terça-feira, 29 de maio de 2012

O (provável) fim de uma lenda

por Lucas Ribeiro

Numa notícia que circulou na internet na última semana, David Whelan, diretor do Wigan, clube da primeira divisão inglesa, e amigo pessoal de Alex Ferguson, anunciou que o técnico que dirige o Manchester United há mais de um quarto de século deve se aposentar ao final da temporada. Para o dirigente, "quanto mais velho se fica, mais difícil é resistir a toda aquela pressão, que, necessariamente, o afeta." Aos 70 anos, por sua vez, o treinador já é uma das maiores lendas vivas da história do futebol mundial. 

O Manchester, depois que o escocês assumiu o seu comando, em 1986, com a demissão de Ron Atkinson, se tornou um dos principais clubes do planeta. Apesar da boa fase do United ter sido acompanhada pelo ressurgimento do esporte na Inglaterra (afinal, quando foi contratado, o clube, acompanhando a determinação da UEFA, depois dos acontecimentos envolvendo hooligans do Liverpool no estádio Heysel, na Bélgica, estava suspenso de competições internacionais, assim como os seus pares ingleses), Ferguson liderou um time recheado de estrelas à vitórias inesquecíveis. 

As revelações e eternos ídolos Ryan Giggs, Paul Scholes e David Beckham, os bons "achados" como Roy Keane, Dwight Yorke e Patrice Evra e os cracaços Eric Cantona, Peter Schmeichel e Cristiano Ronaldo, todos estes, bem trabalhados por sir Alex, devolveram ao clube muito mais que a torcida esperava. Da longínqua Copa dos Campeões de 1968, um bicampeonato, títulos conquistados em 2008 e a anterior e memorável final de 1999, quando, nos acréscimos, a equipe empatou e virou um jogo dado como perdido. Dos parcos sete troféus do Campeonato Inglês, sendo, antes de 1986, o último levantado em 1967, o treinador inauguraria uma verdadeira dinastia vermelha na ilha, com mais 12 nesses 26 temporadas. 

Não podemos nos esquecer que, antes de trabalhar na cidade que liderou a Revolução Industrial, Ferguson já tinha adquirido considerável respeito na Escócia, sendo um dos principais articuladores para que o Aberdeen, time mediano do país, chegasse à obtenção de três títulos escoceses, além das pomposas taças da Copa da UEFA e da Supercopa europeia, na temporada de 1982/83. Como tapa-buraco, com a morte de Jock Stein, outra lenda do futebol britânico, meses antes da Copa do Mundo do México, assumiu a seleção nacional por pouco tempo, em 1986. 

Apesar das críticas que temperaram o início de seu trabalho na Inglaterra, a paciência falou mais alto, e Ferguson pode mostrar sua competência. E que competência! Permanecendo ou se aposentando, sir Alex é a prova viva de que qualidade, ao contrário do que pensam muitos clubes brasileiros no trato com seus treinadores, também se alia a longo prazo. Um longo prazo de 26 anos. E melhor: com umas boas dezenas de conquistas nas galerias!




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