domingo, 16 de dezembro de 2012

O mundo é alvinegro

por Lucas Ribeiro

Depois de passar com dificuldades pelos egípcios do Al-Ahly e de assistir a tranquila vitória do Chelsea sobre os mexicanos do Monterrey, o Corinthians, que já vivia à sombra dos ingleses no quesito favoritismo à conquista do Mundial, se tornou ainda menos cotado ao título. A final, para muitos, seria apenas mais uma formalidade para que os Blues levantassem-no, tentando salvar um fracassante início de temporada, que incluiu, principalmente, a eliminação ainda na primeira fase da Champions League.

Contudo, quem compareceu ao Estádio Internacional de Yokohama ou assistiu ao jogo apenas para confirmar um fato já mentalmente consumado, viu outra coisa. Os londrinos só foram de fato superiores mais ou menos nos 15 primeiros minutos do confronto. Depois, a bola passou a ser privilégio corintiano. Não que tenha sido, ao menos na etapa inicial, um domínio massivo, mas os brasileiros conseguiam controlar melhor o ritmo do meio-campo. Hazard e o fraquíssimo Moses, que por opção de Rafa Benítez substituiu Oscar, foram superados pelo futebol de Ralf e, principalmente, Paulinho.

Nos derradeiros 45 minutos, o Timão ainda cresceria. Entre os 10 e os 30 minutos fundamentalmente. O time montou uma verdadeira blitz na área britânica e viveu de perigosas tentativas de Guerrero e do seu guerreiro camisa 8, pra mim, o nome do Mundial 2012. Assim como no primeiro jogo, o gol seria anotado pelo peruano, num tento com total gosto alvinegro: depois da tentativa de Danilo e de um bate-e-rebate na área, a bola sobrou redonda na cabeça do ex-centroavante do Hamburgo, que finalizou às redes.

Depois disso, com pouco mais de 15 minutos para conseguir ao menos um empate, o Chelsea entrou na correria. Benítez, enfim, apostou em Oscar, que pouco funcional foi à equipe. Torres, mais algumas vezes, quando não foi parado pela sua incapacidade, foi impedido de ir ao gol por Cássio, que, apesar das poucas estocadas adversárias, foi importantíssimo em no mínimo dois lances e, como Paulinho, escreveu seu nome em definitivo na história corintiana.

Tite, aí sim, retrancou seu Corinthians. A expulsão de Cahill, outro que teve uma atuação bem insegura, conspirou mais ainda a favor dos brasileiros. El Niño, por sua vez, quando decidiu marcar, marcou em posição irregular e, com o jogo já próximo dos 49 minutos, somados aí os quatro de acréscimo dados pelo árbitro, os europeus não conseguiram mais criar, impedidos pelo rochedo defensivo sul-americano, rochedo este fundamental ao título da Libertadores.

Ao final do jogo, a festa brasileira foi enorme. O mundo, pela primeira vez, é alvinegro. Depois dos fracassos nacionais em 2010, quando o Inter nem sequer conseguiu passar do campeão africano, Mazembe, nas semifinais, e em 2011, quando o Santos sofreu uma goleada de 4 a 0 do Barça, o Corinthians dá ao Brasil a primeira conquista desde 2006, quando o mesmo Colorado que caiu antes da decisão venceu o campeão do ano passado.

Tite, apesar de considerá-lo um técnico mediano, se coloca, por seu turno, como um vencedor. Depois do Tolima e de todo o trauma causado por aquela eliminação, deu a volta por cima e conseguiu montar um time que, naquele mesmo 2011, levantaria um Brasileirão, a tão cobiçada Libertadores e, agora, o Mundial, estes dois últimos neste 2012, se tornando desde Telê Santana, com o São Paulo de 1991-92, o primeiro a realizar tal façanha.

Por fim, parabéns ao Corinthians, responsável por, em 2012, superar seus traumas em relação a conquistas internacionais, se inserindo, definitivamente, no rol dos times mundialmente vencedores. 


DESTAQUES

BOLA CHEIA

Cássio (Corinthians) - merece chances mais concretas na seleção. É mais goleiro, por exemplo, que o botafoguense Jefferson. Foi um monstro, assim como na Libertadores.

Paulinho (Corinthians) - cada vez mais dono do Corinthians. Foi o nome do Mundial.


BOLA MURCHA

Torres (Chelsea) - parou em Cássio e, pior, em si próprio.

Moses (Chelsea) - Como um jogador tão fraco pode ter colocado Oscar no banco? Só para Rafa Benítez...


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