sábado, 11 de agosto de 2012

Brasil 1x2 México - O melhor levou

por Lucas Ribeiro

Depois de 24 anos e de toda a expectativa gerada, o Brasil chegou à final dos jogos olímpicos. O time, recheado de estrelas do porte de Thiago Silva, Marcelo, Oscar, Ganso, Lucas e, principalmente, Neymar, prometia o ouro, feito ainda inédito na galeria de conquistas da CBF. Mas, no decorrer da competição, viu que tradição não dava banquete: fez jogos duros contra Egito e Honduras e presenciou as eliminações, ainda na primeira fase, dos também favoritos uruguaios e espanhóis.

O México, por sua vez, foi à decisão comendo pelas beiradas. Foi beneficiado por cair em um, teoricamente, grupo mais fraco, com Gabão, Suíça e Coreia do Sul, em relação aos demais. Empatou com os asiáticos, mas, com grandes atuações de Giovani dos Santos e Peralta, bateu os africanos e os europeus e avançou às quartas-de-final. As vitórias sobre Senegal e, depois, sobre os japoneses deu a oportunidade aos tricolores de, pela primeira vez, jogarem uma final olímpica.

O adversário, quem seria: o favoritíssimo Brasil, que, mesmo sem ter conquistado o posto mais alto do pódio em Olimpíadas, conquistara, ao longo da Era Moderna, duas pratas (1984 e 88) e dois bronzes (1996 e 2008). Era de se esperar, portanto, que o México seria uma presa tranquila. Certo? Errado! Aos 30 segundos de jogo, o sonho dourado brasileiro começou a ruir. Depois de erro infantil de Rafael, Peralta colocou os espanófonos na frente.

O jogo, assim, se tornou uma via crúcis ao time verde-amarelo. O mexicanos, bem postados em campo, impediram a bola de chegar a Neymar e a Oscar. Já aos 30 minutos do primeiro tempo, o improvisado de volante Alex Sandro (a retranca, se aconteceu no imaginário, ainda tinha uma cara, pelos três cabeças-de-área, mais brasileira) daria lugar a Hulk, colocando o Brasil com três atacantes. A equipe de verde e branco, entretanto, não esmoreceu: belissimamente postada em campo, foi dona da meia-cancha e atacava racionalmente.

O segundo gol, também do centroavante Peralta, aos 30 do segundo, foi uma consequência de quem era melhor no jogo. O camisa 9 já havia acertado uma bola no travessão de Gabriel, quando, depois da cobrança de uma falta do lado esquerdo, cabeceou tranquilo e conferiu um duro golpe ao time canarinho, que viu suas condições de igualar o marcador praticamente mortas.

O México, ainda assim, parecia subverter a lógica de um time que vence. O time, cada vez mais, avançava as suas linhas de marcação e, se aproveitando da condição psicológica brasileira, tomou conta em definitivo do meio-campo. A partir principalmente de Thiago Silva, a bola começou a chegar ao ataque através de ligações diretas. Neymar e Oscar, agora mais do que nunca, se encolheram. Se antes já sentiam a forte marcação, agora nem procuravam mais os espaços.

Um gol de honra, enfim, saiu. Hulk aos 46, pela direita, bateu na saída do goleiro Corona e deu esperanças à torcida de levar o jogo para a prorrogação. Para dar um toque de dramaticidade, Oscar perdeu, no último lance, um tento claro, cabeceando para fora, bem de frente à meta mexicana. O ouro, portanto, mais que merecidamente vai para a América do Norte. O Brasil, depois de um amistoso contra o adversário desse sábado em junho, no qual também foi derrotado, sabia que enfrentaria um adversário duro.

E o bom trabalho de base, que rendeu dois títulos mundiais sub-17 ao México desde 2005, vem gerando bons frutos. Não basta culparmos Rafael, Mano Menezes ou tentar encontrar outro bode expiatório, mas devemos, antes de tudo, enxergar que encaramos um time difícil. E por mais que seja clichê, com Uruguai e Espanha na primeira fase e Coreia com o bronze no peito, "não há mais bobo no futebol".

2 comentários:

  1. Perfeito. Apenas não acho que o México seria uma presa fácil e que o Brasil era franco favorito. No mais, estou de total acordo.

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    1. A imprensa, ao menos brasileira, pintou um favoritismo franco do time verde-amarelo. Afinal, nada mais natural que, depois de Uruguai e Espanha eliminados, ela foi a única seleção com sérias chances de ouro que se manteve na competição. Mas o México provou que tem um time muito bom e que, como disse, pode surpreender, com a boa base formada, nas próximas competições adultas.

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