quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O a. N. e o d. N. no São Paulo e as lições ainda a serem aprendidas

por Lucas Ribeiro

Em julho passado Ney Franco era anunciado como o novo técnico do São Paulo. A notícia, para quem esperava Paulo Autuori, Jorge Sampaoli e até europeus de qualidade duvidosa, caso de Alberto Malesani, caiu como uma bomba. O bem-sucedido treinador da seleção sub-20 (hoje treinada por Alexandre Gallo, que, depois de credenciado por um bom trabalho no Náutico, trabalho este aliado ao forte fator campo dos Aflitos, tenta se firmar como um nome dos mais cobiçados à função no país) parecia pouco para quem assumia a vaga de um gigante à beira de um colapso. 

Contudo, apesar de tropeços iniciais (o empate com o Palmeiras por 1 a 1, depois de estar vencendo e com um jogador a mais, e a derrota para o fraquíssimo Atlético Goianiense, que chegou a fazer 4 a 1 no Tricolor em meia hora de jogo), Ney Franco, aos poucos, deu cara ao clube. Se estes reveses aconteceram, em muito podemos responsabilizar Émerson Leão, que, em quase um ano, nunca foi capaz de dar um padrão definitivo ao time. Ou, indo mais longe, os danosos trabalhos geridos por, primeiro, Paulo César Carpegiani e, segundo, por Adílson Batista,  criadores de, em quase todos os clubes que trabalham, verdadeiros "carrosseis holandeses" às avessas. 

Com Franco, jogadores que gozavam de prestígio junto a seu antecessor mas limitados tecnicamente, como Cícero e Maicon, perderam espaço. Ao perceber que, com Lucas e Osvaldo, o trunfo do time era a velocidade, passou a escalar como titular o camisa 17, um que com Leão não tinha vez. Jogadores como Denílson e Jádson, assim, passaram a brilhar e Luís Fabiano, a fazer mais gols. A prova de fogo do treinador foi a partida de ida das quartas-de-final da Copa Sul-Americana, diante da Universidad de Chile, quando, na casa do forte adversário, deu um nó tático no favorito a assumir seu posto, Sampaoli, e foi o principal artífice de um soberbo 2 a 0. 

A chegada de Paulo Henrique Ganso, além de ter sido um trunfo da diretoria, como já explicado em outro post, também fez o camisa 10 são-paulino crescer de produção, pressionado por uma concorrência de peso. Em 2013, o time já cumpriu sua mínima obrigação: assegurou vaga na fase de grupos da Libertadores, depois de bater o frágil Bolívar. Contudo, se continua elogiado no Morumbi, Ney deve tentar evitar o que aconteceu ontem, no jogo de volta. Atuando em La Paz, cidade conhecida por sua altitude, o São Paulo abriu vantagem de três gols em menos de trinta minutos sobre os seus adversários. O Tricolor, portanto, tranquilizado pela diferença, o que obrigaria os bolivianos a marcarem nove vezes para obter a vaga, relaxou e, no segundo tempo, permitiu a virada. 

Por mais que muitos digam que o jogo tenha, naturalmente, pelo abismo técnico, se tornado um amistoso, um treino de luxo, e pelas dificuldades enfrentadas em embates a elevadas alturas, a equipe não pode ser tão indiferente a uma partida. Principalmente quando ela está no caminho de um, quem sabe, futuro tetracampeonato continental. 

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