quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Seedorf, o exemplo

por Lucas Ribeiro

Segundo artigo publicado hoje no UOL Esportes, o holandês Seedorf, depois de seis meses no Brasil, mantém seus hábitos europeus. Nada de futevôlei e chopp na praia, muito menos exibicionismos com carrões e em festas cariocas. O botafoguense, por mais espalhafatoso e liberal que seja o comportamento dos atletas que atuam no Brasil, e que ele, por ser quem é, pudesse obter vantagens nessas "escapadelas", continuou seguindo a cartilha europeia.

Depois de terminar o Brasileirão em ótima forma e fase, principalmente para alguém com 36 anos, que, teoricamente, já está no limiar da carreira futebolística, Seedorf calou a boca de muitos críticos que cravaram com certeza indisciplinas e um comportamento mais consonante ao do "homem cordial", que aqui o recebera. O ex-craque milanista é, de fato, um atleta. Se assinou por quanto assinou, é porque se comprometeria até o final do seu contrato. Não à toa é um atleta respeitadíssimo não só na Holanda, mas em todos os clubes pelos quais passou.

Além do mais, preservou outros hábitos que, apesar de parecerem detalhes, são fundamentais. Chega aos treinamentos de modo impecavelmente bem-vestido, de ternos. Por mais que isso esteja na alçada pessoal do atleta, tal atitude demonstra o respeito pelo qual Seedorf sente pelo seu contratante. E, para tecer uma última consideração exclusiva sobre o holandês, fala seis idiomas (seu natal, italiano, espanhol, inglês, francês e português, que aprendeu por ser casado com uma brasileira). 

Vejamos agora, apenas como um exemplo dentro de outros milhares dentro do nosso futebol, Neymar. Apesar de ter visto seu Santos terminar 2012 de maneira irregular e, principalmente, sem uma cobiçada vaga à Libertadores, provou, mais uma vez e com apenas 20 anos de idade, que é um craque. A derrota diante do Barcelona, no Mundial do ano passado, só provou o quão era imaturo não só o camisa 11 mas o time alvinegro ao subir a campo contra um adversário que, apesar de superior, se beneficiou grandemente do nervosismo dos brasileiros. 

Mas, mesmo sendo um excelente jogador com a bola nos pés, não posso deixar de lado a comparação entre ambos os comportamentos, o do santista e de Seedorf. A cada ano, Neymar, da mesma maneira que acumula críticas positivas em relação ao seu futebol, também faz seu histórico em páginas de celebridades aumentar. Casos amorosos com "piriguetes" e afins, férias noticiadas cotidianamente na Disney etc. etc. etc.  

Neymar, assim, soa como uma antítese do holandês, que, perto dos 40 de idade e agora residente no Rio de Janeiro, sonho de 9 entre 10 estrangeiros, sabe manter sua inabalável, por mais que tentem forçar o contrário, discrição. Mas, corroborando com o que disse, tendo pouco mais da metade dos anos de vida do botafoguense, o camisa 11 do Santos melhorou muito. Se de 2010, depois daqueles episódios que culminaram com a demissão de Dorival Júnior, para cá o atacante parece ter se tornado mais humilde, pode ser que, com o passar dos anos, ele se torne mais centrado e, quem sabe, um modelo completo não só de jogador, o que ele já é, mas também de atleta. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário