quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Globo Esporte: mudança ou morte

por Lucas Ribeiro

O programa Globo Esporte, da emissora homônima, vem sofrendo com a perda de audiência nos últimos meses. Estuda-se uma reformulação na atração, a começar pelo exagerado humor em grande parte instalado por Tiago Leifert, que passou a comandá-lo a partir de 2009. Apesar dos iniciais elogios recebidos no primeiro ano sob nova apresentação, o GE foi se desnorteando ao longo desses quatro anos, tornando-se mais um programa de variedades do que um televisivo esportivo, de acordo com o indicado por seu nome. 

No ar desde 1978, a atração era totalmente diferente nas décadas de 1980 e 90, quando teve boa parte de suas edições apresentadas pelo lendário Léo Batista e por Fernando Vanucci, o mesmo que, já na RedeTV!, daria vexame após a final da Copa de 2006. Há algumas destas disponíveis no YouTube, para o interessado perceber que, à época, o propósito era unicamente veicular as novidades do esporte, principalmente o futebol, mas de modo bem mais sereno. 

Com a popularização das TVs a cabo, principalmente no início deste século, a toda-poderosa das telecomunicações no país perdeu consideravelmente seu espaço no nicho "notícias esportivas". Apesar de ter conseguido o monopólio da transmissão das principais competições do ludopédio nacional, talvez, junto com as novelas, a principal atração da emissora, e da influência, fortemente bancada pelas montanhas de dinheiro investidas na Seleção, dentro da CBF, os fãs do esporte, só para parafrasear como é tratado o telespectador por um canal pago, passaram a gozar da "companhia" de jornalistas muito mais capacitados e mais críticos em comparação a seus colegas globais. 

Mesmo a SporTV, também de propriedade da família Marinho, é amplamente superior à Globo. Mas a "cereja do bolo" do jornalismo esportivo tupiniquim é a ESPN. Com feras como Paulo Vinícius Coelho, Mauro Cézar Pereira, Gian Oddi e outros do mesmo escalão, sofre por ser obrigada a apenas comentar os campeonatos disputados em solo brasileiro. Porém, detentora do direito de boa parte das ligas europeias e da Champions League, tem uma transmissão de dar inveja a Galvão Bueno, Caio Ribeiro e ao intragável Leifert, que às vezes entra para dar seus "pitacos" (que, convenhamos, quase sempre têm pouquíssima consonância com o evento). 

O GE, para voltar ao nosso foco, se perdeu basicamente por uma razão: tratar o futebol como apenas uma brincadeira, o que, por exemplo, obriga jogadores como Barcos, então recém-chegado ao Palmeiras, a responderem grosseiramente, e com razão, uma brincadeira do também pouco suportável repórter Léo Bianchi acerca de sua semelhança física com o cantor Zé Ramalho. Até o Fantástico, com seu "pede música com três gols", já foi alvo da franqueza de atletas mais conscientes: após deixar a bola nas redes nesta quantidade na estreia botafoguense no Brasileirão do ano passado, o argentino Herrera também se recusou a utilizar o programa como um "jukebox". 

Ou seja, para que volte a ver sua atração da hora do almoço conquistar pontos do Ibope, é imperativo que mudanças sejam empreendidas. E, por mais que o público brasileiro não seja o mais esperto, e aquele que o é já empreendeu sua transferência às televisões mais seletas do cabo, aqui o futebol é tratado como artigo de primeira necessidade.

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