popular de Ronaldo, produziu uma série de reclames que reforçam o caráter "festivo" do povo brasileiro e afirmam que o tupiniquim é, em sua essência, otimista. Quem não se enquadra neste padrão, segundo tal, é um pessimista. Aquele que contesta e se queixa de toda a desorganização que será proporcionada pela maior circulação de pessoas, questão que, através de infraestrutura, deveria ser saneada pelo Estado, é, portanto, considerado um "pessimista". 

De que adianta tentarmos, no papo de bar, desvincular nossa imagem de país desestruturado e do "jeitinho" se nem na publicidade, em campanhas que muito provavelmente são transmitidas mundialmente, há uma tentativa concreta de, ao menos discurso, separar o brasileiro de tal carga pejorativa? E o fato de a cervejaria ser uma empresa brasileira faz com que o fato tome uma relevância ainda maior, já que a questão deixa de ser aquela, por exemplo, do Zé Carioca, onde é o estrangeiro que forma sua imagem do Brasil, e passa a ser a do próprio nativo se fiando sob tais qualidades. 

Há anos, desde os longínquos tempos da Segunda Guerra, através do já citado personagem de Walt Disney e de Carmem Miranda, somos a terra da "Visão do Paraíso", apenas para parafrasear o título de uma obra do sociólogo Sérgio Buarque de Holanda. O calor, as praias e, o pior, turismo sexual representam quase que um tripé à vinda de estrangeiros para cá. Para muitos outros, mais ignorantes a respeito do que se passa em solo verde-amarelo, há índios, macacos e toda uma vida pré-urbana em locais onde existem cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que estão na lista de maiores do mundo. 

E, gradativamente, por mais que a corrupção e a "malandragem" permaneçam ainda vivas na política, tornou-se imperativo o combate a este exotismo. Somos, sim, afinal, um país estabelecido, que, além de características comuns ao mundo desenvolvido, possui leis, logo regras, e não um bando de selvagens que os endinherados, a bel prazer, podem usar quando lhes convêm. 

Ou seja, senhora Brahma, seja mais responsável em suas campanhas publicitárias. E, Ronaldo, alguém que adquiriu o respeito, primeiro, dos brasileiros e, depois, mais especificamente, dos corintianos, a primeira ou segunda maior torcida do país, favor também se associar a ideias mais inteligentes. Obrigado. 

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