segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Futebol paulista reforçado

por Lucas Ribeiro

Lúcio, Montillo e Pato. Três reforços que fazem o futebol paulista, principalmente São Paulo, Santos e Corinthians, ainda mais fortes para a temporada 2013. Isso sem falar naqueles que permaneceram: Luís Fabiano, Ganso, Neymar, Cássio, Paulinho e cia. Ou seja, se os dois paulistanos entram na Libertadores como franco favoritos ao título, com o alvinegro tendo a possibilidade de defender o campeonato, o Santos, apesar de ainda deixar a desejar no quesito reforço, entra como pleitador à conquista de um inédito tetracampeonato estadual. 

Não citei o Palmeiras, porque, apesar de estar na disputa da principal competição sul-americana, junto com seus outros dois rivais de cidade, sofreu, no último domingo, um pesado revés: perdeu o ídolo Marcos Assunção, que, pela atual conjuntura alviverde, de Série B e de reconstrução de elenco, seria, naturalmente, um líder fundamental. Além do mais, problemas têm envolvido outras duas referências da equipe, o chileno Valdívia e o goleador argentino Barcos. Enquanto o primeiro não se reapresentou junto com o restante dos colegas, não dando uma explicação convincente, o segundo, por meio de seu empresário, vem ameaçando deixar o clube. 

Agora falando pormenorizadamente em relação aos reforços, tratemos primeiro de Lúcio. Apesar de seus 34 anos, o zagueirão, capitão brasileiro no Mundial da África do Sul, foi uma contratação excelente por parte do tricolor, ainda mais por ter sido concluída sem ônus aos seus cofres (daquelas que seu presidente, Juvenal Juvêncio, adora). A avançada idade para um futebolista para o ex-jogador colorado se trata, no entanto, de um detalhe. A exemplo dos veteranos Juninho Paulista, Zé Roberto e Seedorf, destaques do último Brasileirão, o campeão europeu de clubes em 2010 é um dedicado atleta. Deve, desse modo, colocar "lenha na fogueira" pela titularidade num setor que terminou 2012 de maneira positiva, responsável por premiar ainda mais o título da Sul-Americana, quando os são-paulinos não sofreram gols nas partidas disputadas em casa. 

Já o argentino Montillo, outrora disputado por São Paulo e Corinthians, viu sua confirmação como jogador do Santos representar sua definitiva saída, depois de várias idas e vindas desde inícios de 2012, do Cruzeiro. Apesar do "jogo duro" realizado pelo presidente do clube mineiro, Gilvan de Pinho Tavares, que já havia recusado propostas até mais gordas que os 6 milhões de euros pagos pelos santistas e, graças à confidencialidade da negociação, apenas especulados pela mídia, o então principal jogador mineiro junto com Ronaldinho Gaúcho terá a oportunidade de, substituindo Ganso e junto com Neymar, dar ao Peixe uma temporada mais estável que a passada e de se firmar na Seleção Argentina, pela qual teve, atuando no Brasil, pequenas chances jogando o Superclássico das Américas. 

Pato, que decidi abordar por último, significa, por sua vez, a contratação mais emblemática para a temporada nascente. Cercado de mistérios pelo Internacional, clube que o revelou, antes mesmo de sua estreia pelos profissionais, prometia ser um craque. Comprado por 20 milhões de euros pelo Milan antes mesmo de completar 18 anos, idade mínima para um atleta não-comunitário atuar na Europa, ainda marcaria, antes de declinar na carreira, gol na sua estreia pela seleção principal, coisa que apenas atletas como Zico tiveram a oportunidade de fazer. Lesões e, principalmente, falta de ambição fizeram o jovem de 23 anos deixar de lado seu potencial. 

Seu desinteresse é tão visível que sua contratação dividiu a Fiel em duas: um grupo aceitava a contratação do jogador, se confirmada, de braços abertos; outro, ao contrário, não queria o então camisa 9 milanista pois o elenco corintiano chegou a um titulo mundial sem estrelas, e delas, principalmente as não comprometidas, ele não precisaria. Mas, independentemente do clubismo e a exemplo de Ronaldo, há, por parte da grande maioria dos torcedores, uma torcida pela recuperação do (ex?) craque. Da diretoria corintiana em especial. Afinal, nada mais, nada menos que 15 milhões de euros foram desembolsados pela compra de 100% de Pato, valor que, no caso de fracasso do atacante, poderia se converter na montagem de quase outro time idêntico ao que levantou a tão sonhada Libertadores, em julho.

Acima de tudo, mesmo antes de entrarem em campo, Montillo e Pato já viraram armas para o marketing santista e corintiano. Tão logo o acerto foi confirmado, o Santos já anunciava em seu site a venda de camisas 10 com o nome do argentino nas costas por R$99,90. No Parque São Jorge, talvez até proporcionalmente ao preço pago pelo alvinegro paulistano aos milanistas, o Corinthians vende camisas 7 com o nome do seu reforço mais caro à temporada por R$209,90. Mas, muito provavelmente, as ações envolvendo ambos não devem parar por aí. 

E, com pelo menos duas décadas de atraso, o futebol brasileiro, ou, mais significativamente, paulista, parece se entrosar com dois fatores que alavancaram o seu par europeu: a valorização de atletas com maior consciência profissional, como Lúcio, que, apesar de dez anos de bola no Velho Continente, se impressionou com a estrutura são-paulina, e de campanhas de marketing, fazendo com que os torcedores "paguem a conta" pela chegada de craques, casos de Pato e Montillo.  

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