terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O caminho, infelizmente, não é só financeiro

por Lucas Ribeiro

O Corinthians é campeão mundial. Sim. Ao contrário da eterna brincadeira que impunham os rivais aos torcedores alvinegros, de que o clube não tinha tradição internacional e, diferentemente de Santos e São Paulo, nunca levantara o troféu talvez mais cobiçado pelas agremiações ao menos brasileiras, o mais (ou segundo mais, segundo algumas pesquisas) popular clube do país chegou lá, sem querer entrar novamente no mérito da conquista de 2000. 

Contudo, o que mais há de comum entre três dos quatro principais times paulistas que já tiveram a possibilidade de chegar a tal triunfo? A pouca visibilidade que nosso futebol, o praticado aqui, continua gozando no exterior. Não pense que o cenário será diferente porque os corintianos neste 2012 fizeram sua festa. Talvez o único que conseguiu fazer principalmente os europeus prestarem atenção no ludopédio jogado em solo tupiniquim foi o Santos de 1962 e 1963, que, com Pelé e cia., alcançou uma fama praticamente inatingível no mundo futebolístico, contando, ainda, como mérito ser de uma época onde a TV quase inexistia. 

Atualmente, nem com a popularíssima internet conseguimos trazer os holofotes para cá. À exceção da seleção canarinha, festejada em todo planeta, nosso esporte bretão é marginalizado mundialmente. Se até a Libertadores, a principal competição continental sul-americana, é deixada de escanteio, quem dirá o Campeonato Brasileiro? 

Não quero desmerecer o título corintiano por ser são-paulino, pelo contrário, título este que em 2005 foi por mim também comemorado à altura. Mas, antes de nos preocuparmos apenas com ele, de nos planejarmos para disputar um jogo contra o campeão europeu e, de acordo com a FIFA ou as circunstâncias vigentes à época, como os Intercontinentais, nos sagramos, com todo direito, vencedor do mundo, devemos tentar também nos transformar no quesito marketing. 

A presença de Neymar e os contratos milionários recentemente assinados pelo próprio Corinthians, que sonha, inclusive, em tirar Pato do Milan desembolsando a bagatela de R$42 milhões, são saídas muito interessantes. É fato que, muito beneficiadas pela crise europeia, as diretorias brasileiras conseguiram fortalecer o espetáculo aqui jogado. Afinal, conseguimos repatriar nomes como Luís Fabiano, Deco, Ronaldinho Gaúcho, Fred e Wesley, trazer Seedorf e especular Beckham, que, apesar de estarem em fim de carreira, são nomes de bastante impacto internacional. 

Esse é um passo fundamental. É uma ação que leva tempo, mas que, se empreendida de maneira estável e a longo prazo, pode resultar em algo positivo. O principal rochedo de resistência, entretanto, vai além da questão financeira: a arrogância europeia. Tratar as disputas intercontinentais e mundiais, apenas para diferenciar as Copas Toyota e FIFA no sentido da nomenclatura, menos seriamente que a sua Champions League é uma prova cabal.

Ou seja, em teoria não que temos que provar aos europeus nosso valor, mas essa mudança vai além do ponto financeiro. Aos que defendem, como eu, uma profissionalização progressiva na gestão do futebol, com algumas ressalvas, não basta seguirmos esse caminho, já que os europeus dificilmente vão aceitar dividir o trono com outro continente. Resumindo, mesmo que eles não queiram entender, o Mundial é, sim, uma maneira de atestar que nós, sul-americanos, também temos, principalmente se houver consonância com todos os pontos apresentados por mim no texto, nosso valor. 

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