quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Juvenal, o paradoxal

por Lucas Ribeiro

Pegando gancho no excelente artigo escrito por Luís Augusto Simon, sob o título "As duas faces de Juvenal Juvêncio", decidi escrever minhas considerações sobre o presidente são-paulino. Em junho passado, o São Paulo em crise, na primeira partida que jogava sem o comando de Émerson Leão, demitido após os reveses na Copa do Brasil e contra a Portuguesa, no Brasileirão, enfrentou o Cruzeiro. Dirigido pelo interino Milton Cruz, o time, após surpreendente desempenho, derrotou os mineiros fora de casa por 3 a 2. JJ, extasiado pela vitória, entrou em campo ao final do embate e fez questão de abraçar seus atletas pelo triunfo. 

Pois bem. Tal fato foi à época tema de um texto publicado por mim mesmo aqui neste blog intitulado "Juvenal, o Juvenil". Eis que se passaram quase sete meses. Depois de longo jejum de quatro anos, o Tricolor voltou às glórias com a conquista da Copa Sul-Americana, depois de duro confronto com os argentinos do Tigre, além de algumas outras boas notícias, como a contratação, por R$24 milhões, de Paulo Henrique Ganso junto ao Santos.

Juvenal, por sua vez, é também diretamente responsável pela reviravolta no espírito do clube do Morumbi. Assim, como a esposa do mandatário o define na prosa confeccionada por Simon: "Ele é um homem maravilhoso, um bom companheiro, mas nunca foi romântico". Juvêncio é capaz de ter atitudes de um líder autoritário de terceiro mundo como também possuir virtudes que somente os mais racionais dos republicanos de nações de primeiro possuiriam. 

Da mesma maneira que consegue fazer questão de expor sua imagem nos festejos de uma vitória inesperada, e de portanto também querer ressaltar que sem sua presença de "paizão" a equipe a nenhum lugar chegaria, e de participar de uma pesada briga judicial com a oposição, que o acusa de rasgar o estatuto do clube em benefício próprio, JJ, surpreendentemente, consegue tocar o SP sob uma administração serena e responsável, que consegue trazer estrelas como Luís Fabiano e o próprio ex-camisa 10 santista. Nesta semana, inclusive, o polêmico dirigente paulista aconselhou seus pares cariocas, notadamente os do Fluminense, sobre os riscos de se contratar Kaká, dono de elevadíssimos salários que poderiam comprometer as suas finanças.

Ou seja, Juvêncio só não é perfeito porque, ao contrário da pouca presença de romantismo acusada por sua companheira, com o clube é demasiado passional. Se ele conseguisse canalizar esta apenas para o JJ torcedor, e não para o JJ cartola, quem sabe o São Paulo não tivesse o melhor presidente do mundo?

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